3 de janeiro de 2017

Erosão dos solos

"Erosão é o arrastamento de partículas constituintes do solo, pela ação da água em movimento, resultante da precipitação pluviométrica ou pela ação dos ventos  e das ondas".

Os processos erosivos são condicionados basicamente por alterações do meio ambiente, provocadas pelo uso do solo nas suas várias formas, desde o desmatamento e a agricultura, até obras urbanas e viárias, que, de alguma forma, propiciam a concentração das águas de escoamento superficial.

Existem causas  físicas e causas mecânicas para a erosão. As causas físicas são oriundas das forças da natureza que, pela inexistência de proteção, atuam sobre o solo, prejudicando-o em suas qualidades naturais. Já as causas mecânicas se originam pela ação das máquinas e implementos agrícolas, comprimindo o solo ou mobilizando-o excessivamente.

Segundo OLIVEIRA et al (1987), este fenômeno de erosão vem acarretando, através da degradação dos solos e, por consequência, das águas, um pesado ônus à sociedade, pois além de danos ambientais irreversíveis, produz também prejuízos econômicos e sociais, diminuindo a produtividade agrícola, provocando a redução da produção de energia elétrica e do volume de água para abastecimento urbano devido ao assoreamento de reservatórios, além de uma série de transtornos aos demais setores produtivos da economia.

A erosão hídrica dos solos é a mais preocupante no Brasil, pois  desagrega e transporta o material erodido com grande facilidade, principalmente em regiões de clima úmido, onde os resultados são mais drásticos. A erosão hídrica  é o transporte, por arrastamento, de partículas do solo pela ação das águas. É um dos principais fatores de desagregação dos solos agrícolas, sendo que no sul do Brasil os maiores problemas ocorreram nas décadas de 1970 e 1980 com o avanço da modernização agrícola.

A erosão causada pela água  pode ser laminar,  em sulcos ou em voçorocas, que é a forma mais avançada da erosão, ocasionada por grandes concentrações de enxurrada que passam, ano após ano,  no mesmo sulco, que vai ampliando pelo deslocamento de grandes massas de solo, formando grande cavidades em extensão e profundidade.

Como a erosão é efeito e não causa, para recuperar o solo é fundamental dar a ele condições de se regenerar para voltar a ter, pelo menos em parte,  suas condições naturais.


Imagem: Voçoroca no Rio Grande do sul

Experimento erosão hídrica

Podemos visualizar, em forma de experimento, o efeito da água da chuva na terra, gerando a erosão do solo. É o Programa Solo na Escola - ESALQ - USP.
É interessante trabalhar com os alunos para que eles possam entender o efeito do desmatamento e da retirada da mata ciliar sobre o solo.
Materiais:
3 galões de água de 20 litros
Solo
Grama viva.
Restos vegetais mortos, serrapilheira (folhas secas, ramos, pequenos
galhos).
3 garrafas PET.
Barbante.


Como fazer o experimento:
Corte os 3 galões pelo comprimento e em cada um você vai simular a realidade dos solos . 
No galão nº 1 você vai plantar a grama viva, simulando o solo com uma boa cobertura vegetal, que não sofre danos pela água da chuva.
No galão nº 2  você vai simular um solo com uma cobertura vegetal morta, como se faz no plantio direto, em que o solo também fica protegido da erosão hídrica por essa cobertura vegetal.
No galão n° 3 vai simular o solo nu, em que foi retirada toda a cobertura vegetal e o processo de degradação do solo é muito intenso.

Fonte:
ARAÚJO, Regina Bolico. Monografia Degradação dos solos por erosão hídrica e o meio ambiente. Pós-Graduação em Educação Ambiental e Gestão de Recursos Naturais.
https://solonaescola.blogspot.com/

2 de janeiro de 2017

Degradação dos solos no Rio Grande do Sul

Voçoroca em Fortaleza dos Valos (RS) 

A utilização do solo em grande escala e o avanço da fronteira agrícola no sul do Brasil baseou-se em sistemas trazidos pelos colonizadores europeus. Os alemães começaram a chegar ao estado em 1824. Eles colonizaram a parte inferior da encosta do planalto Norte-Rio-Grandense, sobretudo os vales dos rios Caí, Sinos, Pardo e Taquari. Em 1875 chegaram ao Rio Grande do Sul os primeiros italianos, que colonizaram a parte superior da encosta e a borda do planalto.
O fato de os imigrantes trazerem ao estado técnicas de cultivo adequadas aos solos de clima temperado, que envolvia intenso revolvimento do solo, contribuiu para a degradação dos solos do Rio Grande do Sul. Isso porque o sistema utilizado pelos primeiros agricultores no nosso estado baseava-se na retirada de resíduos vegetais da superfície e na intensa mobilização do solo, com o objetivo de oferecer condições ideais para a germinação das sementes. Esse sistema de cultivo é reconhecido como convencional.

Estas colônias desenvolveram-se rapidamente, à custa da fertilidade natural dos solos de mata, porém, logo entraram em declínio devido ao empobrecimento do solo que, com o esgotamento da matéria orgânico e nutriente, tornaram-se ácidos e improdutivos. Com a exaustão do solo pelos cultivos e aumento populacional, houve o deslocamento dos imigrantes para novas áreas de colonização na zona de matas subtropicais do Planalto Médio, Missões e encostas do rio Uruguai, onde a fertilidade natural dos solos era baixa, dificultando a fixação dos agricultores nesses locais.

A partir do momento em que os solos do Rio Grande do Sul ficaram exaustos, ocorreu o aumento da migração para outros estados, ocorridos nas décadas de 60 e 70, quando houve a ampliação do tamanho das propriedades e aumento da área cultivada por causa da implantação de uma agricultura mecanizada e utilização de fertilizantes.

Fonte: ARAÚJO, Regina Bolico. Degradação dos solos por erosão hídrica e o meio ambiente. Monografia da Pós-graduação em Educação Ambiental e Gestão de Recursos Naturais.

1 de janeiro de 2017

As crianças como mão de obra na Revolução Industrial

Imagem: Coleção Lewis Hine
Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e XIX. O trabalho, que antes era artesanal, passa a fazer uso de máquinas e o trabalhador torna-se assalariado.Nesse contexto, países enriqueceram e tornaram-se nações muito poderosas, enquanto seus trabalhadores viviam na mais completa miséria.  A Inglaterra era a maior potência industrial desse período. 

Trabalho infantil na era vitoriana

Na Inglaterra, durante a era vitoriana, o trabalho infantil foi norma durante os anos 1800. Crianças tinham que trabalhar a partir dos cinco anos de idade para aumentar a pequena renda da família, Não existia na época um serviço de proteção à infância como existe atualmente. Ao longo de várias décadas leis foram sendo criadas, que melhoraram um pouco as condições de trabalho e o tratamento dados às crianças. Isso aconteceu porque pessoas como Lord Shaftesbury e Thomas Agnew tomaram medidas para que as mudanças acontecessem. Mas até que essas leis fossem  aprovadas, o trabalho infantil nos tempos vitorianos era desenfreado. Os proprietários das fábricas viam as crianças como mão de obra barata e eficaz. Elas trabalhavam por uma mera fração do que um adulto ganhava. E as meninas eram ainda mais baratas. Devido ao seu tamanho e energia jovem havia trabalhos que as crianças desempenhavam bem ou mesmo melhor do que os adultos. Às vezes havia mais crianças do que adultos nas fábricas. As crianças não tinham direitos. Os trabalhos mais sujos foram dados à elas. Muitas vezes uma criança tinha que limpar sob as máquinas, mesmo enquanto elas estivessem funcionando. Havia pouca ou nenhuma medida de segurança posta em prática nos tempos vitorianos para a ocorrência de uma lesão ou até mesmo de morte, o que não era incomum. O trabalho infantil vitoriano consistia em horas de trabalho muito longas. A semana de trabalho normal era de segunda a sábado, a partir das 6 da manhã até as 20 horas. As crianças eram espancadas ou multadas caso adormecessem, cometessem  um erro ou se atrasassem o serviço.

Em 1881 Thomas Agnew, um homem de negócios de Liverpool visitou a Sociedade de New York para a Prevenção da Crueldade às Crianças. Ficou tão impressionado com o que viu que voltou para a Inglaterra e criou a Sociedade de Liverpool para a Prevenção da Crueldade às Crianças. A Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade às Crianças (SPCC) foi criada em 1891.

Abaixo depoimentos das crianças durante a fase mais dura da Revolução Industrial.

"Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição."
(Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank Forrest).

"São constantes as informações sobre crianças que trabalham em fábricas e que são cruelmente agredidas pelos supervisores a ponto de seus membros se tornarem distorcidos pelo constante ficar de pé e curvar-se (para apanhar). Por isso eles crescem e se tornam aleijados. Eles são obrigados a trabalhar treze, quatorze ou até quinze horas por dia."
(Trecho do livro “A História da produção de algodão”, de Edward Baines).

As crianças ocupavam todos os tipos de postos de trabalho, incluindo mineração, trabalho nas indústrias têxteis, na agricultura, como limpadores de chaminés e servos.

Elas tiveram uma existência triste.
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine

Fonte:  Old Picz, Victorian Children
Imagens: Fick - Coleção Lewis Hine

A Filosofia e o Mito da Caverna de Platão

Imagem: Reprodução
Imaginemos, escreve Platão, uma caverna separada do mundo exterior por um muro baixo. Entre esse muro e o teto da caverna há uma fresta por onde passa  alguma luz externa, evitando que o interior fique na obscuridade completa. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos estão acorrentados ali sem poder mover a cabeça na direção da entrada nem se locomover até ela, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo, sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Estão quase no escuro e imobilizados.

Do outro lado do muro, mas ainda dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que ali se passam sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna (pensemos na caverna como se fosse uma sala de cinema e o fogo, a luz de um projetor de filmes).

Entre o fogo e o muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Nunca tendo visto o mundo exterior, os prisioneiros julgam que as sombras das coisas transportadas e os sons das falas das pessoas são as próprias coisas externas. Ou julgam, que as sombras são seres vivos que se movem e falam.

Os prisioneiros se comunicam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade), e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são os sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras dos artefatos, e não dos seres humanos que os carregam e se encontram do outro lado do muro.

Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade. Essa confusão, porém, não tem como causa um defeito na natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se eles fossem libertados dessa situação miserável.

Um dos prisioneiros, inconformado com a situação em que se encontra, decide abandonar a caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início,  move a cabeça; depois o corpo todo; a seguir, avança na direção da saída da caverna e escala o muro. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos pela luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.

Incredulidade, porque será obrigado a decidir sobre onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu? Deslumbramento (literalmente 'ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas.

Seu primeiro impulso  é retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Como precisa aprender a ver, e esse aprendizado é doloroso, desejará a caverna, onde tudo lhe é familiar e conhecido.

Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as coisas como elas realmente são, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. A partir desse instante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais retornar a ela. Mas lamenta a sorte dos outros prisioneiros. Por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

O que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Se não conseguirem silenciá-lo com suas caçoadas, tentarão fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teimar em afirmar o que viu e os convidar a sair da caverna, certamente acabarão por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderão ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. O que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. O que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual é o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

Fonte: CHAUI, Marilena. Iniciação à Filosofia: ensino médio, volume único.

MATRIX e o Mito da Caverna: algumas considerações filosófica
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa