1 de novembro de 2020

Rede e hierarquia urbana brasileira

Imagem: joelfotos por Pixabay - São Paulo

O espaço geográfico abrange as redes formadas pelos complexos sistemas de fluxo de pessoas, bens, serviços, capitais e informações que caracterizam a sociedade contemporânea. A rede urbana é um conjunto de núcleos urbanos articulados entre si. Nessa rede, as cidades desempenham a função de nós, ou vértices, e as linhas representam os fluxos. A centralidade de cada uma delas se define pelo acúmulo de funções centrais para a economia e pela presença da infraestrutura necessária para abrigar atividades inovadoras.

Segundo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estabelecida no estudo "Regiões de influência das cidades", fazem parte da rede urbana brasileira: 12 principais centros urbanos, que são as metrópoles, e 70 capitais regionais; além de 169 centros sub-regionais e centros de zona e os centros locais.

O estudo está fundamentado na estruturação das zonas de influência dos principais centros urbanos no território brasileiro, mostrando as redes que eles formam e os diversos aspectos considerados na estruturação dessas redes.

Urbanização brasileira

 De modo geral, o processo de urbanização no Brasil apresenta características próprias do padrão de urbanização dos países em desenvolvimento. Veja algumas delas:

  • foi marcado pela formação de algumas cidades, que concentram parcela significativa das riquezas e também da população, responsável por um processo de metropolização;
  • ocorreu com expressivo crescimento de atividades terciárias, incluindo as do setor formal e do setor informal da economia;
  • se deu em ritmo acelerado, principalmente entre as décadas de 1950 e 1990, e sem planejamento adequado;
  • apresenta padrão periférico de crescimento, com a formação de amplas manchas urbanas e a população de baixa renda sendo empurrada para áreas distantes do centro.
Imagem aérea da Represa Billings, rodeada por construções, no bairro do Grajaú.
A ocupação das margens da represa coloca em evidência um problema social (moradia) e um ambiental (ocupação das áreas de mananciais)

A urbanização brasileira intensificou-se a partir dos anos 1940/1950. Decorreu do êxodo rural e do desenvolvimento industrial, que impulsionou grandes deslocamentos populacionais para as cidades e dinamizou as atividades comerciais e de serviços nesses espaços. No entanto, a urbanização foi mais intensa que a industrialização: não gerou os empregos necessários para receber o grande número de migrantes que deixaram o espaço rural rumo às cidades.

Entre o final dos anos 1960 e o final da década de 2000, mais de 40 milhões de brasileiros deixaram o campo e se dirigiram para as cidades.

O setor terciário da economia foi responsável por grande parte dos empregos gerados nas cidades e pelo expressivo aumento do trabalho informal, responsável pela absorção de parcela significativa da população.

A urbanização brasileira teve um caráter concentrador e excludente, com boa parte da sociedade ficando à parte de seus benefícios, o que se observa principalmente na paisagem das grandes cidades. A velocidade com que se processou a urbanização no país criou dificuldades para o poder público suprir o espaço das cidades, especialmente das maiores, com infraestrutura e serviços sociais necessários ao bem-estar da população. Isso foi agravado em razão das políticas de planejamento urbano estarem voltadas, prioritariamente, para as classes média e alta, resultando em uma estrutura social fragmentada e segregada espacialmente, com a expansão das periferias urbanas, sobretudo, nos grandes centros urbanos.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.


Cidades

 

Imagem: Mercado Público - Porto Alegre - RS (reprodução)

A cidade é um fenômeno antigo e passou por longo período de transformações, porém seu crescimento acelerado e o processo de urbanização são relativamente recentes na história da humanidade.

As cidades resultam de um processo de ocupação e organização de espaço com algumas características comuns. A população urbana, embora represente mais da metade da população total, ocupa uma área equivalente a apenas 3% da superfície do planeta.

Desde os primeiros núcleos urbanos, a concentração de pessoas representou certo grau de permanência, que levaria a uma vida sedentária e romperia com a intensa mobilidade dos povos nômades. Nessas primeiras cidades também surgiram ou se especializaram atividades distintas das realizadas no campo, como o comércio, a administração e aquelas ligadas à defesa dos territórios. A partir da metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços se expandiram muito nas cidades, intensificando ainda mais a concentração da população nesses espaços, além de fortalecer seu papel centralizador. Do ponto de vista geográfico, a densidade é o principal elemento definidor da cidade. Nas cidades, os seres humanos se aglomeram e coexistem, diminuindo as distâncias entre eles. Por isso, as cidades também são o espaço da convivência e da diversidade e atuam como estimuladoras das mais intensas relações sociais não apenas em seu interior, mas também com espaços distantes. Assim, as cidades são também espaços relacionais, já que estão conectadas com outras cidades e com o mundo todo.

Fonte: 
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Urbanização

É um processo caracterizado pelo aumento da população urbana num ritmo mais acelerado que o da população rural. Essa situação é decorrente, sobretudo, da migração campo-cidade.

Entretanto, a urbanização  não se limita apenas a essa referência quantitativa. Ela implica outros fatores, como: concentração populacional, transformações econômicas, reestruturação das redes de comunicação e de transporte que convergem para as cidades e alteram as articulações no espaço geográfico, criação de novos polos administrativos e de poder que passam a ser centralizados no espaço urbano, transformações no modo de vida, que envolvem hábitos de consumo, formas de lazer e diversão, difusão cultural, entre outros.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa