Nas últimas décadas, houve uma mudança no padrão de consumo alimentar do brasileiro, que passou a consumir mais produtos industrializados. Isso permitiu às indústrias expandir sua produção de alimentos processados, como queijos e sucos.
França explica a mudança no padrão alimentar do brasileiro
Os hábitos do brasileiro têm sido redefinidos a partir do surgimento da indústria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos processados, em detrimento de produtos regionais com tradição cultural, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o fast food predomina, tendo como contrapartida, o movimento slow food, que conjuga prazer e regionalidade no hábito alimentar.
Uma das preocupações quanto à ingestão de muitos desses novos produtos é o baixo valor nutricional. eles contêm alto teor de gorduras saturadas e açúcar, causando obesidade, além de outros problemas para a saúde.
O surgimento e/ou agravamento de patologias como desnutrição, dislipidemias, obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis estão intimamente ligadas a tais mudanças na alimentação do indivíduo. Cabe ao profissional nutricionista desenvolver estratégias de educação nutricional, visando desenvolver hábitos alimentares saudáveis e promover melhora na saúde e qualidade de vida da população.
O problema da fome
Fome é a situação de carência, por um período prolongado, de alimentos capazes de fornecer a energia e dos elementos nutritivos necessários para a vida e a saúde do organismo. Segundo a FAO (sigla em inglês da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o mínimo diário para a manutenção de uma pessoa saudável normalmente varia de 2200 a 3000 calorias.
A fome é uma das maiores mazelas da humanidade. É inaceitável que em pleno século XXI esse flagelo atinja milhões de pessoas. De acordo com relatório da FAO, O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018 (SOFI), em nível mundial quase 821 milhões de pessoas - cerca de uma em cada nove - foram vítimas da fome em 2017, um aumento de 17 milhões em relação ao ano anterior. O mesmo relatório aponta que no Brasil 2,5% da população passou fome em 2017, o que corresponde a 5,2 milhões de pessoas.
O desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido nas últimas décadas não foi suficiente para erradicar da humanidade o sofrimento da fome. Apesar do aumento da produção agrícola ocorrido em várias partes do planeta, a fome persiste. Atualmente, o mundo produz uma quantidade muito maior de alimentos do que seria necessário para a alimentação saudável de toda a população planetária. No entanto, há uma grande concentração dessa produção, e as populações mais pobres continuam sem acesso a alimentos.
Conforme Silva (2016) a fome tem motivos:
Existem alguns motivos conhecidos que levam ao estado de fome crônica, tais como: fatores naturais, guerras civis, inabilidade governamental, técnicas rudimentares de produção. Já nos anos 1940, o geógrafo brasileiro Josué de Castro apontava o dilema da fome em seu clássico livro Geografia da fome. Segundo ele: "A fome é uma realidade demasiado gritante e extensa para ser tapada com uma peneira aos olhos do mundo" ( CASTRO, 1946, p.15).
Imagem: Reprodução
Fonte:
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
FOME aumenta no mundo e na América Latina e no Caribe pelo terceiro ano consecutivo. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Disponível em: http://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/1152189/FOME no Brasil. Observatório do Terceiro Setor. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/media-center/radio-usp/fome-no-brasil/
FRANÇA, F.C.O et al. Mudança dos hábitos alimentares provocados pela industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro. Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia. Disponível em: http://www2.uefs.br:8081/cer/wp-content/uploads/FRANCA_Fabiana.pdf
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