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19 de junho de 2021

A área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

 


No Ensino Médio, à Geografia e à História são somados conteúdos de Filosofia e Sociologia na construção da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e suas respectivas competências e habilidades específicas. A BNCC definiu para a área as seguintes categorias centrais: Tempo e Espaço; Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; e Política e Trabalho.

A centralidade dessas categorias favorece a interdisciplinaridade e retira o foco do ensino dos conteúdos programáticos que perfazem cada campo do conhecimento. Entretanto, isso não anula as disciplinas; são elas, afinal, que aportam para o currículo escolar seus conceitos e procedimentos de pesquisa específicos por meio dos quais as áreas se articulam.

Filosofia

Trabalha-se a perspectiva  da reflexão sobre o pensar e o fazer, além de problematizar e identificar consistências e inconsistências em discursos e práticas; refletir permanentemente sobre conceitos, como ética, estética, política e cidadania, que ampararam as ações dos seres humanos, individualmente, e nos diferentes grupos sociais.  

Geografia

Trabalha-se a análise da sociedade e de sua relação com a natureza por meio da produção e organização do espaço, além de estabelecer relações espaço-temporais na constituição dos sistemas de objetos e de ações, tomados em conjunto com as escalas geográficas (local, nacional, regional e global), que formam o espaço geográfico, e estimular o raciocínio geográfico na análise das questões socioespaciais.

História

Trabalha-se a abordagem  das diversas temporalidades e a reflexão sobre permanências, rupturas e mudanças que caracterizam  os processos históricos que compreendem as articulações entre o singular e o geral, as ações dos indivíduos e da sociedade em suas pluralidades. Também trabalha-se a questão da apreensão do tempo no conjunto das vivências humanas.

Sociologia

Trabalha a relação dialética entre indivíduo e sociedade e os mecanismos para a manutenção ou mudança da ordem social, além de interpretar a realidade social contextualizada no tempo e no espaço por meio do trabalho, da cultura, das instituições e demais instâncias sociais.

Fonte: VICENTINO, Cláudio; CAMPOS, Eduardo; SENE, Eustáquio de. Diálogos em ciências humanas: compreender o mundo. São Paulo: Ática, 2020.

8 de dezembro de 2020

Conflitos no campo

No Brasil, os movimentos de acesso à terra existem desde a promulgação da Lei de Terras, em 1850. Antes disso, a forma mais utilizada para o acesso à terra era a posse. O fim da escravidão e a lei que determinava que a posse só seria dada a quem pagasse pelo terreno levaram a inúmeros conflitos envolvendo os grandes proprietários, o governo, os ex-escravisados e os posseiros destituídos de suas terras. Exemplos de resistência e luta camponesa estão presentes em movimentos como a Guerra de Canudos (1893), no interior da Bahia, e a Guerra do Contestado (1912), região localizada entre o Paraná e Santa Catarina, nas quais milhares de camponeses se agruparam para defender suas terras e organizar resistências.
Imagem: Reprodução

Por volta de 1945, começaram a se organizar as Ligas Camponesas, que lutavam por uma reforma agrária ampla. A estratégia utilizada foi a ocupação de terras. Esse movimento durou décadas, até ser duramente combatido pelo regime militar, o que levou a extinção de todas as Ligas espalhadas por 13 estados brasileiros.

Imagem: Reprodução

A redemocratização e as discussões da nova Constituição, na década de 1980, possibilitaram a reorganização dos movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra. O principal movimento de luta pela reforma agrária no Brasil é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma vertente progressista da Igreja católica, a ¹Teologia da Libertação, e alguns partidos políticos foram os principais apoiadores do MST.

Conflitos com ²oligarquias e latifundiários, que detêm o controle das terras e do poder político, resultaram em grande número de mortes. As principais áreas de conflitos estão em fronteiras agrícolas, principalmente em Mato Grosso e Tocantins.

Atualmente, a luta dos movimentos sociais no campo é pela aceleração do processo de reforma agrária e pela ampliação dos benefícios aos assentados, como assistência técnica. Além da luta pela posse da terra, esses movimentos criam propostas de educação e de participação social para os moradores do campo e para os ³assentados.

1. Teologia da libertação: corrente teológica que defende uma sociedade mais igualitária, participativa e justa, na qual a fé cristã deve voltar-se para a libertação e o fim da opressão e da exclusão social.
2. Oligarquias: grupo formado por poucas pessoas que exerce domínio econômico, social, cultural e político em uma área.
3. Assentamento: área rural concedida pelo governo a agricultores sem terra.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.
SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

28 de novembro de 2020

Maquiavel

 

Imagem: Reprodução

Nicolau Maquiavel (1469-1527), historiador e diplomata florentino, foi um dos fundadores do pensamento político moderno. O Estado, para ele, tem como principal finalidade manter a prosperidade e a grandeza, e essa finalidade está além do bem e do mal. Como expressa em seu livro O príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532), "os fins justificam os meios". Para esse autor, não havia um juízo moral nessa orientação de conduta. A ideia central é que existem "razões de Estado" que se justificam por si mesmas.

Segundo Maquiavel, o príncipe deve promover a unidade política em seu reino para evitar que ele se fragmente ou perca força na competição com outros Estados. Para tanto, é melhor que o príncipe seja "temido" do que "amado" por seus súditos". Por essas e outras razões, seu pensamento acabou sendo mal compreendido.

Maquiavel pode ser lido como um ideólogo da formação do Estado republicano, e não necessariamente do Estado absolutista. Em seu livro Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, ele define república como o Estado em que o príncipe, os aristocratas e o povo governam em conjunto, conduzindo os negócios públicos de modo equilibrado para que possam resistir à passagem do tempo. Ao defender esse tipo de governo, o pensador italiano afirma que a representação das três bases sociais (príncipe, aristocratas e povo) confere ao Estado maior estabilidade, pois a competição entre elas promove a busca pela boa legislação.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Desigualdades sociais

 As desigualdades são fabricadas pelas relações sociais, econômicas, culturais e políticas. Geralmente, as classes ou camadas superiores das sociedades são as mesmas em termos de manutenção de privilégios sociais e econômicos, reproduzindo sua dominação através da cultura e da disseminação  de certa visão de mundo.

As desigualdades sociais são definidas a partir das condições sociais e econômicas de determinados grupos. Isto é, há grupos que possuem mais riquezas do que outros e maior acesso a determinados serviços gerando uma sociedade desigual, na qual poucos possuem  muitas riquezas e bens materiais e muitos possuem pouca ou nenhuma riqueza material.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

Política

A política surgiu na Grécia Antiga, com  destaque para o  filósofo Aristóteles, que dizia que a política tinha como fim a felicidade dos homens.

O termo política se refere a tudo que está vinculado ao Estado, ao governo e à administração pública com o objetivo de administrar o patrimônio público e promover o bem de todos.

Conforme Martinez (2013)
Por política se entende uma porção, um recorte amplo de atividades humanas. Ou seja, a política é o exercício de atividades essenciais à realização do ser humano. Neste raciocínio, a política é a efetivação da condição humana. Política é a arte do convencimento para que se exerça o poder de comando e assim se aprimore a condição humana; a possibilidade de se conviver em sociedade, sobretudo quando há conflito de interesses.
Fonte:
https://jus.com.br/artigos/26268/estado-moderno
https://brasilescola.uol.com.br/politica

27 de novembro de 2020

Soberania

A partir  da dissolução do feudalismo e do surgimento do Estado Moderno, a soberania passa a ser compreendida como a vontade do povo e a supremacia do poder da figura do Estado, legitimado nos dias atuais através da Constituição.

A soberania de um país diz respeito à sua autonomia, ao poder político e de decisão dentro de seu respectivo território nacional, principalmente no tocante à defesa dos interesses nacionais. Cabe ao Estado nacional o direito de sua autodeterminação em nome de uma nação, de um povo

De acordo com Silva et al (2016, p. 149)
[...] a soberania refere-se à prerrogativa de que o Estado deve estabelecer normas e condutas que pautarão a vida coletiva, em nível interno, bem como o comportamento externo do Estado. Essa prerrogativa não pode estar submetida aos interesses particulares de grupos sociais intermediários domésticos, como a família e a Igreja, nem às necessidades de outros Estados nacionais.
Fonte:
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://www.politize.com.br/soberania/
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/soberania-nacional-ordem-mundial.htm

26 de novembro de 2020

Sistema eleitoral

 A existência de partidos políticos requer o estabelecimento de regras pelas quais os representantes são escolhidos. Esse conjunto de regras é o sistema eleitoral. Nesse sistema, a legislação eleitoral é o conjunto de regras que disciplina as eleições e estabelece normas, datas e horários para a sua realização. Em geral, tais regras são diferentes para a disputa de cargos do Executivo (presidente, governador e prefeito) e do Legislativo (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores).

No Brasil, atualmente, os cargos do Executivo e do Senado Federal são preenchidos mediante ¹eleições majoritárias. Já os cargos do Legislativo, com exceção do Senado, são preenchidas por ²eleições proporcionais. O Congresso Nacional brasileiro é bicameral, sendo formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

O sistema eleitoral também regula o método pelo qual são escolhidos os candidatos que concorrerão à eleição. Pelo regime de lista fechada, o partido seleciona e enumera a relação dos candidatos à eleição. Cabe ao eleitor votar na lista, e não no candidato individual. Isso permite aos dirigentes partidários um controle maior sobre os políticos e sobre o eleitorado. Pelo regime de lista aberta, o partido seleciona seus candidatos, mas eles disputam livremente o voto individual do eleitor. Esse sistema confere maior independência ao candidato e à escolha do eleitor, mas limita o controle do partido sobre o comportamento do político.

1. Eleição majoritária: quando elege-se o candidato mais votado.
2. Eleição proporcional: o voto vai para o partido ou frente partidária e, mediante aplicação do coeficiente eleitoral (divisão do número de votos válidos pelo número de vagas), transforma-se em cadeiras legislativas.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Partidos políticos

 Os partidos políticos são organizações alicerçadas em uniões voluntárias orientadas para influenciar ou conquistar o poder do Estado. Sociologicamente, são estruturas fundadas na ideologia da representação política. Juridicamente, são organizações de direito privado que congregam cidadãos com afinidades ideológicas. De fato, são forças políticas que contestam (oposição) ou sustentam (situação) os governos e que estão em permanente tensão na luta pelo poder institucionalizado.

O sistema partidário influi na conformação do poder, de modo que interfere na formação do governo e age sobre o regime da separação dos poderes. Tipos de sistemas partidários:

  • monopartidário: o poder está concentrado no comitê dirigente do partido ou em seu secretário-geral. Exemplo: Partido Comunista Chinês;
  • bipartidário: quando atuam apenas dois partidos. O bipartidarismo pode ser real, quando existem apenas dois partidos que hegemonizam as disputas eleitorais, como nos Estados Unidos e na Inglaterra, ou formal, quando há interdição legal de existência de outras agremiações, como aconteceu no Brasil entre 1965 e 1979, com a formação da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB);
  • multipartidário: quando vários partidos disputam as esferas governamentais, como no Brasil atual.
Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

25 de novembro de 2020

Sistemas de governo

 O sistema de governo depende do relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo. O modo como esses poderes interagem no exercício de suas funções constitucionais caracteriza os dois sistemas de governo que predominam no mundo ocidental: o presidencialismo e o parlamentarismo.

No sistema presidencialista, o presidente costuma ser eleito, direta ou indiretamente para um mandato determinado, durante o qual exercerá a função executiva. Ele acumula a chefia do Estado e do governo. Todo o Poder Executivo se concentra no presidente, que tem como prerrogativa escolher seus ministros, que são gestores das diferentes políticas públicas. E existe independência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, pois a constituição deles é separada já na origem, isto é, a eleição dos representantes de cada um deles é independente. Esse fato confere ao chefe do Executivo uma posição de autonomia política perante os demais poderes.

Ao contrário do presidencialismo, no sistema parlamentarista há uma forte interação entre o Executivo e o Legislativo, fundada na distinção entre Chefe de Estado ( monarca ou presidente) e chefe de governo (chanceler ou primeiro-ministro). No parlamentarismo, quem governa é o Parlamento, por meio do gabinete formado pelo primeiro-ministro (geralmente oriundo do partido majoritário) e demais ministros. O primeiro-ministro é eleito para exercer a função de chefe de governo e depende da maioria parlamentar para governar. A relação entre Executivo e Legislativo é marcada pelo princípio da responsabilidade ministerial e pelo direito de dissolução. O princípio da responsabilidade ministerial refere-se à demissão do governo em caso de retirada de confiança (voto de desconfiança) por parte do Parlamento, que pode ser ¹unicameral ou ²bicameral. O direito de dissolução - dissolver o Parlamento e convocar novas eleições - representa a contrapartida da responsabilidade ministerial, ou seja, o meio que possibilita a ação do governo sobre o Parlamento, evitando assim que este seja manipulado por partidos políticos majoritários.

As formas (monarquia e república) e sistemas de governo (presidencialismo e parlamentarismo) podem ser combinados: monarquia parlamentar (Reino Unido, Suécia, Países Baixos), república presidencialista (Brasil, Argentina, Estados Unidos) e república parlamentar (Alemanha, Portugal).

1.Unicameral: o Parlamento ou o Congresso é formado apenas por um órgão legislativo. É o caso da Grécia e de Portugal.
2.Bicameral: ocorre a divisão do Legislativo, como no Brasil (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e nos Estados Unidos (Câmara dos Representantes e Senado).

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.



Forma de governo

 A autoridade que administra o Estado é o governo. A forma de governo é o meio pelo qual é instituída a relação entre governantes e governados (estruturas e relações de poder).

A monarquia e a república são as formas básicas de governo. A categorização feita por Aristóteles na obra Política, escrita por volta do século IV a.C., compreendia três formas de governo: monarquia (governo de um só), aristocracia (governo dos melhores) e democracia (governo de muitos). Essa categorização subsistiu até a sistematização feita por Maquiavel, para quem o Estado era principado (monarquia) ou república.

Originalmente, a monarquia significava o governo de um só, podendo ser definida como o Estado dirigido segundo a vontade de um indivíduo, o rei. Com diversas particularidades, esse sistema foi predominante na Europa até metade do século XVIII. Nas Monarquias, o cargo de chefe de Estado é hereditário e vitalício. Hoje, as monarquias são em sua maioria limitadas e constitucionais: o poder do soberano é restrito, e o monarca tem de aceitar o papel e a ação de outros órgãos, como o Parlamento.

A forma republicana de governo é oposta à monárquica. A república é uma conquista idealmente democrática que se concretizou com a Revolução Francesa e se destaca pela rejeição aos governos aristocráticos ou oligárquicos. Nas repúblicas, o chefe de Estado geralmente é eleito por períodos determinados. Assim, há alternância de poder e igualdade formal entre todos os cidadãos. Entretanto, é importante lembrar que há muitas repúblicas não democráticas, marcadas por regimes ditatoriais.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

24 de novembro de 2020

Poder político

Poder oficial que controla o Estado, o poder político se refere à possibilidade de uso da força como último recurso para imposição da vontade sobre determinada coletividade. Não se baseia somente na coação física, mas na produção de consenso acerca dos instrumentos que devem ser utilizados para impor essa vontade.  De acordo com o filósofo italiano Norberto Bobbio, o monopólio legítimo desses instrumentos constitui o poder político, ou seja, o consenso social de que aquele que detém o poder político pode fazer valer sua vontade sua vontade sobre a coletividade em determinadas condições sociais e históricas preestabelecidas.

O poder político é legítimo, desde que vise alcançar os fins de uma comunidade política. 

Fonte:
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/poder.htm

Poder ideológico

 O poder ideológico consiste na capacidade de influenciar  a formação de ideias e práticas sociais para construir padrões de comportamento que reproduzam determinado modo de perceber o mundo. Nas sociedades contemporâneas, esse poder é mais facilmente percebido nos meios de comunicação de massa e nas diferentes formas de educação, assim como nos discursos científico e religioso. Como elementos centrais no processo de construção das identidades sociais, eles influenciam o modo como indivíduos e grupos interpretam os fatos e agem em seu cotidiano. O controle sobre esses elementos permite o exercício do poder ideológico.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Poder econômico

O poder econômico consiste na utilização de bens materiais como forma de exercer influência sobre a conduta de indivíduos, instituições e sociedades. Nas últimas décadas, a primazia desse poder coube ao capital financeiro. Desse modo, os banqueiros exercem grande influência nas decisões econômicas das sociedades, direcionando as ações de indivíduos, grupos e governantes nos mais diferentes níveis. Podemos destacar que o debate atual sobre o Estado aponta para o predomínio do poder econômico sobre as decisões do Estado. Esse predomínio leva à perda de soberania fundamentada nos interesses coletivos da maioria da população, que fica submetida aos interesses privados das grandes corporações econômicas (financeiras e industriais).

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Poder

 De acordo com o sociólogo Max Weber, o poder refere-se à imposição da própria vontade numa relação social, mesmo quando há resistência alheia. Nesse sentido, todas as relações sociais que estabelecemos com indivíduos, instituições e coletividades são também relações de poder, que podem se apresentar de maneira explicita ou não.

As relações familiares são relações carregadas de poder. Os membros de um núcleo familiar exercem poder uns sobre os outros em diferentes níveis. Os filhos, em várias situações, agem com base nas orientações e vontades dos pais. Por exemplo, quando é permitido que o adolescente vá a uma festa, mas é determinado um horário para o retorno. O filho obedece a vontade dos pais, mesmo que tenha vontade de ficar mais tempo na festa.

O inverso também acontece. Em muitos casos , a conduta dos pais é influenciada direta ou indiretamente pela vontade dos filhos. Quando uma criança pede um presente aos pais e eles atendem o pedido, há um exercício de poder explícito sobre eles. Porém, quando os pais decidem comprar um presente para agradar a criança porque ela vai ficar feliz com isso, esse poder é exercido de forma indireta.

No caso da análise das relações familiares, temos um exercício de poder que é reconhecido legalmente. Há situações em que esse reconhecimento é apenas social, mas isso não diminui sua efetividade. Por exemplo, muitas vezes assistimos a um filme ou a uma peça de teatro não por gostarmos, mas por influência de um amigo ou uma amiga. Ainda que não sejamos obrigados a fazer isso, essa atitude constitui uma forma de agir para obter reconhecimento social e desenvolver sentimento de pertencimento a um grupo.

Perceptível nas relações privadas, o poder apresenta contornos ainda mais claros na esfera pública. As relações de classe, o controle social, o exercício da autoridade, as leis e normas sociais, o poder dos governantes sobre os governados e a indústria cultural são exemplos do exercício de poder na sociedade. Essas formas de poder se caracterizam pela capacidade de influenciar, simultaneamente, a conduta coletiva  de uma grande quantidade de pessoas.

Quando um empresário estabelece normas de conduta para os trabalhadores de sua empresa, ele exerce poder sobre eles na medida em que define o poder de agir desses indivíduos no espaço da empresa e no exercício de suas atividades profissionais. A legitimidade para o exercício desse poder são as relações de produção da sociedade capitalista, que permitem ao patrão determinar a conduta dos empregados desde que não infrinja as normas previstas na legislação.

São numerosas as formas de exercício de poder. Os três predominantes são: o poder econômico, o ideológico e o político. O primeiro se baseia na posse de bens materiais, como os meios de produção ( o poder do patrão sobre os empregados). O segundo se serve de ideias ou de informações para influenciar comportamentos (o poder dos meios de comunicação sobre as pessoas). O último se vale de instrumentos e de técnicas para influenciar a conduta alheia (o poder de convencimento de partidos e candidatos sobre os eleitores durante um pleito político), por exemplo.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

22 de novembro de 2020

Estratificação social

Imagem: Reprodução

O termo estratificação diz respeito ao modo como cada sociedade está dividida. No caso, trata-se de camadas sociais que se sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia. Conforme a posição que o indivíduo ocupa nessa hierarquia, ele terá mais ou menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a posição na qual se encontram os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter. Sendo assim, a desigualdade social também é fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração de alguns grupos por outros. 

A estratificação social e as desigualdades que ela produz não são naturais. Pelo contrário, elas são geradas por fatores históricos e sociais, que emergem de uma diversidade de situações e influenciam de maneira direta ações e relações estabelecidas na vida em sociedade. Há inúmeros modelos de estratificação no mundo que colocam o indivíduo em determinada "posição" em uma sociedade, porém vamos fazer um breve estudo sobre três: as castas, os estamentos e as classes.

  • As castas: esse sistema regulou a vida de centenas de milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter existido em outros locais do mundo (como no Japão), esse sistema consolidou-se poderosamente naquele país. As castas  são comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais hereditárias, como ocupação profissional ou o poder político e econômico. O mecanismo de controle social é através da tradição religiosa, pelo hinduísmo. Esse controle se pauta pelo comportamento do indivíduo em uma vida anterior; se sua conduta for considerada boa, será recompensado nascendo em uma casta mais elevada na próxima vida; se não for bom,  será punido nascendo em uma casta mais baixa. O sistema de castas foi abolido juridicamente na Índia em 1950, mas continua a ser um referencial cultural e político para a sociedade indiana, o que reforça as desigualdades no país.
  • Os estamentos: durante cerca de dez séculos (aproximadamente do século V até o século XV) a Europa viveu um período chamado Idade Média. Organizado em torno da vida rural, essa época caracterizou-se pela intensa influência da Igreja católica romana, que ditava as normas de conduta e de convivência para as populações europeias. A divisão da sociedade apoiava-se na posse de terras e na ordem de "importância" perante Deus. Assim, a sociedade era composta de quatro partes: clero, nobreza, comerciantes e camponeses. Cada uma dessas partes era chamada de estamento e cada um deles era caracterizado por um conjunto de direitos e deveres considerados naturais, determinados por Deus e sustentados legalmente.
  • As classes: podem ser entendidas como agrupamento de pessoas que surgem em razão das desigualdades sociais, mas que têm como base a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se pode falar em classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX. Uma das características do sistema de classes é a possibilidade  de mobilidade social, que pode ser vertical e horizontal. No primeiro caso, altera-se a classe social, o que pode acontecer de modo ascendente (de uma classe baixa para uma superior) ou de modo descendente (de uma classe alta para uma inferior). Já a mobilidade horizontal opera-se dentro de uma mesma classe, como a provocada por fatores geracionais ou profissionais. Exemplo: o caso de um trabalhador que migra do interior para a capital. A sua posição se altera mas o nível de renda não sofre grandes alterações, por isso permanece na mesma classe social.
Imagem: Reprodução

Fonte:
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha daSociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
SILVA, Afrânio et al.Sociologia em movimento.São Paulo: Moderna, 2016.
https://www.unibh.br/blog/entenda-a-importancia-da-educacao-na-mobilidade-social/

21 de novembro de 2020

Segregação

A segregação é o estabelecimento de uma fronteira social ou espacial que aumenta as desvantagens de grupos discriminados. É imposta por leis e caracteriza-se como ação política que busca manter a distância indivíduos e grupos considerados inferiores ou indesejáveis. Portanto, é um ato de violência de alguns grupos sobre outros. A segregação é colocada em prática de maneira consciente e institucional, com base em falsas ideias como a superioridade de uma etnia, gênero, classe social ou nacionalidade sobre outras. O exemplo contemporâneo mais significativo de segregação foi o regime do apartheid, que vigorou na África do Sul durante boa parte do século XX.

O apartheid foi a política oficial de segregação racial da África do Sul. Para seus formuladores, tratava-se de desenvolvimento separado dos colonizadores europeus e da população negra nativa. Apesar de já contar com uma legislação segregacionista que criava áreas restritas para negros e brancos e proibia relações afetivas inter-raciais desde o começo do século XX, somente a partir de 1948, com a vitória do Partido Nacional Africâner (formado por descendentes dos colonizadores holandeses que desenvolveram na África do Sul uma cultura específica, com idioma e hábitos próprios), houve a institucionalização do apartheid como projeto nacional.

Mensagem da placa:”Para uso por pessoas brancas. 
Estas instalações públicas e suas facilidades foram reservadas para o uso exclusivo de pessoas brancas” 
Imagem: Domínio Público

"Na vida cotidiana, havia placas para reservar ônibus, restaurantes, bilheterias e até praias para a população branca. Os casamentos mistos e sexo inter-racial eram proibidos. Os negros tinham acesso à educação e à saúde de menor qualidade. Quase todo o território (87%) era reservado aos brancos. Cerca de 3,5 milhões de pessoas foram expulsas à força e os negros foram relegados aos 'townships', cidades-dormitório e 'bantoustans', reservas étnicas. Até 1986, os negros tinham que viajar com uma carteira de identidade que indicava onde podiam ir, arriscando de outra forma à prisão ou multas."

O regime segregacionista sul-africano terminou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, o principal líder da resistência ao apartheid na África do Sul. Mandela esteve preso de agosto de 1962 a fevereiro de 1990 e, ao ser libertado aos 72 anos - em virtude das pressões políticas e sociais exercidas sobre o regime sul-africano por países de todo o mundo -, continuou a luta contra a segregação sofrida pelos negros em seu país. Foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999 e comandou a transição do regime do apartheid para uma África do Sul democrática e multirracial.

Na atualidade, apesar do fim do regime de segregação, a crise econômica e a desigualdade social fazem com que a maior parte da população (da qual os negros são maioria absoluta) ainda vive em condições de pobreza e miséria. Dados do relatório da ONU O estado das cidades do mundo 2010 colocam as cidades sul-africanas Johanesburgo, Ekurhulen e Buffalo city como algumas das cidades mais desiguais do mundo.

Imagem: Nelson Mandela (Reprodução)

Imagem : Reprodução
Fonte: 
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://radiokuiabue.com/noticia/71077/ha-25-anos-o-apartheid-chegava-ao-fim-na-africa-do-sul
https://www.politize.com.br/nelson-mandela-e-a-luta-contra-o-apartheid/

Estereótipo

Imagem: Reprodução

Caracterização de um indivíduo ou de um grupo social feita com base em generalizações e ideias superficiais que rotulam comportamentos e características. Trata-se de uma imagem simplista, que não corresponde à realidade; entretanto, sua influência sociocultural interfere fortemente no modo pelo qual as identidades sociais são definidas.

Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento profundo, sobre algo ou alguém. É pressuposto ou rótulo social. É usado principalmente para definir e limitar pessoas quanto a aparência (cor da pele, tipo de vestimentas, uso de acessórios, etc.), naturalidade (região ou país de origem) e comportamento (religião, cultura, crença, nível de educação, etc.). Eles interferem, grande parte das vezes inconscientemente, nas relações sociais e podem se expressar, assim como o preconceito, através da ironia, piada, antipatia, humilhação, insultos verbais ou gestuais ou até mesmo reações violentas.

Os meios de comunicação e informação,  têm o grande papel de reforçar (ou desconstruir) os estereótipos. Um exemplo comum é o estereótipo de beleza, que estabelece qualidades físicas consideradas bonitas e atraentes e aqueles que estão fora do padrão estabelecido são considerados feios e desagradáveis. Outros estereótipos: homens não choram, mulheres são mais sentimentais e homens racionais, homens são melhores em matemática, mulheres não são boas no volante...

Muitos estrangeiros têm uma visão estereotipada de que os brasileiros são festeiros, adoram samba e futebol. Realmente existem milhões de pessoas em nosso país que adoram festas, samba e futebol e não há nada de errado com isso. Entretanto, o fato de termos nascido e vivermos no Brasil não determina que os mais de 200 milhões de habitantes tenham os mesmos gostos pessoais.

Foi com o desenvolvimento das sociedades que os estereótipos surgiram e padronizaram diversos aspectos relacionados ao ser humano e suas ações.
Imagem: Visão estereotipada em relação aos países (Reprodução)

Fonte:
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estereótipo
https://www.todamateria.com.br/estereotipo/
https://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/
https://www.jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-estereotipo-por-que-devemos-evita-los/
https://ainavall.wordpress.com/2017/01/04/sintesis-sobre-los-estereotipos-de-la-sociedad-actual/
http://cyrillocoach.com.br/blog/mulheres-e-carreira-superando-estereotipos/

20 de novembro de 2020

Identidade social

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Produto direto da interação entre o indivíduo e a coletividade, a identidade social é o modo pelo qual os indivíduos se percebem no mundo e definem sua maneira de interferir nele. Se decodificamos o mundo mediante a cultura, é pela identidade social que o classificamos, nos damos conta de sua diversidade e nos posicionamos nas questões do dia a dia. As mudanças ocorridas no mundo nas últimas décadas do século XX modificaram a posição de relativa estabilidade no modo como essa identidade era construída, assim como intensificaram o debate acerca do tema nas Ciências sociais, especialmente na Sociologia.

O processo de construção da identidade social espelha a maneira como se efetiva a relação entre o indivíduo e a coletividade em determinada estrutura social. Para o sociólogo francês Robert Castel, a extensão do assalariamento no século XX possibilitou a construção de uma identidade social de trabalhador assalariado. Nesse contexto, a mediação entre o indivíduo e a sociedade se dá na esfera do trabalho. É pela inserção profissional que ele se constrói como sujeito e estabelece sua relação com a coletividade.

A partir das últimas décadas do século XX, a estrutura social das sociedades capitalistas vem sendo moldada para absorver um novo modelo de indivíduo, que se realiza como cidadão por meio do consumo. Nesse sentido, há um duplo movimento: redução da representatividade e dos direitos sociais e políticos dos indivíduos, que fica evidente principalmente na esfera do trabalho, e a extensão dos direitos ligados ao consumo, com a ampliação da proteção do indivíduo como consumidor.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman critica as novas configurações sociais que determinam os modos de construção da identidade social. O modo fragmentado e volátil como as identidades vêm se desenvolvendo não pode ser visto de forma positiva, pois as condições sólidas de reprodução da vida individual estão sendo substituídas por relações sociais e econômicas que não permitem identidades coletivas perenes, levando os indivíduos à busca de uma referência que nunca poderá ser dada pelo consumo.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Etnocentrismo

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A rejeição às práticas culturais (e aos grupos ou indivíduos que as praticam) diferentes das culturas dominantes tem sido uma constante em quase todo o mundo. Nas Ciências Sociais, essa forma de pensar e agir é denominada de etnocentrismo.

O termo "etno" deriva do grego "ethnos" e se refere à etnia, raça, povo, clã. Assim, "etnocentrismo" significa considerar a sua etnia como o centro ou o eixo de tudo, a base que serve de referência ou o ponto de vista de onde se deve olhar e avaliar o mundo ao redor. 

Etnocentrismo é, por definição, a visão de mundo característica de quem considera sua cultura e seu grupo étnico mais importantes que os demais. Essa visão produz uma avaliação arbitrária do outro. Com base em critérios de sua própria cultura, o etnocentrismo julga como atrasados ou sem sentido as práticas e valores culturais de outros povos ou grupos sociais.

 Isso significa dizer que as visões de um determinado grupo - política, econômica e socialmente dominante em uma determinada sociedade - são consideradas como o centro e referência de tudo. Tudo é pensado e sentido através dos valores, modelos e definições segundo o grupo dominante, que seria a própria "representação" da existência humana.

Ao longo da história, os contatos entre povos com diferentes práticas culturais despertaram estranheza, desconfiança e até mesmo rejeição. em muitos casos, as consequências foram devastadoras para as sociedades e culturas militarmente mais frágeis, que não raro tiveram seus valores culturais relegados a uma posição subalterna, quando não extintos. Essa prática persiste até hoje. Atitudes preconceituosas e discriminatórias (machismo, homofobia, xenofobia) derivadas de uma visão etnocêntrica continuam a ocorrer, apesar de serem combatidas por grupos organizados da sociedade civil.


Fonte:
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

19 de novembro de 2020

Racismo no Brasil

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O racismo  no Brasil é acompanhado de uma série de ideias sem a menor base de apoio aos fatos históricos, às pesquisas científicas e à ética humana.

Em relação à ciência, a pesquisa do Projeto Genoma Humano afirma não haver, biologicamente, diferenças raciais entre os humanos. Foi constatado que a diferença genética de uma pessoa para outra é de pouco mais de 0,001%. Ou seja, somos 99,99% idênticos do ponto de vista biológico. Então não se justifica o argumento de que existem seres humanos inferiores ou superiores por causa da cor da pele, do formato do nariz, do tipo de cabelo ou do tipo físico.

Em termos éticos, não cabe considerar a cor da pele como uma diferença na capacidade intelectual das pessoas. Se todos forem tratados de maneira igual em seus direitos, não haverá como dizer que brancos, negros, amarelos ou indígenas sejam incapazes de realizar diversas tarefas e raciocínios lógicos.

É do ponto de vista sociológico e histórico que existem diferenças entre negros, brancos e indígenas, que são tratados de forma desigual e opressiva por aqueles que se consideram superiores. Vamos ver alguns exemplos na História do Brasil no que diz respeito à história dos negros brasileiros.

Desde pequenos aprendemos algumas coisas, tais como: "o negro foi escravo", "na África só tem pobreza e miséria", "a princesa Isabel libertou os escravos", "dia 13 de maio é dia dos escravos", e por aí vai...

Nós crescemos com essas ideias, muitas delas aprendidas na escola, reforçamos mais ainda o preconceito através de outros termos e frases: "moça escurinha, mas educada", "moço pretinho, mas nem parece", "preta feia", "preto horroroso", "fome negra", "lista negra", "moreninho, mas honesto", "preto de alma branca", "só podia ser preto", "samba do crioulo doido", "ovelha negra da família", "olha o beiço do negão", "nariz de crioulo", "cabelo ruim", e muito mais...

Tudo isso foi construído pela maioria daqueles que têm uma falsa compreensão ou ignorância da História do Brasil e dos africanos.

"Foi no continente africano que se desenvolveram as primeiras técnicas de metalurgia, de fundição de metais, a escrita, os cálculos matemáticos, a engenharia e o comércio internacional. Outra questão, que é silenciada na História ensinada, é que a grande civilização egípcia, das pirâmides, dos faraós, era uma civilização negro-africana. Aliás, a maioria dos faraós era negra."

O racismo foi construído ao longo do tempo em nossa sociedade, e mesmo frente à inúmeras ações para desconstruir esse estigma, ele se mostra muito forte até hoje em diversos segmentos sociais. Vamos ver o que diz a lei a respeito do racismo e da injúria racial.

Diferença entre racismo e injúria racial
RACISMO: Previsto na Lei nº 7.716/1989. É um crime contra a coletividade e não contra uma pessoa específica. Realizado por meio da verbalização de uma ofensa ao coletivo, ou atos como recusar acesso a estabelecimentos comerciais ou elevador social de um prédio. É inafiançável e imprescritível. A pena vai de um a três anos de prisão, além de multa.
INJÚRIA RACIAL: Está especificado no Código Penal – artigo 140, terceiro parágrafo. É quando uma ou mais vítimas são ofendidas pelo uso de “elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e origem”. É um crime inafiançável, com pena de reclusão de um a três anos, também com multa. A prescrição é de oito anos, ou seja, o processo precisa ser aberto dentro desse período.
                                                           (Humanista jornalismo e direitos humanos. UFRGS)
Fonte: 
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
https://www.ufrgs.br/humanista/2019/11/18/racismo-no-brasil-entenda-como-funciona-a-lei/
https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5140/racismo-no-brasil-heranca-maldita
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa