O termo estratificação diz respeito ao modo como cada sociedade está dividida. No caso, trata-se de camadas sociais que se sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia. Conforme a posição que o indivíduo ocupa nessa hierarquia, ele terá mais ou menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a posição na qual se encontram os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter. Sendo assim, a desigualdade social também é fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração de alguns grupos por outros.
A estratificação social e as desigualdades que ela produz não são naturais. Pelo contrário, elas são geradas por fatores históricos e sociais, que emergem de uma diversidade de situações e influenciam de maneira direta ações e relações estabelecidas na vida em sociedade. Há inúmeros modelos de estratificação no mundo que colocam o indivíduo em determinada "posição" em uma sociedade, porém vamos fazer um breve estudo sobre três: as castas, os estamentos e as classes.
- As castas: esse sistema regulou a vida de centenas de milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter existido em outros locais do mundo (como no Japão), esse sistema consolidou-se poderosamente naquele país. As castas são comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais hereditárias, como ocupação profissional ou o poder político e econômico. O mecanismo de controle social é através da tradição religiosa, pelo hinduísmo. Esse controle se pauta pelo comportamento do indivíduo em uma vida anterior; se sua conduta for considerada boa, será recompensado nascendo em uma casta mais elevada na próxima vida; se não for bom, será punido nascendo em uma casta mais baixa. O sistema de castas foi abolido juridicamente na Índia em 1950, mas continua a ser um referencial cultural e político para a sociedade indiana, o que reforça as desigualdades no país.
- Os estamentos: durante cerca de dez séculos (aproximadamente do século V até o século XV) a Europa viveu um período chamado Idade Média. Organizado em torno da vida rural, essa época caracterizou-se pela intensa influência da Igreja católica romana, que ditava as normas de conduta e de convivência para as populações europeias. A divisão da sociedade apoiava-se na posse de terras e na ordem de "importância" perante Deus. Assim, a sociedade era composta de quatro partes: clero, nobreza, comerciantes e camponeses. Cada uma dessas partes era chamada de estamento e cada um deles era caracterizado por um conjunto de direitos e deveres considerados naturais, determinados por Deus e sustentados legalmente.
- As classes: podem ser entendidas como agrupamento de pessoas que surgem em razão das desigualdades sociais, mas que têm como base a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se pode falar em classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX. Uma das características do sistema de classes é a possibilidade de mobilidade social, que pode ser vertical e horizontal. No primeiro caso, altera-se a classe social, o que pode acontecer de modo ascendente (de uma classe baixa para uma superior) ou de modo descendente (de uma classe alta para uma inferior). Já a mobilidade horizontal opera-se dentro de uma mesma classe, como a provocada por fatores geracionais ou profissionais. Exemplo: o caso de um trabalhador que migra do interior para a capital. A sua posição se altera mas o nível de renda não sofre grandes alterações, por isso permanece na mesma classe social.
SILVA, Afrânio et al.Sociologia em movimento.São Paulo: Moderna, 2016.