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19 de junho de 2021

A área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

 


No Ensino Médio, à Geografia e à História são somados conteúdos de Filosofia e Sociologia na construção da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e suas respectivas competências e habilidades específicas. A BNCC definiu para a área as seguintes categorias centrais: Tempo e Espaço; Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; e Política e Trabalho.

A centralidade dessas categorias favorece a interdisciplinaridade e retira o foco do ensino dos conteúdos programáticos que perfazem cada campo do conhecimento. Entretanto, isso não anula as disciplinas; são elas, afinal, que aportam para o currículo escolar seus conceitos e procedimentos de pesquisa específicos por meio dos quais as áreas se articulam.

Filosofia

Trabalha-se a perspectiva  da reflexão sobre o pensar e o fazer, além de problematizar e identificar consistências e inconsistências em discursos e práticas; refletir permanentemente sobre conceitos, como ética, estética, política e cidadania, que ampararam as ações dos seres humanos, individualmente, e nos diferentes grupos sociais.  

Geografia

Trabalha-se a análise da sociedade e de sua relação com a natureza por meio da produção e organização do espaço, além de estabelecer relações espaço-temporais na constituição dos sistemas de objetos e de ações, tomados em conjunto com as escalas geográficas (local, nacional, regional e global), que formam o espaço geográfico, e estimular o raciocínio geográfico na análise das questões socioespaciais.

História

Trabalha-se a abordagem  das diversas temporalidades e a reflexão sobre permanências, rupturas e mudanças que caracterizam  os processos históricos que compreendem as articulações entre o singular e o geral, as ações dos indivíduos e da sociedade em suas pluralidades. Também trabalha-se a questão da apreensão do tempo no conjunto das vivências humanas.

Sociologia

Trabalha a relação dialética entre indivíduo e sociedade e os mecanismos para a manutenção ou mudança da ordem social, além de interpretar a realidade social contextualizada no tempo e no espaço por meio do trabalho, da cultura, das instituições e demais instâncias sociais.

Fonte: VICENTINO, Cláudio; CAMPOS, Eduardo; SENE, Eustáquio de. Diálogos em ciências humanas: compreender o mundo. São Paulo: Ática, 2020.

19 de janeiro de 2021

A existência da ética

 Muitas vezes tomamos conhecimento de movimentos contra a desigualdade social. Ficamos sabendo que, em outros países e no Brasil, milhões de pessoas estão desempregadas e foram prejudicadas pelas crises econômicas e pela concentração da riqueza nas mãos de poucos. Sentimo-nos enganados e, por isso, ficamos indignados.

Outras vezes, movidos pela solidariedade, engajamo-nos em campanhas contra a desigualdade social, a pobreza e a corrupção. Esses sentimentos e as ações desencadeadas por eles exprimem a maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes. Mas como distinguimos o certo e o errado, o justo e o injusto? De onde se originam nossas ideias de bem e de mal, de vício e virtude?

Senso moral e consciência moral

O senso moral é a maneira como avaliamos condutas, situações e comportamentos segundo ideias como as de justiça e injustiça, certo e errado, mérito, grandeza de alma, etc. Ele é exprimido como um sentimento - piedade, indignação, vergonha, remorso, culpa, comoção, etc. - diante dessas situações, condutas e comportamentos.

A consciência moral é a capacidade de, com base em uma avaliação fundamentada nos valores de justiça, correção, mérito, grandeza, etc., decidirmos livremente como agir e justificarmos as razões de nossas ações, condutas e comportamentos diante dos outros e de nós mesmos, assumindo  suas consequências. A consciência moral se manifesta quando temos que tomar decisões diante de um impasse moral.

Os constituintes do campo ético

Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.

A consciência moral manifesta-se na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, as consequências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins, a obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).

A vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça esse poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar submetida à vontade de outro nem pode estar submetida aos instintos e às ¹paixões, mas, ao contrário, deve ter o poder sobre eles.

1. Paixão: no dia a dia falamos paixão para dizer 'amor'. Eticamente, porém, o amor é uma entre muitas paixões, pois paixão significa todo desejo, emoção ou sentimento causado em nós ou por uma força irracional interna ou pela força incontrolável de alguma coisa externa que nos domina. Alegria, tristeza, amor, ódio, medo, esperança, cólera, inveja, avareza, orgulho são paixões.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

15 de janeiro de 2021

Atitudes mentais opostas à razão

 As atitudes mentais opostas à razão são:

  1. o conhecimento ilusório, isto é, o conhecimento da mera aparência das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas. Ele se opõe à razão porque se contenta com a coisa como dada imediatamente, sem compreender suas causas, e também porque varia entre pessoas e sociedades, contradizendo-se;
  2. as emoções, sentimentos e paixões. Opõem-se à razão porque são cegos, desordenados e contraditórios;
  3. a crença religiosa, em que a verdade nos é dada pela fé numa revelação divina. Ela opõe-se à razão porque não depende do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou pelo nosso intelecto, dispensando a determinação de suas causas.
  4. o êxtase místico, no qual o espírito acredita entrar em relação direta com o ser divino. Ele opõe-se à razão porque acredita que isso ocorre sem nenhuma intervenção do intelecto ou da inteligência, nem da vontade.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

Razão

Na cultura da sociedade ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega logos. Ambas são substantivos derivados de dois verbos que têm sentido muito parecido.
Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. E que meios usamos para falar sobre essas ações? Usamos palavras. Por isso, lógos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção.

Desde seus primórdios, a filosofia considerou que a razão opera segundo princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a realidade, mesmo quando não os conhecemos explicitamente. Nós respeitamos  esses princípios porque somos seres racionais e porque eles garantem que a realidade possa ser conhecida pela nossa razão.

Que princípios são esses?

O princípio da identidade afirma que uma coisa, seja ela qual for (um ser da natureza, uma figura geométrica, um ser humano, uma obra de arte, uma ação) só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade. Ele é condição para podermos definir uma coisa e pensá-la com base em sua definição: a partir do momento em que temos a definição de um triângulo (figura de três lados e de três ângulos internos cuja soma é igual à soma de dois ângulos retos), sabemos que outra figura é um triângulo se ela for idêntica à definição. Em outras palavras, "o que é, é", ou  A=A. Exemplo: numa investigação criminal, por um lado, temos um suspeito e, por outro, temos uma amostra de DNA que sabemos ser do criminoso, que ainda não conhecemos. Sabemos que o nosso suspeito é o criminoso se uma amostra de DNA desse suspeito for idêntica àquela que sabemos ser do criminoso.

O princípio da  contradição (ou princípio da não contradição) enuncia que uma coisa não pode ser e não ser essa mesma coisa ao mesmo tempo e na mesma relação. Ou seja, se A é A, é impossível que A seja não A, ao mesmo tempo e na mesma relação. Sem esse princípio, o princípio da identidade não funciona. Tomemos como exemplo uma relação entre mãe e filha. Eu até posso ser mãe e filha ao mesmo tempo, mas não na mesma relação: sou filha de Maria e mãe de Renata, por exemplo. Mas não posso ser, ao mesmo tempo, filha e mãe de Maria, nem mãe e filha de Renata. Dentro dessa relação, podemos dizer que a filha é a não mãe (não M), de maneira que a mãe (M) não pode ser ao mesmo tempo, M e não M.

O princípio do terceiro excluído, cujo enunciado é: "Ou A é x ou não é x, e não há terceira possibilidade". Por exemplo: "Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates"; "Ou faremos a guerra ou faremos a paz". Esse princípio define a decisão de um dilema - "ou isto, ou aquilo" -, no qual as duas alternativas são possíveis, e a solução exige que apenas uma delas seja verdadeira. Mesmo quando temos um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade apenas entre duas opções - "ou está certo, ou está errado" -, e não há terceira possibilidade.

Já o princípio de razão suficiente afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa e motivo) para existir ou para acontecer, e que nossa razão pode conhecer tal causa ou tal motivo. Ou seja, afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre fatos ou entre ações e acontecimentos. Se uma maçã, ao se desprender da macieira vai ao chão, isso significa que há uma força que a impulsiona de sua posição para baixo. Essa força, sabemos, é a gravidade.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.


O que é ser racional?

Podemos dizer que a filosofia se constitui quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

Por que racionais? Por três motivos:

* porque racional significa argumentado, debatido e compreendido;

* porque racional significa que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros;

* porque racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido. Desse modo, é possível chegar a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

14 de janeiro de 2021

Computador

 Palavra de origem latina, provém de computator, que significa 'máquina de contar, calcular'. Antes que esta palavra fosse usada corretamente, quando só havia enormes máquinas militares e de grandes empresas, falava-se em "cérebro eletrônico". Por que? Porque se trata de um objeto técnico muito diferente daqueles até então conhecidos, que ampliavam apenas a força física dos seres humanos: o microscópio e o telescópio aumentavam a força dos olhos; o navio, o automóvel e o avião aumentavam a força dos pés; a alavanca, a polia, a chave de fenda, o martelo aumentavam a força das mãos; e assim por diante. Já o "cérebro eletrônico" ou computador amplia e até substitui as capacidades mentais ou intelectuais dos seres humanos.

Um dos primeiros computadores eletrônicos, Mark 1 foi desenvolvido pela Universidade Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos, em parceria com uma empresa de informática, em 1944, para efetuar cálculos para a Marinha norte-americana.

Em dimensões, o Mark 1 possuía cerca de 17 metros de comprimento por 2,5 metros de altura e pesava cerca de 5 toneladas. A memória e os totalizadores compreendiam 3.000 engrenagens com 10 "dentes", 1.400 comutadores rotativos e tudo era ligado por cerca de 800 Km de condutores elétricos.

Imagem: Mark 1, foto de 1944 (reprodução)

Fonte:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.
MARK 1. Computadores Clássicos. Disponível em:
http://computadoresclassicos.blogspot.com/2015/02/o-ascc-automatic-sequence-controlled.html

Consciência

 

Imagem: Reprodução

Faculdade que funciona como juízo do certo (o Bem) e do errado (o Mal) e por meio da qual o ser humano se apercebe daquilo que se passa dentro de si mesmo ou de seu exterior. Em Descartes, a vida espiritual humana, passível de conhecer a si mesma de modo imediato e integral, estabelece, dessa maneira, uma evidência irrefutável de sua própria existência e, por extensão, da realidade do mundo exterior.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.


Intuição

 Palavra derivada do verbo latino intuere, que significa 'olhar atentamente, contemplar, ver claramente'.

A intuição é uma compreensão global e completa de uma verdade, de um objeto ou de um fato, em que imediatamente a razão capta todas as relações que constituem a realidade e a verdade da coisa intuída. É um ato intelectual de discernimento e compreensão, sem necessidade de provas ou demonstrações para saber o que conhece. Um exemplo seria um médico que, graças ao conjunto de conhecimentos que possui, faz um diagnóstico em que apreende de uma só vez a doença, sua causa e o modo de tratá-la. Os psicólogos se referem à intuição usando o termo inglês insight.

A intuição pode ser de dois tipos: intuição sensível (ou empírica) e intuição intelectual. A intuição ¹empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades sensíveis de objetos, como cor, sabor, odor, etc. É também o conhecimento imediato de estados mentais que dependeram de contato sensorial com as coisas: lembranças, desejos, sentimentos, etc. Ela refere-se aos estados do sujeito do conhecimento como ser corporal e psíquico individual. Sua marca, por isso, é a singularidade: está ligada, por um lado, à singularidade do objeto intuído e, por outro, à singularidade e às circunstâncias do sujeito que intui. Já a intuição intelectual é universal e necessária. É um conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, etc.), que, por serem princípios, são indemonstráveis; é o conhecimento de ideias simples, aquelas que não são compostas de outras e não precisam de outras para ser conhecidas; e, por fim, quando ela depende de conhecimentos anteriores, ela é o momento em que esses conhecimentos são sintetizados e percebidos de uma só vez, em sua organização e articulação.

1. Empírica: palavra originada do grego empeiría, 'experiência'.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.


13 de janeiro de 2021

A imagem da mulher moderna

 

Imagem: Reprodução

Após a leitura e o entendimento do trecho a seguir, escrito por Simone de Beauvoir no livro O segundo sexo, reflitam sobre as diversas imagens da mulher no mundo contemporâneo. Neste trecho, ela cita as várias representações da mulher ao longo da história, partindo de personagens mitológicas femininas com características opostas.

É sempre difícil descrever um mito; ele não se deixa apanhar nem cercar, habita as consciências sem nunca postar-se diante delas como um objeto imóvel. É, por vezes, tão fluido, tão contraditório que não se percebe, de início, a unidade: Dalila e Judite, Aspásia e Lucrécia, Pandora e Atena, a mulher é, a um tempo, Eva e Virgem Maria. É um ídolo e uma serva, a fonte de vida, uma força das trevas; é o silêncio elementar da verdade, é o artifício, tagarelice e mentira; a que cura e a que enfeitiça; é a presa do homem e sua perda; é tudo o que ele quer ter, sua negação e sua razão de ser.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. v.1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p.183.

Atividade 

Pesquisem sobre as personagens citadas no texto. Depois, selecionem imagens fotográficas, peças publicitárias, frases, slogans, poemas, depoimentos, cenas de filme, etc. que expressem ideias sobre a mulher. Analisem os materiais selecionados e organizem um mural (no classroom ou físico, quando for possível). Escrevam frases e pequenas explicações no mural construído, levando em conta as seguintes questões:

- Qual é a verdade presente nessas representações femininas?

- Existe uma verdade inquestionável sobre a mulher contemporânea?

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.


Como opera a ideologia democrática?

 A ideologia democrática opera de modo a criar a aparência de que todos os indivíduos são livres e iguais no capitalismo, e de que a democracia seria o regime político da lei e da ordem que garantiria os interesses e liberdades desses indivíduos. Dessa forma, por meio da simulação da igualdade e liberdade dos indivíduos, a ideologia oculta que há um conflito de interesses criado pela exploração de uma classe social por outra, e que, na verdade, não há liberdade e igualdade entre todos os indivíduos.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

Alienação

Em Marx, processo pelo qual o ser humano se afasta de sua natureza, tornando-se estranho a si mesmo na medida que já não controla sua atividade essencial (o trabalho), pois os objetos que produz (as mercadorias) adquirem existência independente do seu poder e contrária aos seus interesses. Estado do indivíduo que não detém o controle de si mesmo ou que se vê privado de seus direitos fundamentais, passando a ser considerado uma "coisa". Falta de percepção de si mesmo.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

29 de novembro de 2020

Filosofia

Filosofia, palavra composta dos termos gregos philo e sophia. Philo quer dizer "aquele ou aquela que tem um sentimento amigável", pois deriva de philia "amizade e amor fraterno". Sophia quer dizer "sabedoria" e dela vem a palavra sophós, "sábio". Filosofia significa, portanto, "amizade pela sabedoria", e filósofo, "o que tem amizade pelo saber".

Podemos dizer que a filosofia se constitui quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

A filosofia surgiu quando alguns gregos, insatisfeitos com as explicações que as tradições lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos naturais e as coisas da natureza podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.

Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos.

A filosofia existe há cerca de 26 séculos.  Durante uma história tão longa e de tantos períodos diferentes, surgiram temas, disciplinas e campos de investigação filosóficos, enquanto outros desapareceram. Desapareceu também a ideia de que a filosofia era a totalidade dos conhecimentos teóricos e práticos da humanidade.

De acordo com Chauí, 2015, p.65

Também desapareceu a imagem da filosofia como uma grande árvore frondosa: suas raízes eram a metafísica e a teologia; o tronco era a lógica; os ramos principais eram a filosofia da natureza, a ética e a política; e os galhos extremos eram as técnicas, as artes e as invenções. A filosofia, vista como uma totalidade orgânica ou viva era chamada "rainha das ciências".

Várias ciências particulares se desligaram da grande árvore levando consigo os conhecimentos práticos ou aplicados de seu campo de investigação, ou seja, as artes e as técnicas a ela ligadas. As últimas ciências a aparecer e a se desligar da árvore da filosofia foram as ciências humanas (psicologia, sociologia, antropologia, história, linguística, geografia, etc.).

Alguns conceitos de filosofia

Platão define a filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos para que vivam numa sociedade justa e feliz.

Descartes dizia que a filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes com as quais ficam menos submetidos às forças naturais, às intempéries e aos cataclismos.

Kant afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer, o que pode fazer e o que pode esperar, tendo como finalidade a felicidade humana.

Marx declarou que a filosofia  havia passado muito tempo contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, de modo que se alcançasse justiça, abundância e felicidade para todos.

Merleau-Ponty escreveu que a filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo.

Espinosa afirmou que a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia. São Paulo : Ática, 2015.

28 de novembro de 2020

Maquiavel

 

Imagem: Reprodução

Nicolau Maquiavel (1469-1527), historiador e diplomata florentino, foi um dos fundadores do pensamento político moderno. O Estado, para ele, tem como principal finalidade manter a prosperidade e a grandeza, e essa finalidade está além do bem e do mal. Como expressa em seu livro O príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532), "os fins justificam os meios". Para esse autor, não havia um juízo moral nessa orientação de conduta. A ideia central é que existem "razões de Estado" que se justificam por si mesmas.

Segundo Maquiavel, o príncipe deve promover a unidade política em seu reino para evitar que ele se fragmente ou perca força na competição com outros Estados. Para tanto, é melhor que o príncipe seja "temido" do que "amado" por seus súditos". Por essas e outras razões, seu pensamento acabou sendo mal compreendido.

Maquiavel pode ser lido como um ideólogo da formação do Estado republicano, e não necessariamente do Estado absolutista. Em seu livro Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, ele define república como o Estado em que o príncipe, os aristocratas e o povo governam em conjunto, conduzindo os negócios públicos de modo equilibrado para que possam resistir à passagem do tempo. Ao defender esse tipo de governo, o pensador italiano afirma que a representação das três bases sociais (príncipe, aristocratas e povo) confere ao Estado maior estabilidade, pois a competição entre elas promove a busca pela boa legislação.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Aristóteles

 Foi um filósofo grego durante o período clássico na Grécia antiga. Sua obra abrange diversos assuntos como: a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, entre outros. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental.

No ano de 343 a.C., Aristóteles tornou-se professor e mentor intelectual do filho do Imperador da Macedônia, Alexandre, que mais tarde se tornaria Alexandre, o Grande. No ano de 335 a.C., fundou o  Liceu, uma escola filosófica para ensinar os seus discípulos.

Fonte: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristóteles
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm

11 de novembro de 2020

Ciências humanas

Imagem: https://www.gratispng.com/
A área das Ciências Humanas é o conjunto de ciências colocam o ser humano como centro da pesquisa. Por investigar o homem e a sociedade, essas ciências abordam sobre diversos aspectos, sejam teóricos, práticos ou subjetivos, como linguagem, cultura e produção de conhecimento.

Nas Ciências Humanas é necessário observar, duvidar, escutar, ler, buscar compreender e se colocar no ponto de vista daquilo ou daquele que está sendo estudado. Também é preciso deixar de lado suas próprias ideias e preconceitos para poder ter uma visão mais ampla e imparcial de fatos e situações.

Na formação acadêmica, esses conhecimentos estão organizados em cursos, tais como: Sociologia, Filosofia, Antropologia, Ciência Política, História, Pedagogia, Literatura, Economia, Administração, Comunicação Social, Geografia, Direito, Psicologia, Relações Internacionais, entre outras.

No ensino médio, as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas englobam as disciplinas de Filosofia, Geografia, História e Sociologia.

A Filosofia reflete sobre a natureza humana de maneira racional nos campos da ética, política, estética, lógica, entre outros. 

A Geografia estuda a relação do homem com o meio e seus impactos. Abrange a pesquisa dos elementos naturais do ambiente e a dinâmica social, política, demográfica e cultural. 

A História é a ciência que investiga e registra as ações humanas ao longo do tempo, por meio da análise de documentos, fotos, registros orais e achados arqueológicos. 

A Sociologia é a ciência que analisa os fenômenos sociais e o comportamento humano na sociedade.

Fonte:
https://www.mundovestibular.com.br/cursos/ciencias-humanas
https://querobolsa.com.br/revista/saiba-o-que-e-ciencias-humanas-e-suas-tecnologias
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#medio/a-area-de-ciencias-humanas-e-sociais-aplicadas

28 de outubro de 2020

Ideologia

O termo "ideologia" possui vários sentidos, o que torna difícil a conceituação da palavra. O senso comum entende ideologia como um simples conjunto de ideias ou uma realização sobre algo. Na visão clássica, ideologia é uma espécie de ciência capaz de organizar metodicamente e estudar rigorosamente o conjunto de ideias que formam a intelectualidade humana. Na visão crítica, o termo é uma ilusão criada por uma classe para manter a aparente legitimidade de um sistema de dominação.

A filósofa Marilena Chaui assim define a ideologia:

"É um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo, de representações e práticas (normas, regras e preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador (...)".

Para Marx, a ideologia é a percepção da realidade com base em uma perspectiva sobre ela que vem da classe que tem o monopólio dos meios de produção material e intelectual.

O termo "ideologia" foi usado pela primeira vez no início do século XIX pelo filósofo francês Antoine Destutt de Tracy, em seu livro Fundamentos da Ideologia (1801-1815).


Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/ideologia.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/ideologia.htm

25 de outubro de 2020

Ciência e senso comum

 Desde que a ciência se estabeleceu como o principal meio de conhecimento dos fenômenos naturais e sociais, sua relação com o senso comum tornou-se objeto de debates. De um lado, estão aqueles que a consideram um conhecimento hierarquicamente superior ao senso comum; de outro, os que consideram complementares os dois tipos de conhecimento.

O sociólogo Pedro Demo defende que a pesquisa é o modo pelo qual se conhece a realidade. A investigação é uma característica fundamental da ciência. Ao comparar o senso comum com a ciência, ele afirma que o primeiro aceita a realidade sem questionamentos nem pesquisas. Ao contrário, a ciência é construída com base em pesquisas metodologicamente fundamentadas.

Paulo Freire

Imagem: Reprodução
Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro, considerado um dos mais célebres pensadores na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica

Nasceu em pernambucano (1921-1997) e revolucionou a educação ao criar uma pedagogia emancipatória, na qual o educando se liberta das visões naturalizadas pelas classes dominantes e constrói seu aprendizado utilizando a realidade de seu próprio contexto. 

São quase 40 livros publicados, sendo que os mais importantes para compreender a trajetória do filósofo é educador, são as seguintes obras:
* Pedagogia do oprimido
* Educação como prática da liberdade
*Cartas à Guiné-Bissau
* Pedagogia da autonomia

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://novaescola.org.br/conteudo/460/mentor-educacao-consciencia
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/paulo-freire.htm

Positivismo

Imagem: Reprodução
Corrente de pensamento criada pelo filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), o Positivismo está relacionado ao surgimento da Sociologia como ciência. Seu método exige que o investigador assuma uma atitude laica e pragmática na busca dos princípios que governam a vida social, como um físico que procura identificar as leis do mundo natural. O Positivismo defende o princípio de que a ciência é o caminho para o progresso da humanidade e que só se pode afirmar que uma teoria é correta se ela for comprovada por meio de métodos científicos válidos. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX, período em que chegou ao Brasil, tendo exercido significativa influência no país, que expressa em sua bandeira republicana o lema positivista "Ordem e progresso".

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Senso comum

O senso comum compreende o conjunto de saberes e práticas produzidos com base nas experiências concretas das sociedades humanas. É construído pela observação e pelo aprendizado diante dos fenômenos cotidianos. É transmitido socialmente aos longo das gerações, em uma ou mais coletividades.

Para o sociólogo, escritor e professor português Boaventura de Sousa Santos, podemos chamar de senso comum aquele conhecimento vulgar e prático que nos orienta cotidianamente.

Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos para a realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas.

Exemplo de senso comum: 
* Chinelo virado pode matar a mãe.
* Se alguém varrer os teus pés você não vai casar.
* Palma da mão coçando é sinal de dinheiro chegando.
* Se a minha orelha esquentar alguém está falando de mim.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/senso-comum.htm
https://www.todamateria.com.br/senso-comum/
https://www.stoodi.com.br/guias/dicas/o-que-e-senso-comum/
https://www.megacurioso.com.br/cotidiano/69440-minha-vo-ja-me-dizia-30-supersticoes-e-crendices-populares.htm
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa