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18 de maio de 2021

Trabalho e rendimento no Brasil

Imagem: Reprodução

De acordo com o IBGE, em 2019, dos 209,5 milhões de pessoas residentes no Brasil, 131,2 milhões (62,6%) possuíam algum tipo de rendimento, 44,1 % por trabalho; 25,1% por outras fontes.  Outras fontes são os rendimentos não provenientes do trabalho como aposentadoria ou pensão, seguro-desemprego, rendimentos de poupança, programas de transferência de renda do governo, pensão alimentícia, etc.

Segundo a pesquisa, metade dos brasileiros que tiveram os menores rendimentos recebeu, em média, R$850. Já as pessoas que fazem parte do 1% da população que obteve os maiores rendimentos receberam, em média, R$28 659; ou seja, quase 34 vezes o valor dessa parte da população que teve os menores rendimentos (R$850).

As Grandes Regiões do país apresentaram  diferenças quanto aos rendimentos locais. Da metade da população com menor rendimento, a Região Sul foi a que obteve o maior valor médio mensal real em 2019, R$1102. Enquanto as Regiões Norte e Nordeste registraram os menores valores: R$633 e R$569, respectivamente.




Conforme o IBGE, as diferenças de rendimento também são expressivas quando comparadas por sexo, cor ou raça e nível de instrução.

Da população ocupada em 2019, os homens tiveram um rendimento médio mensal real de R$2555, enquanto as mulheres receberam em média R$1985. As mulheres receberam 77,7% em proporção ao que os homens receberam.

O indicador cor ou raça aponta que, de todas as pessoas ocupadas, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas era maior que o rendimento das pessoas pardas e pretas: R$2999 contra R$1719 e R$1673, respectivamente. Isto demonstra que o rendimento médio das pessoas brancas está 29,9% superior ao rendimento médio nacional (R$2308). Por outro lado, as pessoas pardas e pretas tiveram rendimentos 25, 5% e 27,5%, respectivamente, inferiores a essa média.

Quanto ao nível de instrução, as pessoas com ensino superior completo tinham rendimento médio mensal de R$ 5.108. O que significa, segundo os dados do IBGE, um rendimento de quase seis vezes mais do que o de trabalhadores sem instrução (R$ 918).

Fonte:

https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18314-trabalho-e-rendimento.html



17 de maio de 2021

Indicadores de emprego, trabalho e renda (IBGE, Pnad e Ipea)

Imagem: Reprodução

IBGE


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o principal provedor de dados e informações do Brasil, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, assim como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal.

O IBGE é uma entidade da administração pública federal, vinculada ao Ministério da Economia. Foi criado em 1934 e instalado em 1936 com o nome de Instituto Nacional de Estatística. O nome atual data de 1938. A sede está localizada na cidade do Rio de Janeiro.

O órgão tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos e organizar as informações obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal, e para outras instituições e o público em geral.

Pnad


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua

Visa acompanhar as flutuações trimestrais e a evolução, no curto, médio e longo prazos, da força de trabalho, e outras informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País. A pesquisa foi planejada para produzir indicadores trimestrais sobre a força de trabalho e indicadores anuais sobre temas suplementares permanentes (como trabalho e outras formas de trabalho, cuidados de pessoas e afazeres domésticos, tecnologia da informação e da comunicação etc.), investigados em um trimestre específico ou aplicados em uma parte da amostra a cada trimestre e acumulados para gerar resultados anuais, sendo produzidos, também, com periodicidade variável, indicadores sobre outros temas suplementares. Tem como unidade de investigação o domicílio.

Ipea


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros. Os trabalhos do Ipea são disponibilizados para a sociedade por meio de inúmeras e regulares publicações eletrônicas, impressas, e eventos.

Fonte:
https://www.ibge.gov.br/
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=o-que-e
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1226&Itemid=68

29 de outubro de 2020

Operários no início da Revolução Industrial

Imagem: Reprodução
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, já que os sapatos e os tecidos eram confeccionados mais rapidamente e de uma maneira mais barata numa fábrica do que nas oficinas dos artesãos, sapateiros ou tecelões. Por isso, os artesãos tiveram que buscar emprego de operários nas fábricas que surgiam na Inglaterra. Havia uma multidão de homens e mulheres que não conseguiam mais viver por conta própria. Era trabalhar nas fábricas ou morrer de fome. 

No século XIX, a Revolução Industrial alcançou outros países da Europa, como França, Alemanha, Itália e Rússia. Nos Estados Unidos, as primeiras indústrias foram instaladas no final do século XVIII, mas o seu desenvolvimento se deu na segunda metade do século XIX.

Assim, o capitalismo inicia-se de forma triunfante, trazendo grandes transformações para a humanidade. As grandes potências mundiais da época eram todas capitalistas. Fábricas, terras, matérias-primas, comércio, bancos, máquinas, tudo pertencia aos capitalistas que manipulavam o capital com um objetivo: obter lucro, ganhar dinheiro.

A Revolução Industrial trouxe seu símbolo máximo: a máquina a vapor. Era o sinal dos novos tempos: barcos a vapor, trens a vapor, ferros de passar roupa a vapor, etc. Começou, então, a produção em massa, e o desejo do lucro tornou-se um ideal a ser seguido.

19 de outubro de 2020

A situação do emprego no Brasil


Imagem: Reprodução

Nos anos 1990, as taxas de desemprego aumentaram significativamente em razão da abertura econômica e da concorrência dos produtos importados, que provocaram a falência ou a queda de produção de muitas empresas brasileiras. Outros fatores que provocaram desemprego foram a política de juros altos e os baixos investimentos do Estado em infraestrutura e em outros setores da economia. Contribuíram, também, a automação e a robotização na produção de mercadorias e serviços.

Na primeira década dos 2000, ocorreu uma melhoria na renda de uma parcela significativa da população brasileira, que migraram das classes pobre e extremamente pobres, classificadas como D e E, para integrarem a classe C (com capacidade de consumo além dos produtos básicos de sobrevivência).

O Brasil retomou o crescimento econômico favorecido pelo dinamismo da economia mundial e especialmente da China. Priorizou investimentos em programas sociais (como o Bolsa Família) e melhorou a distribuição de renda, o que foi fundamental para diminuir as taxas de desemprego.

A melhora das condições de vida promoveu a ampliação da capacidade de consumo e a expansão do mercado interno e das atividades produtivas.

A crise financeira global de 2007/2008 enfraqueceu o ritmo de crescimento econômico, embora as taxas de desemprego tenham permanecido em queda até metade de 2014. A crise mundial foi enfrentada através da desoneração de impostos a determinados setores produtivos e mantido investimentos e gastos públicos e programas sociais. As despesas superaram as receitas federais e as finanças públicas deterioraram-se rapidamente. Contribuíram para a crise financeira a desaceleração da economia chinesa (nossa principal parceira comercial) e a queda do valor das commodities, os produtos que mais vendemos no mercado mundial. A partir de 2015 a crise estava instalada e o desemprego aumentou em ritmo acelerado.

A recessão dos anos 2015 e 2016 eliminou quase 3,5 milhões de empregos, sendo que parte deles nunca mais voltou a ser ofertada. O Brasil, que chegou a ter uma taxa de desemprego de 4,8% em 2014, voltou ao patamar de 12%.

A pandemia do novo coronavírus só agravou a situação. Apenas em abril, 1,4 milhão de postos fecharam, segundo um acompanhamento do Ministério da Economia. A expectativa é que outros 8 milhões de pessoas percam o emprego até o fim do ano como reflexo da crise econômica prolongada, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://exame.com/revista-exame/um-brasil-desempregado/


A informalidade no mercado de trabalho

Imagem: Reprodução

A população economicamente ativa (PEA) é formada pelos trabalhadores empregados mais os desempregados que estão em busca de nova ocupação. A PEA inclui apenas os trabalhadores da economia formal, ou seja, os trabalhadores registrados.

Uma atividade é considerada informal quando não é oficialmente registrada por empresas ou órgãos governamentais. Sem registro na carteira, eles não têm direito a FGTS, licença maternidade ou qualquer auxílio do governo em caso de desemprego.

É difícil calcular um número aproximado de atividades informais, sendo possível fazer estimativas indiretas. Essas atividades têm influência sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Em uma economia que não gera todos os empregos necessários à população, a informalidade é uma estratégia de sobrevivência dos trabalhadores, como também alimenta a economia formal: viabiliza a circulação de mercadorias, diminui os custos de produção e permite que os trabalhadores informais se mantenham no circuito do comércio oficial.

Apesar de ainda apresentar elevado grau de informalidade em sua economia, o Brasil, na última década, mostrou uma melhora na formalização do mercado de trabalho, incluída a formalização do emprego doméstico. Contudo, essa melhora no período foi revertida a partir de 2015, em função da crise econômica e política iniciada naquele ano. Em situação de crise e aumento do desemprego, parte da população busca estratégias de sobrevivência na informalidade.

Em 2015, apenas 59,6% dos trabalhadores do Brasil tinham carteira de trabalho assinada. O problema do emprego informal no Brasil é, em grande parte, consequência dos altos encargos trabalhistas.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2019, os trabalhadores informais brasileiros representam 41% dos postos de ocupação, o que equivale a quase 39 milhões de pessoas.

Com a pandemia, em 2020, várias ocupações estão em situação de risco no momento, independentemente do vínculo formal ou informal, porém as consequências da doença sobre a vida, a família e a sociedade serão diferentes para cada grupo de trabalhadores.
“Trabalhadores formais, quando infectados ou acometidos pela Covid-19, estarão cobertos pelos benefícios de compensação previdenciários (auxílio doença) ou acidentários (relacionado ao trabalho) e pelas garantias trabalhistas vigentes. Mas os informais estarão sem proteção para o desemprego ou para a perda expressiva de ganhos no trabalho”. Cleber Cremonese -  Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA)
Diante da situação de dezenas de milhões de trabalhadores informais, o Congresso Nacional aprovou no final de março o programa de pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600 mensais, voltado principalmente a esse grupo.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017. 
BALDRAIA, André et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
https://coronavirus.ufba.br/covid-19-evidencia-maior-vulnerabilidade-para-trabalhadores-informais-alerta-pesquisador-do-isc
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/28/Os-n%C3%BAmeros-que-mostram-o-impacto-da-pandemia-no-emprego

18 de outubro de 2020

Distribuição de renda no Brasil

É na análise da distribuição de renda que é possível avaliar as diferenças sociais e quantificar a pobreza e o grau de justiça social de uma sociedade. É preciso avaliar os padrões de cada sociedade e as diferenças entre os indivíduos que dela participam. Quanto mais acentuada é a distância entre as classes sociais, maior a pobreza geral da sociedade.

A distribuição de renda em boa parte dos países e no Brasil é afetada  pelas distorções tributárias, ou seja, o recolhimento de impostos. Os impostos indiretos (embutidos no preço das mercadorias e serviços consumidos) são, muitas vezes, excessivos, tanto em valores quanto em número de tributos. No conjunto, são maiores do que os impostos diretos (que incidem sobre as propriedades, os rendimentos salariais e as aplicações financeiras).

Isso eleva o preço dos produtos e obriga todos os consumidores a pagar os tributos de forma igual, independente de sua classe social. Quando uma pessoa que ganha um salário mínimo compra um quilo de arroz, o valor dos impostos indiretos que ela paga sobre o produto é proporcionalmente maior do que o valor pago por outra pessoa que ganha vinte salários mínimos.

A redistribuição de renda é muito mais do que uma política de justiça social. A concentração de renda leva o setor produtivo da sociedade a voltar-se para um pequeno segmento de consumidores com maior poder aquisitivo. A desconcentração de renda gera novos consumidores, dinamiza a economia e cria empregos.

Uma das maneiras mais utilizadas para medir a desigualdade na distribuição de renda de um país, estado ou município é o coeficiente de Gini, ou índice de Gini.  Ele é indicado por um número de 0 a 1, onde 0 corresponde a igualdade perfeita, em que todos têm a mesma renda; e 1, à desigualdade plena, em que uma única pessoa fica com toda a renda e o restante nada recebe. Portanto, quanto mais próximo de zero for o índice de Gini de uma sociedade, menos desigual ela é.

Os números do IBGE, obtidos pela realização da Pnad Contínua ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram as disparidades de rendimento dos brasileiros no ano de 2019.  Estas diferenças devem se aprofundar por conta da crise gerada pelo novo coronavírus.
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3


Análise do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) – dezembro de 2019

O Brasil é o segundo país do mundo com maior concentração de renda. Os 1% mais ricos concentram 28,3% da renda total do País. Os dados deixam o Brasil somente atrás do Catar, onde a proporção é de 29%. Nesses dois países, quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos. Já os 10% mais ricos no Brasil concentram 41,9% da renda total.

Em terceiro lugar da lista aparece o Chile, que concentra 23,7% de sua renda total entre os 1% mais ricos. Entre os vizinhos do Brasil também aparece a Colômbia, em 9º lugar do ranking com taxa de concentração de renda entre os 1% mais ricos de 20,5%.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/11/A-desigualdade-de-renda-no-Brasil-%C3%A9-alta.-E-vai-piorar
https://www.infoescola.com/economia/distribuicao-de-renda/
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/desigualdade-brasil-tem-a-2a-maior-concentracao-de-renda-do-mundo/
Gráficos: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27594-pnad-continua-2019-rendimento-do-1-que-ganha-mais-equivale-a-33-7-vezes-o-da-metade-da-populacao-que-ganha-menos

9 de novembro de 2019

Subemprego

Imagem: Reprodução
É todo tipo de trabalho e prestação de serviços remunerados, como o de vendedores ambulantes, guardadores de carros, trabalhadores domésticos sem registro em carteira, boias-frias, etc., que compõem a economia informal, aquela que não aparece nas cifras oficiais, pois não conta com nenhum tipo de registro e não recolhe impostos.
No Brasil, os trabalhadores nessa situação não podem contar com apoio da Previdência Social, nem possuem direitos trabalhistas, como férias, décimo terceiro, etc. Sem registro na carteira, eles não têm direito a FGTS, licença maternidade ou qualquer auxílio do governo em caso de desemprego.

O subemprego também pode ser considerado um trabalho que está abaixo das qualificações do empregado. Pela falta de oferta de empregos para profissionais qualificados, o trabalhador se obriga a ocupar vagas em subempregos.

Geralmente os subempregos têm remunerações muito baixas.

Fonte (livro):
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. Vol. 3. São Paulo: Editora Scipione, 2016.
Fonte (internet):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subemprego
https://www.significados.com.br/subemprego/

1 de janeiro de 2017

As crianças como mão de obra na Revolução Industrial

Imagem: Coleção Lewis Hine
Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e XIX. O trabalho, que antes era artesanal, passa a fazer uso de máquinas e o trabalhador torna-se assalariado.Nesse contexto, países enriqueceram e tornaram-se nações muito poderosas, enquanto seus trabalhadores viviam na mais completa miséria.  A Inglaterra era a maior potência industrial desse período. 

Trabalho infantil na era vitoriana

Na Inglaterra, durante a era vitoriana, o trabalho infantil foi norma durante os anos 1800. Crianças tinham que trabalhar a partir dos cinco anos de idade para aumentar a pequena renda da família, Não existia na época um serviço de proteção à infância como existe atualmente. Ao longo de várias décadas leis foram sendo criadas, que melhoraram um pouco as condições de trabalho e o tratamento dados às crianças. Isso aconteceu porque pessoas como Lord Shaftesbury e Thomas Agnew tomaram medidas para que as mudanças acontecessem. Mas até que essas leis fossem  aprovadas, o trabalho infantil nos tempos vitorianos era desenfreado. Os proprietários das fábricas viam as crianças como mão de obra barata e eficaz. Elas trabalhavam por uma mera fração do que um adulto ganhava. E as meninas eram ainda mais baratas. Devido ao seu tamanho e energia jovem havia trabalhos que as crianças desempenhavam bem ou mesmo melhor do que os adultos. Às vezes havia mais crianças do que adultos nas fábricas. As crianças não tinham direitos. Os trabalhos mais sujos foram dados à elas. Muitas vezes uma criança tinha que limpar sob as máquinas, mesmo enquanto elas estivessem funcionando. Havia pouca ou nenhuma medida de segurança posta em prática nos tempos vitorianos para a ocorrência de uma lesão ou até mesmo de morte, o que não era incomum. O trabalho infantil vitoriano consistia em horas de trabalho muito longas. A semana de trabalho normal era de segunda a sábado, a partir das 6 da manhã até as 20 horas. As crianças eram espancadas ou multadas caso adormecessem, cometessem  um erro ou se atrasassem o serviço.

Em 1881 Thomas Agnew, um homem de negócios de Liverpool visitou a Sociedade de New York para a Prevenção da Crueldade às Crianças. Ficou tão impressionado com o que viu que voltou para a Inglaterra e criou a Sociedade de Liverpool para a Prevenção da Crueldade às Crianças. A Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade às Crianças (SPCC) foi criada em 1891.

Abaixo depoimentos das crianças durante a fase mais dura da Revolução Industrial.

"Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição."
(Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank Forrest).

"São constantes as informações sobre crianças que trabalham em fábricas e que são cruelmente agredidas pelos supervisores a ponto de seus membros se tornarem distorcidos pelo constante ficar de pé e curvar-se (para apanhar). Por isso eles crescem e se tornam aleijados. Eles são obrigados a trabalhar treze, quatorze ou até quinze horas por dia."
(Trecho do livro “A História da produção de algodão”, de Edward Baines).

As crianças ocupavam todos os tipos de postos de trabalho, incluindo mineração, trabalho nas indústrias têxteis, na agricultura, como limpadores de chaminés e servos.

Elas tiveram uma existência triste.
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine
Imagem: Coleção Lewis Hine

Fonte:  Old Picz, Victorian Children
Imagens: Fick - Coleção Lewis Hine

26 de abril de 2016

Exercícios sobre a questão do trabalho em Marx, Weber e Durkheim

Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes
A questão do trabalho em Marx, Weber e Durkheim

Imagem: Reprodução
Para a Sociologia, a vida cotidiana é marcada profundamente pela maneira como as relações de trabalho se apresentam em determinado momento histórico.
Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim dedicaram uma parte central de suas teorias à reflexão sobre o mundo do trabalho capitalista. De formas diferentes, esses expoentes do pensamento socioeconômico elaboraram análises que ainda hoje ajudam a compreender a sociedade em que vivemos.

1) Quais são os três elementos que Karl Marx identifica no processo de trabalho?
Marx identifica três elementos no processo de trabalho: a força de trabalho (o potencial humano), o objeto de trabalho (aquilo que será modificado pela atividade humana) e o meio de trabalho (os instrumentos utilizados para produzir ou mesmo o espaço onde se produz).

2) Segundo Marx, o principal mecanismo utilizado pelos donos dos meios de produção para se obter lucro é a mais-valia. Como isso acontece?
A mais-valia é o excedente de valor obtido pela exploração do trabalho. Como isso acontece? A transformação de uma matéria-prima agrega valor ao produto. O trabalho por si só gera valor. A força de trabalho, sendo pensada como uma mercadoria, que pode ser vendida e comprada, quando empregada na transformação de um objeto de trabalho, acrescenta valor ao produto. Esse valor que é acrescido ao produto, no entanto, não é repassado ao trabalhador, mas é apropriado pelos donos dos meios de produção.

3) Quais são as duas formas de se obter a mais-valia?
Há duas formas de se obter a mais-valia. A primeira está relacionada ao aumento de horas trabalhadas, o que permite ao burguês se apropriar do aumento de riqueza gerada pelo proletariado, já que ele passa mais tempo trabalhando e aumenta a produção. Essa é a mais-valia absoluta.
A segunda forma é aquela que deriva da incorporação de tecnologia ou de organização do trabalho que aumenta a produtividade do trabalhador. Ele não tem a sua jornada de trabalho aumentada, mas produz mais riqueza no mesmo período de tempo. Essa é a mais-valia relativa.

4) Para Marx, como acontece a exploração do trabalhador?
Para Marx, a exploração do trabalhador começa com a expropriação dos meios de produção sofrida por ele. Do processo de trabalho no qual os homens coletivamente transformam e produzem restou ao trabalhador somente a força de trabalho, que é vendida ao capitalista como uma mercadoria. O proletariado é explorado pela burguesia quando esta se apropria do excedente da produção, o que configura uma forma de desigualdade social.

5) Max Weber ao analisar o tema trabalho partiu de pontos de vista diferente ao de Karl Marx. Explique a visão religiosa de Weber sobre o trabalho.
Para Weber o capitalismo industrial tem a sua origem na ideologia puritana e calvinista.
Havia presença muito significativa de protestantes entre os empresários e os trabalhadores qualificados nos países capitalistas mais industrializados. Weber imaginou que deveria existir uma relação entre certos valores calvinistas e protestantes e a origem do capitalismo moderno.
apontando as conexões entre as mudanças na esfera religiosa e as transformações na economia - o que Max Weber chama de espírito do capitalismo - haveria uma associação entre trabalho e a possibilidade de salvação espiritual.

6) Como Weber explica a existência de ricos e pobres?
Weber afirma que, para os protestantes, é a partir do sucesso profissional que o indivíduo recebe a indicação da salvação: o sucesso do seu trabalho é o sinal divino de que a pessoa será salva. Com isso "explicaria" a existência de ricos e de pobres, os ricos seriam, então, disciplinados e imbuídos de espírito empreendedor, ao passo que os pobres se deixariam levar pela imprevidência e pela preguiça, motivo pelo qual não teriam prosperado. Assim, Deus abençoaria seus escolhidos por meio do sucesso do seu trabalho.

7) Émile Durkheim argumenta que o trabalho representa uma esfera primordial para a existência da solidariedade em uma comunidade. Explique o que isso significa.
Durkheim argumenta que a intensa Divisão Social do Trabalho se consolida como um dos fatores que possibilitam a existência de coesão social.
O trabalho representa uma esfera primordial para a existência da solidariedade em uma comunidade. Diferentemente do senso comum, que costuma definir tal conceito como sinônimo para ações altruístas, Durkheim desenvolve a ideia que representa todo tipo de elemento ou característica que explica a harmonia entre os indivíduos de uma sociedade.

8) Quais os dois tipos de solidariedade gerada pela especialização da divisão do trabalho?
A solidariedade mecânica é típica das sociedades pré-capitalistas, nas quais a coesão social se constrói a partir da forte identificação dos indivíduos com as tradições e costumes culturais da comunidade, pois a divisão do trabalho pouco influencia nas relações. Nesses casos, a consciência coletiva produz intenso poder de coerção nas ações individuais.
A solidariedade orgânica existe nas sociedades capitalistas, caracterizadas pelo alto grau de divisão do trabalho e maior heterogeneidade cultural. A grande diversidade de funções e trabalhos produzidas nessas sociedades faz com que se fortaleça a interdependência entre seus integrantes.

Fonte: Vários autores. Sociologia em movimento. 1 ed. São Paulo, Moderna, 2013.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa