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18 de abril de 2021

As categoria de países do mundo

 

Imagem: Wikipédia

Para analisarmos a geopolítica da atualidade, é muito importante entendermos o que está por trás de  algumas das expressões utilizadas para designar as diversas categorias de países do mundo.

De acordo com o site CADTM (Comitê para abolição das dívidas ilegítimas),os termos usados para designar as  categorias de países refletem divergências teóricas e políticas em matéria de análise e estratégia.  Assim, o conceito amplamente utilizado de subdesenvolvimento designa atraso, muitas vezes atribuído a causas naturais. Vamos analisar alguns desses termos:

10 de novembro de 2020

Bem público

bem público constitui a própria razão do Estado. Compreende um conjunto de ações políticas e instituições específicas que podem contribuir para que os seres humanos atinjam certo padrão de qualidade de vida. Dessa forma, podemos entender os bens públicos como materiais (prédios públicos, como escolas e postos de saúde, mas também as praças, as ruas etc.) e imateriais (as leis, os direitos, os serviços públicos etc.).

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

Poder Judiciário

 Ao Judiciário compete aplicar a lei e, teoricamente, segundo as normas legais estabelecidas pelo Direito, "fazer reinar a Justiça" no relacionamento dos indivíduos entre si e com o Estado, bem como as relações entre as instituições. Sua estrutura é composta por juízes e promotores. Na esfera nacional estes são nomeados pelo Executivo e aprovados pelo Legislativo. Nas esferas estaduais, a grande maioria entra por concursos  públicos. São eles que desempenham os papeis de garantidores da lei quando há conflitos de interesses entre pessoas, grupos e instituições. Para desempenhar corretamente sua função, o Judiciário não pode estar submetido a nenhum dos outros poderes. No Estado brasileiro, procura-se garantir ao juiz o máximo de estabilidade no cargo e plena liberdade para interpretar a lei e ditar suas sentenças, sem receio de represálias, arbitrariedades ou pressões. O órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro é o Supremo Tribunal Federal - STF. Suas deliberações, sobre diversos temas, significam sempre a "última decisão", não cabendo, praticamente, qualquer tipo de recurso do ponto de vista jurídico.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

Poder Executivo

 Ao Poder Executivo compete a direção do Estado, segundo as leis emanadas do Legislativo. Cabe-lhe, entre outras coisas, no caso do presidente da República, cuidar de qualquer assunto que tenha interesse nacional (em nível estadual, os governadores cuidam dos assuntos dos estados; e em nível municipal, os prefeitos se responsabilizam pelos assuntos do município); manter a ordem interna e a soberania externa; administrar todos os setores da vida pública; criar e extinguir órgãos ou cargos administrativos; nomear ou demitir funcionários; arrecadar e administrar os recursos econômicos necessários ao funcionamento da máquina governamental e à promoção do bem público, tais como educação, saúde, assistência social etc.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

Poder Legislativo

 É constituído por um conjunto de representantes do povo, eleito pelos cidadãos que têm direito ao voto. Ao nível federal, é formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, que constituem o Congresso Nacional. Os deputados federais são eleitos para seus mandatos políticos a cada quatro anos e os senadores, a cada oito anos. Nos estados são formadas as Assembleias Legislativas, com os deputados estaduais eleitos a cada quatro anos. Já nos municípios temos as Câmaras de vereadores, onde os representantes são eleitos também a quatro anos. As principais funções do Legislativo são: legislar, isto é, elaborar ou receber, discutir e aprimorar (ou rejeitar) os projetos de leis; fiscalizar o Executivo no desempenho de suas funções e, em alguns casos, julgar os chefes do Executivo, quando acusados de crime.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

8 de novembro de 2020

ONU

 

Imagem de Miguel Á. Padriñán por Pixabay

A Organização das Nações Unidas (ONU), composta de 193 países, foi fundada em outubro de 1945, no contexto internacional que se abria após o término da Segunda Guerra Mundial. Sua criação teve como principal objetivo evitar guerras e manter a paz mundial. Antes da ONU, fora criada a Liga das Nações, durante a Conferência de Paz, em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, que, no entanto, fracassara na tentativa de evitar guerras e foi extinta. O mais recente país a ingressar na ONU foi o Sudão do Sul, em 2011.

A criação da ONU não se deu de uma hora para outra. Embora tenha surgido em 1945, seu embrião já podia ser visto em 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial, quando 26 países assinaram um documento instituído Declaração das Nações Unidas, em que se comprometiam a combater os países do Eixo. Ao término da Segunda Guerra, em 25 de abril de 1945, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, 51 países assinaram o documento que estabeleceu os princípios do organismo: a Carta da ONU. Esses 51 países são considerados os fundadores da ONU, e o Brasil está entre eles. Em 24 de outubro de 1945, com a ratificação da Carta, era criada oficialmente a organização; o dia 24 de outubro ficou conhecido como o dia da ONU.

Os princípios que regem a ONU

  • A Organização se baseia no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros.
  • Todos os membros se obrigam a cumprir de boa-fé os compromissos da Carta.
  • Todos deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
  • Todos deverão abster-se em suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao emprego da força contra outros Estados.
  • Todos deverão dar assistência às Nações Unidas em qualquer medida que a Organização tomar em conformidade com os preceitos da Carta, abstendo-se de prestar auxílio a qualquer Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.
  • Cabe às Nações Unidas fazer com que os Estados que não são membros da Organização ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais.
  • Nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a intervir em assuntos que são essencialmente da alçada nacional de cada país.
A ONU possui seis idiomas oficiais (árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo) e apresenta uma estrutura com sete órgãos principais:
  • Assembleia Geral;
  • Conselho de Tutela;
  • Conselho de Segurança;
  • Conselho Econômico e Social;
  • Secretariado;
  • Tribunal Internacional de Justiça;
  • Tribunal Penal Internacional.
Dois desses órgãos possuem mais evidência na agenda internacional: a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança.

A Assembleia Geral da ONU reúne anualmente, no mês de setembro, representantes de todos os países-membros. Trata-se de uma instância consultiva e democrática: cada país, um voto. A função da Assembleia é discutir e encaminhar soluções sobre os principais problemas internacionais, assim como avaliar o orçamento da ONU. A Assembleia é soberana para definir se determinado assunto será encaminhado por maioria simples ou se será submetido a uma aprovação de 2/3 dos membros. É no âmbito da Assembleia que são discutidos alguns dos mais polêmicos assuntos internacionais e que novos membros são admitidos ou expulsos. Tradicionalmente nas reuniões anuais, a assembleia Geral é aberta pelo chefe de Estado brasileiro, tradição que vem desde a Assembleia inicial realizada em 1947, quando o primeiro a discursar na seção foi o diplomata Oswaldo Aranha.

Já o Conselho de Segurança da ONU é tido como a entidade máxima do poder mundial, a instância decisória sobre questões de segurança internacional. Somente ele pode aprovar resoluções relacionadas a guerras. Para entender o porquê disso, é necessário conhecer um pouco melhor sua estrutura e funcionamento.

O Conselho de Segurança é constituído por 15 membros, mas com uma flagrante hierarquia de poder: cinco são permanentes e têm ¹poder de veto; os outros dez são rotativos e não possuem tal poder. Essa situação não configura uma representatividade igualitária, mas uma clara relação desigual de poder, por isso a reforma do Conselho é um dos temas mais debatidos nas relações internacionais contemporâneas.

Os cinco membros permanentes são: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. Os outros dez são eleitos pela Assembleia Geral para um mandato de dois anos. O que justifica o status dos membros permanentes é o fato de serem considerados os vencedores da Segunda Guerra Mundial.

1. Poder de veto: Poder de vetar uma resolução internacional estabelecida pelo Conselho de Segurança da ONU, condição especial que somente cinco países têm.

Fonte: SILVA, Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.

ROTEIRO DE ESTUDO - Revisando

1. A Organização das Nações Unidas (ONU) é composta por 193 países. O mais recente país a ingressar na ONU foi o Sudão do Sul. Quando foi criada a ONU e sob qual justificativa e contexto?

2. O Conselho de Segurança da ONU é a entidade máxima do poder mundial, a instância decisória sobre questões de segurança internacional. Somente ele pode aprovar resoluções relacionadas a guerras. como está estruturado o Conselho de Segurança da ONU nos dias atuais?

3. A ONU vai muito além da mediação internacional, cumprindo importante papel na área social, econômica, cultural, ambiental e de direitos humanos em todo o mundo por meio de suas agências, programas ou fundos. Pesquise quais são as agências da ONU e relacione qual você considera a mais importante. Justifique a sua resposta.

Olhar cartográfico

- Discuta a pertinência da projeção cartográfica do símbolo da ONU e compare com as demais projeções que você conhece. Observe que, no entorno do globo, há um símbolo. O que ele representa?

Logomarca Nações Unidas

Sistema internacional

 

Imagem: Reprodução

Chamamos de sistema internacional o conjunto de Estados existentes. Os Estados estão organizados em territórios delimitados por fronteiras, onde exercem soberania e não obedecem a nenhuma instância de poder.

No âmbito externo às fronteiras dos Estados, não existe uma entidade soberana que detenha o monopólio do poder mundial, uma única voz que se projete sobre o sistema internacional.

Embora muitos atribuam à Organização das Nações Unidas (ONU) esse papel, a função e os objetivos da ONU são outros, embora a entidade seja muito importante na manutenção da paz mundial. A ONU, em tese, não tem o poder de interferir nos assuntos internos de um Estado. Além disso, um Estado pode optar por não pertencer à ONU.

Uma vez que não há uma entidade soberana que exerça o domínio sobre o poder mundial, torna-se necessário que os Estados busquem a coexistência pacífica. A necessidade de convivência em uma sociedade global deu origem ao termo comunidade internacional. No entanto, nem sempre se alcança êxito na busca da coexistência pacífica por meio do diálogo entre as nações. O conflito de interesses entre elas pode levar a guerras.

No estudo das Relações Internacionais há correntes teóricas que entendem o sistema internacional de forma distinta, entre as quais se destacam duas escolas. A realista entende-o como um campo conflituosos no qual as relações não permitem maiores cooperações entre os Estados, uma vez que estes estão sempre em busca de poder. Nessa perspectiva, todo Estado tem dois objetivos: primeiro, a autodefesa, ou seja, garantir a sobrevivência; segundo, sobrepor-se aos demais Estados. 

Já a escola neoliberal entende o sistema internacional como passível de cooperação entre os Estados, em que o aspecto econômico pode preponderar sobre o político-militar. Ou seja, os neoliberais têm uma perspectiva cooperativa do sistema internacional, ao passo que os realistas o entendem como em permanente conflito.

Esse é o debate central vigente nas relações internacionais: um mundo que flutua entre a paz e a guerra, entre o conflito e a cooperação.

Fonte: SILVA, Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.

ROTEIRO DE ESTUDO - Revisando

1. Por que dizemos que o tema "internacional" é hoje mais presente na vida das pessoas?

2. Como a Geografia pode contribuir para uma melhor compreensão do espaço mundial?

3. Você entende que há uma voz soberana no sistema internacional que detenha o monopólio da autoridade? Justifique.

4. Uma das escolas expoentes de interpretação das Relações Internacionais é o realismo. O que diz o realismo sobre o sistema internacional?

5. No estudo das Relações Internacionais, outra corrente teórica que analisa o sistema internacional é o neoliberalismo. O que defende a prerrogativa neoliberal para o sistema internacional?

Estado-nação

"Um Estado-nação é uma área histórica que pode ser identificada como possuidora de uma política legitimada, que pelos próprios meios, constitui um governo soberano. Enquanto um estado pode ser definido como uma entidade política e geopolítica, já nação é uma unidade étnica e cultural. O termo "estado-nação" implica uma situação onde os dois são coincidentes (...)".

Quando uma nação é organizada politicamente e exerce soberania sobre um território, é um Estado-nação. Um Estado-nação é resultado de uma série de processos históricos através dos quais uma sociedade estabelece uma organização política e uma organização jurídica. A organização política implica a criação de um governo que tenha poder sobre toda a sociedade e que administre o Estado. A organização jurídica é o conjunto de normas que permitem que o Estado seja administrado.

Um Estado-nação é formado por cidadãos que se consideram parte de uma mesma nação. Sob essa ótica, todas as sociedades modernas são Estados-nações, uma vez que estão organizadas sob o comando de um governo instituído que controla e impõe suas políticas.
Imagem: Reprodução


Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado-nação
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/conceito-estado-nacao.htm

7 de novembro de 2020

Fronteiras

O mapa-múndi mostra os vários países do mundo. As linhas que delimitam esses países são as fronteiras. Elas dão aos países a forma representada nos mapas, podendo ser naturais (uma cordilheira ou um rio, por exemplo) ou artificiais (uma construção humana).

As fronteiras definem a extensão geográfica da soberania do Estado. No espaço que delimitam, ou seja, no território nacional, o poder do Estado é soberano. É ele que estabelece as divisões internas, realiza os censos, organiza as informações sobre a população e as atividades econômicas e formula estratégias de desenvolvimento ou de proteção desse território.

Embora as fronteiras pareçam elementos fixos, a realidade da divisão política demonstra o contrário. Por serem estáticos, os mapas passam essa falsa impressão de fixidez, mas basta nos lembrarmos das guerras para contradizê-la.

Em geral, após o término dos conflitos, as partes que estavam em guerra negociam um acordo de paz. Muitas vezes, impõe-se ao perdedor alguma sanção relativa a seu território, que pode ser subdividido ou até perdido em benefício das partes vencedoras. O território do antigo Império Austro-Húngaro, por exemplo, foi desmembrado após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) em três Estados independentes: a Áustria, a Tchecoslováquia e a Hungria.

A questão das fronteiras é muito complexa e não se restringe à linha que demarca os territórios. Em regiões de fronteira, é comum as línguas, os costumes, e até as moedas se misturarem. Diversos estados brasileiros apresentam essas regiões fronteiriças em que a linha divisória dos países permite o fluxo diário de pessoas, mercadorias e dinheiro de um lado para o outro.

Imagem: Tríplice fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai
(Reprodução)
Fonte:
BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

6 de novembro de 2020

Hegemonia

A palavra  hegemonia é derivada do grego egemonía, que significa "direção suprema". Foi com esse significado que os estudiosos da política empregaram o termo, para indicar o domínio de um Estado soberano sobre os demais Estados que integram o sistema internacional.

É a "liderança associada à capacidade de um Estado (elite ou grupo) de se apresentar como portador de um interesse geral, e ser assim percebido pelos outros. Portanto, nação ou elite hegemônica são aquelas que produzem discursos hegemônicos que têm a competência de conduzir um sistema (de nações ou culturas) a uma direção desejada; mas, ao assim fazer, ainda conseguem ser percebidas como se buscassem o interesse geral".
(DUPAS, Gilberto. O mito do progresso. São Paulo: Editora da Unesp, 2006. p. 16.)

Nas relações internacionais, considera-se uma situação hegemônica aquela em que há grande disparidade em favor de um Estado, o qual tem imensa capacidade para impor-se diante de concorrentes no sistema. Controla o acesso às matérias primas, recursos naturais, capitais e mercados, apresenta vantagens competitivas na produção de bens de alto valor agregado, gera uma ideologia aceita por outros Estados.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia          https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/hegemonia-forma-de-exercicio-do-poder-altera-relacoes-sociais.htm

Geopolítica

Imagem: Reprodução

A geopolítica estuda as relações entre espaço geográfico e poder. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo cientista político sueco Rudolf Kjellen (1864-1922) no início do século XX quando se consolidou como campo de estudo, com base na disputa de poder e da hegemonia entre Estados, através das estratégias políticas e militares utilizadas para a segurança nacional, expansão das fronteiras e domínios de outros territórios. Nesse sentido, a geopolítica sempre existiu, embora o termo tenha sido utilizado pela primeira vez há pouco mais de um século. A geopolítica global surgiu com o mundo moderno, a formação dos Estados nacionais europeus, a expansão mercantilista e as conquistas territoriais marcadas pelas Grandes Navegações.

Existem diferenças entre o conceito de geopolítica e o de geografia política. A geopolítica é um saber prático, comprometido com as estratégias de poder dos Estados em sua dimensão espacial. Já a geografia política é um ramo da ciência geográfica que estuda a distribuição dos Estados no planeta, a organização dos territórios e as fronteiras.

Foi, sobretudo, a partir do século XXI que os conhecimentos acerca dos territórios e de seus recursos naturais passaram a legitimar a ação dos Estados. Conhecer os fatores econômicos, demográficos e territoriais que podem influenciar as relações internacionais tornou-se cada vez mais importante. Assim, a geopolítica constitui-se como um campo de estudos e práticas úteis aos Estados nacionais no estabelecimento de seus interesses territoriais e estratégias diplomáticas ou de guerra.

No século XX, com duas guerras mundiais e a Guerra Fria, mostrou que o caminho para o consenso geopolítico é difícil e que as soluções encontradas em longas negociações podem não agradar a todos os países envolvidos.

Durante a Guerra Fria, havia a grande rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética pela hegemonia mundial. A queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética marcaram o fim dessa lógica bipolar, mas não geraram um sistema de Estados mais estável. O mundo contemporâneo é palco de uma multiplicidade de conflitos nacionais e civis, que desafiam os equilíbrios de poder regionais e as fronteiras políticas, além de atingir duramente a economia dos países afetados e colocar em risco a vida de milhões de pessoas.

Fonte: 
BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Nação

O conceito de nação está ligado à identidade, à cultura e aos aspectos históricos.

A população de um país é formada por diversos grupos. Quando partilham a mesma origem, língua, tradições, costumes e cultura esses grupos formam uma nação. As nações antecedem o Estado e tem um caráter mais subjetivo e humano. Significa uma união entre um mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de união entre si.

Um Estado pode ser formado por diversas nações, assim como uma nação pode estar dividida em diversos Estados. O Brasil, por exemplo, abriga diversas nações indígenas, que, por se localizarem no território brasileiro, respondem aos desígnios do Estado nacional brasileiro.

A Espanha é exemplo de Estado com diversas nações. Existem os catalães, os bascos, navarros, entre outros. A maior parte dessas nações reivindica a criação de seus Estados independentes, com a delimitação de seus respectivos territórios, algo ainda não conseguido.

Nação sem território

Os bascos

Os bascos são considerados como uma nação, composta pelo seu próprio idioma (o basco) e os seus próprios valores culturais e de pertencimento, mas sem possuírem o seu próprio Estado independente constituído.

Ocupam uma região localizada ao sul da França e ao norte da Espanha, com registros históricos de ocupação datados de mais de cinco mil anos. No local hoje residem mais de 2,5 milhões de pessoas. 

A luta separatista é mais intensa na porção espanhola de sua ocupação, enquanto na França a convivência é mais pacífica.

Imagem: Reprodução
Os curdos

Os curdos são uma etnia originária do Oriente Médio. Habitam atualmente uma região que abrange quatro países: Turquia, Irã, Iraque e Síria. A região é território de árabes, persas e turcos, que não enxergam o povo curdo como uma etnia com seus próprios princípios e tradições. Trata-se um povo que por onde quer que olhe, enxerga a negação de suas culturas e valores. 

É o maior povo sem pátria do mundo. Calcula-se que existem cerca de 30 milhões de curdos espalhados pelo mundo, povo que luta a mais de dois séculos por reconhecimento étnico e geográfico. Este povo fez parte do Império Turco-Otomano e não recebeu um território para constituir um país independente após a Primeira Guerra Mundial.
Imagem: Reprodução

Fonte: BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
https://www.politize.com.br/estado-pais-nacao-diferencas/
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/diferencas-entre-estado-pais-nacao-territorio.htm
https://www.preparaenem.com/geografia/questao-basca.htm
https://www.politize.com.br/curdos/
https://www.todamateria.com.br/curdos/

Território

Imagem: Reprodução

O conceito de território é um dos conceitos-chave da Geografia. O território faz parte da esfera da política, já que é sempre expressão de uma relação de poder que delimita determinadas porções do espaço. A origem desse conceito pode ser encontrada na obra do geógrafo alemão Friedrich Ratzel, considerado o fundador da Geografia Política. Para Ratzel, o território delimitado por fronteiras políticas, ou seja, o Estado, deveria ser o principal objeto de estudo da Geografia, já que a construção de um território estatal era vista por ele como a mais importante conquista cultural da humanidade.

Uma determinada área, em qualquer ponto do espaço geográfico, pode ser definida por seu tipo de governo, sua cultura, seu sistema econômico e outros agentes que influenciam a sua organização e a individualizam nesse espaço. Essa área, delimitada no espaço geográfico, pode ser considerada um território. No entanto, por ser fruto do trabalho de uma sociedade no decorrer de sua história, um território apresenta grande complexidade econômica e cultural. A noção de poder, domínio ou influência de vários atores (políticos, econômicos e sociais) e a forma como eles moldaram a organização desse território no espaço geográfico expressam uma determinada territorialidade. Por esse motivo, não só os Estados exercem a territorialidade. Outros atores, como as metrópoles mundiais, os organismos econômicos mundiais (FMI, Bird), grandes empresas transnacionais e até mesmo organizações criminosas exercem a territorialidade, ou domínio, em várias frações ou porções do espaço geográfico.

O território é uma dimensão analítica da Geografia Política indissociavelmente ligada à ideia de poder. Na Geografia, não se concebe o território meramente como uma extensão de terras, algo puramente físico, mas também o uso humano e político que dele se faz.

O território nacional é a área apropriada, controlada e administrada por um Estado, na qual este exerce sua soberania e à qual se limita o exercício da lei. A soberania consiste na liberdade de um Estado exercer poder político sobre seu território, sem intervenção de outros países ou grupos. As leis são aplicadas aos indivíduos que se encontram nos limites territoriais de cada Estado.

Portanto, quando falamos em “território brasileiro” estamos falando de seu espaço delimitado correspondente, delimitação essa exercida por meio de um domínio que é reconhecido internacionalmente. Podemos entender que o Brasil é soberano sobre o seu território, exercendo sobre ele a sua vontade.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.
BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

13 de julho de 2017

Questões sobre globalização (Enem e vestibulares)

1.  ENEM 2016 1° dia - Caderno 3 - Branco - Questão 45
Dados recentes mostram que muitos são os países periféricos que dependem dos recursos enviados pelos imigrantes que estão nos países centrais. Grande parte dos países da América Latina, por exemplo, depende hoje das remessas de seus imigrantes. Para se ter uma ideia mais concreta, recentes dados divulgados pela ONU revelaram que somente os indianos recebem 10 bilhões de dólares de seus compatriotas no exterior. No México, segundo maior volume de divisas, esse valor chega a 9,9 bilhões de dólares e nas Filipinas, o terceiro, a 8,4 bilhões.
HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Edunesp, 2006.

Um aspecto do mundo globalizado que facilitou a ocorrência do processo descrito, na transição do século XX para o século XXI, foi o(a)
a) integração de culturas distintas.
b) avanço técnico das comunicações.
c) quebra de barreiras alfandegárias.
d) flexibilização de regras trabalhistas.
e) desconcentração espacial da produção.

2. FUVEST 2013 2a Fase
A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, “EPA”, estima que 30 a 40 milhões de computadores pessoais são descartados anualmente no mundo. O programa ambiental das Nações Unidas, “UNEP”, calcula em 50 milhões de toneladas anuais a produção mundial de lixo eletrônico, “e-waste”. Os maiores produtores desse tipo de dejetos são os Estados Unidos, a Europa e o Japão, os quais reciclam cerca de 30% deles, sendo o restante exportado principalmente para a China, países da África, Índia e Paquistão.
National Geographic – High-Tech Trash, 2008. Adaptado.

a) Aponte um motivo pelo qual os países desenvolvidos exportam parte de seu lixo eletrônico. Explique.
b) Indique um motivo pelo qual países pobres, ou em desenvolvimento, aceitam receber o lixo eletrônico proveniente de países exportadores desse lixo. Explique.

3. FUVEST 2014 1a Fase
O local e o global determinam-se reciprocamente, umas vezes de modo congruente e consequente, outras de modo desigual e desencontrado. Mesclam-se e tensionam-se singularidades, particularidades e universalidades. Conforme Anthony Giddens, “A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção inversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é, assim, uma parte da globalização”.
Octávio Ianni, Estudos Avançados. USP. São Paulo, 1994. Adaptado.

Neste texto, escrito no final do século XX, o autor refere-se a um processo que persiste no século atual. A partir desse texto, pode-se inferir que esse processo leva à
a) padronização da vida cotidiana.
b) melhor distribuição de renda no planeta.
c) intensificação do convívio e das relações afetivas presenciais.
d) maior troca de saberes entre gerações.
e) retração do ambientalismo como reação à sociedade de consumo.

1 de junho de 2017

A guerra fria e o mundo bipolar

Imagem: Reprodução

Guerra Fria


Foi uma disputa indireta, porque não ocorreu um confronto direto entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) e ideológica, porque cada lado, dentro da sua rivalidade, impulsionava também a implantação de um modelo político e ideológico (capitalismo e socialismo).

Foi uma guerra não declarada entre Estados Unidos e União Soviética pelo controle econômico e militar do mundo. Durante a guerra fria o poder das armas valia mais que o poder do dinheiro.

O contexto da guerra fria acontece logo após o final da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), quando boa parte das potências mundiais estavam em processo de reconstrução. Apenas Estados Unidos e União Soviética tinham condições de assumir a hegemonia do mundo, contudo um era obstáculo para o outro. Começa, assim, o clima de tensão e disputa entre os dois países que durou quase meio século, de 1945 a 1991.

As duas potências procuraram manter a hegemonia sobre as suas áreas de influência a qualquer custo. Isso motivou a intervenção de tropas soviéticas na Hungria, em 1956, e na antiga Tchecoslováquia, em 1968, quando esses países tentaram se afastar do domínio soviético.

O governo norte-americano interveio na China, na Coreia e em Cuba, procurando manter a sua hegemonia.

Todo o mundo estava alinhado com Estados Unidos e União Soviética?

Vamos retomar a classificação dos países na época: Primeiro Mundo, os países capitalistas desenvolvidos; Segundo Mundo, os países socialistas; terceiro mundo, os países subdesenvolvidos. O grupo de países do Terceiro Mundo era formado pelos países pobres da África, da Ásia e da América Latina.

Na ONU, o bloco do Terceiro Mundo foi formado por países coloniais ou de passado colonial. Esses países tinham como principal objetivo a emancipação econômica, política, social e cultural. Esse grupo de países não alinhados tentou manter uma certa autonomia em relação às disputas entre Estados Unidos e União Soviética.

6 de dezembro de 2015

Exercícios - A Guerra Fria e o mundo bipolar

Guerra Fria: Foi a disputa indireta (porque não ocorreu um confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética) e ideológica (cada lado, dentro da sua rivalidade, impulsionava também a implantação de um modelo político e ideológico de Estado e economia, era o capitalismo americano contra o socialismo soviético).

O contexto do conflito se passa no mundo pós 2ª Guerra Mundial, pois, boa parte das grande potências mundiais tinham acabado de se enfrentar e estavam em processo de reconstrução. Havia uma “vaga” de grande potência mundial e muitos concorrentes estavam impossibilitados de disputar o cargo, apenas EUA e URSS tinham condição de assumir a hegemonia, contudo, um era o obstáculo do outro.

Começa assim o clima de tensão e disputa entre os países que mesmo de forma indireta viveram períodos muito atuantes na busca de ser superior ao concorrente. Entre as formas de disputa destacamos:
- Corrida armamentista (disputa para ver quem conseguiria ter a melhor e maior produção bélica mundial) – tal corrida acabou motivando e aumentando conflitos, na justificativa da enorme produção de armamentos que precisavam de um uso.
- Corrida espacial – Na briga para ver quem chegava ao espaço primeiro, os soviéticos levaram a melhor com Yuri Alekseievitch Gagarin em 1961 e os Estados Unidos chegaram à Lua em 1969.
- Disputa por áreas de influência – espaços conflituosos eram logo divididos também em relação aos apoios, quando EUA apoiava certo grupo ou país, a URSS apoiava seu oponente (Ex: Coreias do Norte e do Sul, Cuba, Angola e sua disputa política...)
-Jogos olímpicos - A disputa entre EUA e URSS foi muito forte nesse período.
-Produção tecnológica - No início, tanto EUA, como URSS se equiparavam, principalmente em relação aos armamentos e tecnologia aeroespacial.


Questões sobre a guerra fria e o mundo bipolar

1) (Cesgranrio) Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se uma ordem político-econômica internacional que expressou o(a):
a) conflito político e ideológico entre a União Soviética e os Estados Unidos.
b) supremacia política e militar da Europa Ocidental.
c) subordinação neocolonial dos países árabes e da América Latina.
d) liderança política mundial da China Comunista através de sua participação na ONU.
e) hegemonia econômica mundial das ex-nações imperialistas, tais como a Inglaterra e a França.

2) (Faap) Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS estruturou um plano de cooperação política com os países do bloco oriental, criado, em 1947:
a) o Comecom
b) o Kominform
c) o Pacto de Varsóvia
d) o Plano Marshall
e) a Otan
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa