Mostrando postagens com marcador geografia agrária. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador geografia agrária. Mostrar todas as postagens

11 de dezembro de 2020

Agricultura camponesa

 A expansão das cadeias produtivas agroindustriais e o controle do mercado mundial de alimentos por grandes grupos empresariais provocaram uma expressiva transformação: a padronização do cardápio alimentar. É comum encontrar nas prateleiras dos supermercados ou das redes de fast-food os mesmos tipos e marcas de alimentos em diferentes países. Apenas quatro grãos - arroz, milho, trigo e soja - concentram quase a totalidade dos alimentos consumidos pela população mundial.

A padronização alimentar modifica a forma de preparar a comida, empobrece o perfil alimentar da população e compromete os diferentes modos de viver e a preservação da cultura local.

Para que haja soberania alimentar, é preciso valorizar os produtores agrícolas locais, especialmente as famílias e as comunidades rurais de diferentes regiões da Terra que preservaram nas lavouras de subsistência imensa diversidade de culturas alimentares, peculiares em cada região.

São esses trabalhadores rurais, os camponeses, que aprenderam a manter a fertilidade do solo nos sistemas agrícolas de florestas e savanas tropicais, nos cultivos irrigados das regiões desérticas e semidesérticas, na rizicultura dos campos irrigados das regiões tropicais úmidas, nos cultivos associados à criação de animais das regiões temperadas, nas atividades de pastoreio das regiões herbáceas frias ou semidesérticas. Da mesma forma, são os camponeses que estabeleceram laços de vizinhança em mutirões de trabalho ou o consumo de bens e serviços em localidades próximas para a manutenção de ferramentas e suprimentos de produtos não produzidos por eles, favorecendo o mercado local.

Por essas razões, a agropecuária camponesa é considerada uma alternativa ao empobrecimento da dieta alimentar e ao controle absoluto do setor agrícola pelas cadeias agroindustriais, que utilizam cada vez mais as sementes transgênicas. Ao manejarem sistemas agrícolas muito antigos, os camponeses produziram as próprias sementes, chamadas de sementes crioulas, preservando a diversidade genética das plantas agrícolas e de raças e mudas adaptadas a condições ambientais das comunidades locais.

Imagem: Reprodução

Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Slow Food

 Para impedir que o patrimônio cultural gastronômico de várias regiões do mundo seja destruído pela ação dos alimentos industrializados, enlatados, congelados e sem personalidade, em 1986 surgiu na Itália o movimento Slow Food (em inglês "comida lenta"). O movimento e a organização não governamental fundados por Carlo Petrini tem como objetivo promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente. O movimento é mais uma reação à massificação e globalização da culinária representada pelas cadeias industriais de fast-food.

 O Slow Food valoriza o processo cultural que determinou a receita de cada alimento, de cada prato, dissemina o respeito pela qualidade dos ingredientes e desenvolve nos consumidores a percepção de que cada ambiente natural deixa sua marca nos produtos alimentícios. O símbolo do movimento Slow Food é o caracol, um bichinho lento, porém determinado.

Imagem: Reprodução
Fonte:
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
SLOW Food. Wikipédia a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Slow_food

10 de dezembro de 2020

A questão dos alimentos e da fome

Nas últimas décadas, houve uma mudança no padrão de consumo alimentar do brasileiro, que passou a consumir mais produtos industrializados. Isso permitiu às indústrias expandir sua produção de alimentos processados, como queijos e sucos.

França explica a mudança no padrão alimentar do brasileiro 

Os hábitos do brasileiro têm sido redefinidos a partir do surgimento da indústria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos processados, em detrimento de produtos regionais com tradição cultural, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o fast food predomina, tendo como contrapartida, o movimento slow food, que conjuga prazer e regionalidade no hábito alimentar.

Uma das preocupações quanto à ingestão de muitos desses novos produtos é o baixo valor nutricional. eles contêm alto teor de gorduras saturadas e açúcar, causando obesidade, além de outros problemas para a saúde.

O surgimento e/ou agravamento de patologias como desnutrição, dislipidemias, obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis estão intimamente ligadas a tais mudanças na alimentação do indivíduo. Cabe ao profissional nutricionista desenvolver estratégias de educação nutricional, visando desenvolver hábitos alimentares saudáveis e promover melhora na saúde e qualidade de vida da população.

O problema da fome


Fome é a situação de carência, por um período prolongado, de alimentos capazes de fornecer a energia e dos elementos nutritivos necessários para a vida e a saúde do organismo. Segundo a FAO (sigla em inglês da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o mínimo diário para a manutenção de uma pessoa saudável normalmente varia de 2200 a 3000 calorias.

A fome é uma das maiores mazelas da humanidade. É inaceitável que em pleno século XXI esse flagelo atinja milhões de pessoas. De acordo com relatório da FAO, O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018 (SOFI), em nível mundial quase 821 milhões de pessoas - cerca de uma em cada nove - foram vítimas da fome em 2017, um aumento de 17 milhões em relação ao ano anterior. O mesmo relatório aponta que no Brasil  2,5% da população passou fome em 2017, o que corresponde a 5,2 milhões de pessoas.

O desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido nas últimas décadas não foi suficiente para  erradicar da humanidade o sofrimento da fome. Apesar do aumento  da produção agrícola ocorrido em várias partes do planeta, a fome persiste. Atualmente, o mundo produz uma quantidade muito maior de alimentos do que seria necessário para a alimentação saudável de toda a população planetária. No entanto, há uma grande concentração dessa produção, e as populações mais pobres continuam sem acesso a alimentos.

Conforme  Silva (2016) a fome tem motivos:
Existem alguns motivos conhecidos que levam ao estado de fome crônica, tais como: fatores naturais, guerras civis, inabilidade governamental, técnicas rudimentares de produção. Já nos anos 1940, o geógrafo brasileiro Josué de Castro apontava o dilema da fome em seu clássico livro Geografia da fome. Segundo ele: "A fome é uma realidade  demasiado gritante e extensa para ser tapada com uma peneira aos olhos do mundo" ( CASTRO, 1946, p.15).

Imagem: Reprodução

Fonte:
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
FOME aumenta no mundo e na América Latina e no Caribe pelo terceiro ano consecutivo. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Disponível em: http://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/1152189/
FOME no Brasil. Observatório do Terceiro Setor. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/media-center/radio-usp/fome-no-brasil/
FRANÇA, F.C.O et al. Mudança dos hábitos alimentares provocados pela industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro. Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia. Disponível em: http://www2.uefs.br:8081/cer/wp-content/uploads/FRANCA_Fabiana.pdf

Segurança alimentar

"A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis". (II Conferência Nacional de SAN, 2004; LOSAN, 2006).

Segurança alimentar refere-se ao direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade que sejam produzidos de forma sustentável, econômica e socialmente. A fome, a má alimentação, a subnutrição e os preços abusivos são alguns dos fatores que indicam a falta de segurança alimentar.

O aumento do consumo de produtos industrializados, assim como de congelados, com baixo valor nutritivo e grande quantidade de açúcar, gorduras e alto teor calórico, tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento do número de pessoas obesas no mundo, sobretudo entre crianças e adolescentes. Esses novos padrões de consumo contribuem para a "insegurança alimentar", na medida em que se constata um significativo aumento de várias doenças associadas à ingestão desequilibrada de nutrientes, como doenças cardíacas, hipertensão e diabetes.

A Organização Mundial da Saúde tem proposto restrições às propagandas desses tipos de alimento dirigida às crianças, por considerar que estas são mais suscetíveis aos apelos comerciais.
Imagem: Reprodução

Fonte: 
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SOBERANIA alimentar e segurança alimentar e nutricional. Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN). Disponível em: http://www.ceresan.net.br/quem-somos/o-que-entendemos-por-ssan/

Soberania alimentar

Suprir as necessidades alimentares da população com base em suas próprias potencialidades técnicas e naturais confere aos países a possibilidade de preservar com mais facilidade os aspectos culturais relacionados à alimentação. Se um país consegue, a partir da sua capacidade produtiva e com recursos próprios, abastecer a população sem depender totalmente dos mercados internacionais, está a caminho de atingir a soberania alimentar.

Soberania alimentar é o direito de os povos produzirem e comercializarem localmente alimentos vinculados à sua cultura e ao seu modo de vida, com uma produção sem o uso de agrotóxico e tendo por objetivo a manutenção do equilíbrio ambiental.

A padronização alimentar  modifica profundamente a forma da preparação da comida, empobrecendo o perfil alimentar da população e comprometendo os diferentes modos de viver e a preservação das culturas locais.

É por isso que a decisão de que alimentos devem ser colocados no prato, assim como o controle da origem dos produtos e das condições em que são feitos, não podem ser delegados apenas a um seleto grupo de empresários. Cada país necessita manter o controle dos próprios hábitos alimentares, o que compete ao âmbito da soberania alimentar.

A soberania alimentar é alcançada quando o sistema de produção também é sustentável, com uso cada vez menor de agrotóxicos, substituição de modelos de produção de monocultura, e quando o país decide a sua própria política agrícola, ou seja, o que deve cultivar, como e quando comercializar, como atender os mercados interno e externo, etc.

No entanto, a soberania alimentar de um país é ameaçada pela presença de empresas estrangeiras em seus territórios. Grandes importadores e suas multinacionais do ramo alimentício expandiram-se em países agroexportadores e os transformaram em extensões de suas áreas produtivas.

Um exemplo disso é o impacto da produção de óleo de palma. A aquisição de terras de comunidades locais por grandes empresas para intenso aproveitamento do cultivo da palma provocou o esgotamento de solos e recursos hídricos e a destruição de florestas, colocando em risco a produção de alimentos de países como a Indonésia, Malásia e Honduras, grandes produtores de óleo de palma.

Em contraposição ao mercado global, que absorve grande parte da produção dos países, os sistemas produtivos locais - como a agricultura familiar no Brasil - são uma das principais garantias de soberania alimentar, pois abastecem os mercados internos.

"[…]. A soberania alimentar é a via para se erradicar a fome e a desnutrição e garantir a segurança alimentar duradoura e sustentável para todos os povos". (Fórum Mundial sobre Soberania Alimentar, Havana, 2001).

Imagem: Reprodução

Fonte:
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SOBERANIA alimentar e segurança alimentar e nutricional. Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN). Disponível em: http://www.ceresan.net.br/quem-somos/o-que-entendemos-por-ssan/

Fronteira agrícola

 Fronteira agrícola é a área de um país onde ocorre o avanço das atividades agropecuárias. As zonas de fronteira agrícola estenderam-se por florestas, matas e campos naturais, drenaram pântanos e alagadiços, dando lugar a plantações e pastagens, criaram milhares de represas e açudes para a irrigação de lavouras. No caso do Brasil, o avanço da fronteira agrícola ocorreu, principalmente sobre áreas dos biomas Cerrado e Amazônia,  respectivamente nas regiões Centro-OesteNorte de país.

Na história do Brasil, a fronteira agrícola se expandiu em função do crescimento da atividade econômica. Nos tempos da colonização a Mata Atlântica foi sendo destruída na costa nordestina para dar lugar ao cultivo de cana-de-açúcar, utilizada na produção de açúcar destinado à exportação. A cafeicultura, desenvolvida na região Sudeste, também contribuiu para o processo de destruição da Mata Atlântica. No século XIX e início do século XX, as plantações de café, que ocupavam inicialmente terras localizadas no Rio de Janeiro, foram espalhando-se por Minas Gerais e estendendo-se pelo interior de São Paulo. À medida que os solos foram se esgotando, a produção agrícola avançou para áreas de florestas em novas propriedades rurais.

A partir da década de 1970, juntamente com a implantação de ¹tecnologia no campo, o movimento da fronteira agrícola passou para os estados do Centro-Oeste, com o cultivo da soja.

Nas últimas décadas, a expansão da fronteira agrícola tem significado o desmatamento de grandes áreas da floresta Amazônica, comprometendo a manutenção da biodiversidade, destituindo povos indígenas, ribeirinhos e seringueiros de suas terras e comprometendo o modo de vida dessas comunidades. A expansão da fronteira agrícola permitiu que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores mundiais de soja e carne, mas tem causado graves prejuízos à natureza e à sociedade.

1. Tecnologia no campo: a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem como objetivo desenvolver inovações tecnológicas para a agropecuária brasileira.

 Região aproximada sob influência da fronteira agrícola Amazônica
Imagem: Inkscape., CC BY-SA 3.0

Fonte:
BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e identidade. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

9 de dezembro de 2020

Transgênicos

Na metade da década de 1990, um ramo da biotecnologia - a pesquisa genômica - passou a lidar com um novo campo que gerou e continua gerando muita controvérsia: a produção de organismos geneticamente modificados (OGMs), mais conhecidos como transgênicos. No caso das plantas, estas podem se tornar resistentes à ação de pragas ou de herbicidas. Outras modificações genéticas mais antigas, como melhoramento de sementes ou o aumento na proporção de nutrientes dos alimentos foram menos criticadas.

Essa nova tecnologia apresenta vários aspectos positivos e negativos, o que tem gerado muita polêmica. Entre os positivos destacam-se a elevação nos índices de produtividade, a redução do uso de agrotóxico e a consequente redução dos custos de produção e das agressões ambientais, além da criação de plantas resistentes a vírus, fungos e insetos, bem como de variedades resistentes a secas e solos ácidos. Quanto aos aspectos negativos, aponta-se a falta de conclusões confiáveis sobre os eventuais impactos ambientais do seu cultivo em grande escala, além dos possíveis efeitos danosos à saúde humana. Outro aspecto duramente criticado é o monopólio de empresas no controle das sementes.

No Brasil, a regulamentação e fiscalização do uso de alimentos transgênicos ficou a cargo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A Lei de Biossegurança (Lei 1105, de 24 de março de 2005) obriga a explicitação no rótulo na embalagem de alimentos que contenham produtos transgênicos para que os consumidores tenham opção de escolha na compra. O símbolo adotado é um triângulo amarelo, com a letra T dentro (e em preto sobre fundo branco, quando a embalagem não for colorida). Ele deve constar no painel principal da embalagem, para assegurar a sua visibilidade pelo consumidor.

Em 2017, aprovou o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015 que reduzia exigências para a identificação de alimentos transgênicos. Segundo esse Projeto de Lei, a proposta desobrigava a indústria de informar a existência de organismos geneticamente modificados no rótulo dos produtos, caso a concentração fosse inferior a 1%. Os fabricantes só deveriam informar caso a concentração fosse maior, mas sem a letra "T".

Em novembro de 2019, a Comissão do Senado rejeitou o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015, que prevê o fim da rotulagem com o conhecido "T". Entretanto, o projeto pode ser votado no plenário a qualquer momento.

Imagem: Reprodução

Alimentos transgênicos

Conforme o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) alimentos transgênicos são assim definidos:
Os transgênicos são alimentos modificados geneticamente com a alteração do código genético. Ou seja, quando são inseridos no organismos genes proveniente de outro. Esse procedimento pode ser feito até mesmo entre organismos de espécies diferentes (inserção de um gene de um vírus em uma planta, por exemplo) e realizado com plantas, animais e micro-organismos.
De acordo com o IDEC, são vários e graves os riscos potenciais, tendo os cientistas apontado como os principais deles: aumento das alergias, aumento de resistência aos antibióticos, aumento das substancias tóxicas, maior quantidade de resíduos de agrotóxicos.


Imagem: Fabiano dos Santos
http://fabianocartunista.blogspot.com/2015/08/charge-alimentos-transgenicos.html

Fonte:
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
LEI 1105, de 24 de março de 2005. Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Disponível em: http://ctnbio.mctic.gov.br/leis
COMISSÃO aprova fim do selo "T" em produtos que contêm transgênicos. Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/agricultura/comissao-aprova-fim-do-selo-t-em-produtos-que-contem-transgenicos-f4thvxw99aq4y2uosphj9lgw8/
COMISSÃO do Senado rejeita proposta que dificulta identificação de transgênicos. Instituto Socioambiental.  Disponível em: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/comissao-do-senado-rejeita-proposta-que-dificulta-identificacao-de-transgenicos
SAIBA o que são os alimentos transgênicos e quais os seus riscos. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).  Disponível em: https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-sao-os-alimentos-transgenicos-e-quais-os-seus-riscos?

Biotecnologia

 Biotecnologia é o conjunto de técnicas aplicadas à biologia utilizadas para manipular geneticamente plantas, animais e microrganismos por meio de seleção, cruzamentos e transformações no código genético. Teve grande desenvolvimento nas décadas de 1970 e 1980, mas vem sendo estudada e aplicada desde os anos 1950, em vários países do mundo.

A Revolução Verde, que criou ¹sementes híbridas, foi um dos agentes que impulsionaram o desenvolvimento da biotecnologia, que passou a ser largamente utilizada na agropecuária e em outros setores.

A seleção de sementes, os enxertos realizados em plantas, o cruzamento induzido de animais de criação e a associação de culturas são algumas das técnicas agrícolas que fazem parte da biotecnologia e são praticados há muito tempo. É possível cultivar plantas de clima temperado, como a soja, o trigo e a uva, em regiões de clima tropical; acelerar o ritmo de crescimento das plantas e a engorda dos animais; aumentar o teor de proteínas, vitaminas e sais minerais em algumas frutas, verduras e cereais; aumentar o intervalo de tempo entre o amadurecimento e a deterioração das frutas, entre outras inovações.

1. Semente híbrida: resulta do cruzamento de sementes de uma mesma espécie vegetal, com o objetivo de melhorar a qualidade, a produtividade ou a aparência de um produto agrícola. Normalmente possibilita a obtenção de safras maiores.

Fonte:
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.

Agroindústria

As agroindústrias, um híbrido entre a moderna produção agropecuária e a transformação da matéria-prima por ela produzida em ¹insumos na cadeia produtiva que atinge o consumidor: a indústria produz máquinas para o campo; a agricultura produz matéria-prima para a indústria. 

Normalmente, é o campo que fornece os alimentos in natura (em sua forma natural) para o consumo e os produtos para as indústrias de transformação. Com a modernização, as atividades agrícolas se tornaram mais integradas aos processos industriais, utilizando insumos produzidos pela indústria e fornecendo produtos para o processamento por grandes empresas agroindustriais. 

A formação de um complexo sistema agroindustrial envolveu a especialização da produção. A agroindústria de processamento transforma os produtos vindos da agropecuária em bens de consumo. São exemplo disso o setor têxtil e de vestuário. As agroindústrias de bens de capital respondem pela produção de insumos e instrumentos, como a produção de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas.

1. Insumo: fertilizantes, implementos agrícolas (plantadeiras, colheitadeiras, arados, pulverizadores) e defensivos (agrotóxicos, inseticidas, herbicidas, vermífugos).

SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

8 de dezembro de 2020

Conflitos no campo

No Brasil, os movimentos de acesso à terra existem desde a promulgação da Lei de Terras, em 1850. Antes disso, a forma mais utilizada para o acesso à terra era a posse. O fim da escravidão e a lei que determinava que a posse só seria dada a quem pagasse pelo terreno levaram a inúmeros conflitos envolvendo os grandes proprietários, o governo, os ex-escravisados e os posseiros destituídos de suas terras. Exemplos de resistência e luta camponesa estão presentes em movimentos como a Guerra de Canudos (1893), no interior da Bahia, e a Guerra do Contestado (1912), região localizada entre o Paraná e Santa Catarina, nas quais milhares de camponeses se agruparam para defender suas terras e organizar resistências.
Imagem: Reprodução

Por volta de 1945, começaram a se organizar as Ligas Camponesas, que lutavam por uma reforma agrária ampla. A estratégia utilizada foi a ocupação de terras. Esse movimento durou décadas, até ser duramente combatido pelo regime militar, o que levou a extinção de todas as Ligas espalhadas por 13 estados brasileiros.

Imagem: Reprodução

A redemocratização e as discussões da nova Constituição, na década de 1980, possibilitaram a reorganização dos movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra. O principal movimento de luta pela reforma agrária no Brasil é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma vertente progressista da Igreja católica, a ¹Teologia da Libertação, e alguns partidos políticos foram os principais apoiadores do MST.

Conflitos com ²oligarquias e latifundiários, que detêm o controle das terras e do poder político, resultaram em grande número de mortes. As principais áreas de conflitos estão em fronteiras agrícolas, principalmente em Mato Grosso e Tocantins.

Atualmente, a luta dos movimentos sociais no campo é pela aceleração do processo de reforma agrária e pela ampliação dos benefícios aos assentados, como assistência técnica. Além da luta pela posse da terra, esses movimentos criam propostas de educação e de participação social para os moradores do campo e para os ³assentados.

1. Teologia da libertação: corrente teológica que defende uma sociedade mais igualitária, participativa e justa, na qual a fé cristã deve voltar-se para a libertação e o fim da opressão e da exclusão social.
2. Oligarquias: grupo formado por poucas pessoas que exerce domínio econômico, social, cultural e político em uma área.
3. Assentamento: área rural concedida pelo governo a agricultores sem terra.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.
SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

Relações de poder no campo: coronelismo

 O conhecimento sobre as relações de poder no campo permite compreender a dificuldade de colocar em prática mudanças na estrutura fundiária do país. O poder agrário é marcante na vida política nacional. Mesmo após a Independência e a Proclamação da República, os proprietários de terra muitas vezes exerceram um poder paralelo ao poder do Estado. Para isso, relembramos que a Lei de Terras - de 1850 até o Estatuto da Terra de 1964 - assegurou e legitimou a propriedade de terras, especialmente dos latifúndios.

Na República Velha (1889-1930), mais de três quartos da população viviam no campo, em sua maioria nas terras dos fazendeiros. Em época de eleição, as pessoas, por gratidão, pressão política ou até mesmo violência, eram levadas a votar nos candidatos indicados pelo coronel da região.

Esse tipo de relação, conhecido como coronelismo, existe até hoje. O coronelismo caracteriza-se pela associação direta entre a propriedade das terras e o poder político e pela garantia de privilégios aos coronéis, como a construção de açudes em propriedades privadas com mão de obra e recursos públicos e o controle sobre serviços de saúde e transportes.

A rede de clientelismo (prestação de favores políticos em troca de votos) atinge as esferas estadual e federal. Deputados eleitos com a ajuda dos coronéis apresentam pedidos de verbas do orçamento para realizar melhorias em suas áreas de atuação. Assim, serviços públicos gratuitos, de obrigação do Estado, são apresentados como se fossem presentes obtidos pelo prestígio pessoal do coronel, o padrinho.

Cartaz de campanha do Ministério Público Federal realizada em 2012.
Embora muitos redutos tradicionais do coronelismo tenham perdido força,
esse tipo de relação social ainda é comum no Brasil.

 Fonte: VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

7 de dezembro de 2020

Revolução Verde

Imagem: Reprodução
O conjunto de mudanças técnicas introduzidas na produção agropecuária ficou conhecido por Revolução Verde e consistia na modernização das práticas agrícolas (utilização de adubos químicos, inseticidas, herbicidas, sementes melhoradas geneticamente) e na mecanização do preparo do solo, do cultivo e da colheita, visando a aumentar a produção de alimentos. 

A partir da década de 1950, os Estados Unidos e a ONU incentivaram a implantação de mudanças na estrutura fundiária e nas técnicas agrícolas em vários dos então chamados países subdesenvolvidos, muitos dos quais ex-colônias recém-independentes. Em plena Guerra Fria, a intenção dos norte-americanos era evitar o surgimento de focos de insatisfação popular por causa da fome. Eles temiam pela instalação de regimes socialistas em alguns países do então chamado Terceiro Mundo. Além do mais, a indústria química, que se desenvolveu voltada para o setor bélico, apresentava certa ¹capacidade ociosa nesse período.

Foi na década de 1960 que esse processo ficou conhecido como Revolução Verde. O programa foi financiado pelo grupo Rockefeller com um discurso ideológico de "aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo".

Os Estados Unidos ofereceram aos países em desenvolvimento financiamentos para a importação dos insumos, maquinaria e capacitação de técnicos e professores para as faculdades e cursos técnicos agrícolas. Os países pobres que adotaram os preceitos da Revolução Verde passaram a promover pesquisa e divulgação de técnicas de cultivo entre os agricultores e a fornecer créditos subsidiados.

O resultado desse processo foi a imposição gradativa do mesmo padrão de cultivo em todas as regiões do planeta, o que desconsiderou a variação das condições naturais e as possibilidades dos agricultores. Essas inovações acabaram causando graves impactos ambientais e socioeconômicos

Apesar de terem proporcionado aumento de produtividade por área cultivada e crescimento considerável da produção de alimentos, isso ficou restrito às grandes propriedades que possuíam terras em condições ideais para a modernização - relevo plano para possibilitar a mecanização e condições climáticas favoráveis, por exemplo. 

A monocultura acarretou graves desequilíbrios ambientais, e a modernização substituiu as inúmeras variedades vegetais por algumas poucas. Grandes indústrias passaram a controlar a pesquisa e a venda das sementes geneticamente modificadas. Como essas sementes não são férteis, os agricultores passaram a ser obrigados a comprar novas sementes a cada safra. Isso se tornou um obstáculo para os pequenos agricultores pela necessidade de comprar e repor constantemente as sementes e os fertilizantes que melhor se adaptam melhor a elas.

Atualmente, a maior parte das calorias consumidas pela população mundial origina-se de um número limitado de plantas que se destacam no comércio mundial: trigo, arroz, milho, batata, batata-doce e mandioca. 

1. Capacidade ociosa: termo usado para indicar quando uma empresa não está utilizando totalmente sua capacidade instalada de produção. Por exemplo, se uma fábrica tem maquinário que lhe permite fabricar 100 unidades de algum produto por dia e está produzindo somente 60, apresenta uma capacidade ociosa de 40 unidades por dia.

Fonte: 
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. Vol. 3. São Paulo: Editora Scipione, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. Vol. 2. São Paulo: Editora Moderna, 2016.
https://www.significados.com.br/revolucao-verde/
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/a-revolucao-verde.htm

Origem da agricultura e suas transformações

Como vimos, as transformações do meio natural foram acontecendo através do uso da técnica e da tecnologia. Hoje o nosso estudo é sobre a origem e as transformações no espaço agrário

Durante o Paleolítico e parte do Neolítico, o nomadismo foi uma prática comum entre os primeiros grupos humanos. Com as mudanças climáticas e o desenvolvimento das primeiras técnicas agrícolas, o nomadismo cedeu espaço para o aparecimento de comunidades sedentárias originárias das primeiras civilizações da Antiguidade.

Há cerca de 10 mil anos iniciou-se a atividade agrícola, que se espalhou pelo mundo. A agricultura possibilitou a vida sedentária, o aumento populacional e o cultivo de alimentos que sustentavam um grupo durante todo o ano. A necessidade de cultivo fez com que se tornasse necessário o domínio dos rios e a construção de obras públicas, o que ocasionou uma Revolução Urbana, responsável pela formação das primeiras tribos, aldeias, vilas, cidades...

A evolução das técnicas agropecuárias acompanhou a evolução da própria sociedade (máquinas, fertilizantes, defensivos). As primeiras aldeias neolíticas se desenvolveram desenvolveu às margens dos rios (Nilo, Tigre, Eufrates, Ganges, etc.).

A agricultura foi um dos mais importantes avanços na história da humanidade, embora não se possa afirmar com precisão quando e onde os homens começaram a cultivar plantas. A agricultura permitiu o crescimento das populações e o desenvolvimento de cidades. Isso levou ao surgimento da estratificação social e dos poderosos reis. Sem a Revolução Agrícola, é improvável que a civilização, tal como conhecemos, tivesse surgido.
Imagem: Enotes.com 

Mas o que é agricultura?

Agricultura é a união de técnicas aplicadas no solo para o cultivo de vegetais destinados à alimentação humana e animal e produção de matérias-primas A agricultura é a base para o desenvolvimento humano e econômico. As questões de acesso à terra (estrutura fundiária) são definidas pelo espaço agrário, que regula as leis que rege a produção, como preços dos produtos, quantidades, implicações ambientais, etc.

Os espaços agrários sofreram profundas mudanças, principalmente com o aperfeiçoamento dos instrumentos rudimentares de cultivo (enxadas, arados e foices) e sua substituição pelas máquinas agrícolas e com adoção de procedimentos técnicos como a adubação e a irrigação. No entanto, a difusão dessas inovações pelo espaço mundial é irregular, tornando o espaço rural muito diversificado.

Sistemas Agrícolas

Os sistemas agrícolas podem ser classificados como intensivos ou extensivos, de acordo com o grau de capitalização e o índice de produtividade decorrentes do uso de insumos, maquinaria e tecnologia de ponta.
  • Agricultura intensiva: sistema de produção em larga escala, tecnologia de ponta com mão de obra especializada, uso de substâncias químicas no controle de pragas e integração com a indústria, grandes extensões de terra (latifúndio).
  • Agricultura extensiva: baixa produtividade, uso de técnicas rudimentares, produção voltada para a agricultura familiar ou mercado interno, pequenas extensões de terra (minifúndio). 
Atividades de fixação

1. (Enem) Os nossos ancestrais dedicavam-se à caça, à pesca e à coleta de frutas e vegetais, garantindo sua subsistência, porque ainda não conheciam as práticas de agricultura e pecuária. Uma vez esgotados os alimentos, viam-se obrigados a transferir o acampamento para outro lugar.
HALL, P. P. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson, 2011 (adaptado).
O texto refere-se ao movimento migratório denominado
a) pendularismo.
b) nomadismo.
c) êxodo rural.
d) transumância.
e) sedentarismo.

2. A agricultura foi responsável por mudanças significativas nos padrões de fixação e distribuição das populações humanas. Que alteração nos fluxos de pessoas ocorreu com o advento da atividade agrícola?
a) As pessoas passaram a migrar mais em busca de melhores solos para o cultivo.
b) Dispersaram-se nos territórios para não ter que dividir a produção.
c) Deixaram de ser nômades e passaram a ser sedentários (fixar-se em um determinado local).
d) A caça, pesca e coleta garantiam o pleno sustento, estímulo para o aumento das migrações.
e) Intensificaram o nomadismo, uma vez que precisavam de sementes variadas.

3. (Unisa) Chamamos de sistemas agrícolas:
a) as formas de divisão de glebas, em relação às culturas desenvolvidas.
b) o sistema de distribuição dos cultivos, em relação ao solo e todos os produtos agrícolas.
c) as formas de financiamento da produção e da comercialização dos produtos agrícolas.
d) os sistemas planejados de produção agrícola.
e) o conjunto de técnicas empregadas para obtenção da produção agropastoril.

4. Assinale a opção que apresenta somente características da agricultura intensiva:
a) Mão de obra qualificada, minifúndios, produtos para exportação.
b) Mão de obra desqualificada, rotação de culturas, latifúndios.
c) Mão de obra qualificada, alta produtividade, latifúndios.
d) Mão de obra desqualificada, baixa produtividade, minifúndios.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil; espaço geográfico e globalização. São Paulo: Editora Scipione, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Editora Moderna, 2016.
https://www.enotes.com/homework-help/what-was-agricultural-revolution-how-did-582345
https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-tipos-agricultura.htm
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-agricultura-conservacao.htm

6 de dezembro de 2020

Função social da terra

A função social da propriedade é descrita no inciso XXIII do Art. 5° da Constituição federal de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

O Art. 186 da Constituição define função social como:

Art. 186  A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

A função social das propriedades rurais é definida no Estatuto da Terra, lei federal de 1964:

 Conforme o Estatuto da Terra, lei federal de 1964, a oportunidade de acesso a propriedade de terra está condicionada pela sua função social:

Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.

§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente:

a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias;

b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;

c) assegura a conservação dos recursos naturais;

d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.

Fonte: 
Planalto. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Planalto. Estatuto da Terra. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm
https://www.politize.com.br/artigo-5/funcao-social-da-propriedade/

Latifúndio

Latifúndio é a extensa propriedade rural, geralmente não exploradas economicamente, sendo consideradas terras improdutivas. Nas terras que são aproveitadas, geralmente se faz o cultivo de uma só espécie, a monocultura com produção destinada para a exportação.

Uma das principais características do latifúndio é a concentração das propriedades nas mãos de poucos proprietários rurais, famílias ou empresas. Essa concentração fundiária está associada a diversos conflitos e lutas por terra no Brasil.

A origem do latifúndio está ligada ao processo de ocupação do Brasil após a chegada dos portugueses. Desde o Brasil-Colônia, as “plantations” (latifúndios monocultores com a produção voltada à exportação) se expandiram muito, tanto que a nossa história está dividida de acordo com os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, da mineração, do algodão, do café, etc.

Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-latifundio.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/latifundio.htm
https://reporterbrasil.org.br/2006/07/especial-latifundio-concentracao-de-terra-na-mao-de-poucos-custa-caro-ao-brasil/

Solo

 O conceito de solo, de acordo com Guerra (2006, p. 582-586):

Camada superficial de terra arável possuidora de vida microbiana. algumas vezes o solo é espesso, outras vezes pode ser reduzido a uma delgada película ou mesmo deixar de existir. As rochas que afloram na superfície do globo estão submetidas a ações modificadoras dos diversos agentes exodinâmicos. Um dos processos mais importantes na formação dos solos é a alteração do material inicial, ficando no próprio local sem ter sido transportado. Isto tanto pode ser solo como pode ser rocha decomposta. A diferença primordial entre um e outro é que, mesmo no estado mais avançado da decomposição, a rocha não possui vida microbiana [...].
O solo resulta de partículas desagregadas das rochas, misturadas ao ¹húmus, e esse processo pode demorar milhares de anos.
Formação do solo
Imagem: Reprodução

Em geral, os solos estão dispostos em camadas mais ou menos horizontais, chamadas horizontes do solo. Essas camadas, situadas acima da rocha matriz (rocha que dá origem ao solo), são identificadas pelas letras O, A, B e C. A presença de um ou vários horizontes no solo varia de acordo com cada tipo de ambiente (clima, vegetação, relevo, hidrografia) e tempo de formação.

Quanto à origem, podemos ter os solos eluviais, que se formam no próprio local onde a rocha se decompôs. Os solos aluviais se constituem por acúmulo de sedimentos e partículas, transportado a grandes distâncias por força das águas (deltas de rios, várzeas etc.) e dos ventos (solo de loess).

Os solos mais escuros são de maior valor para a agricultura, pois apresentam grande quantidade de matéria orgânica. Os mais claros indicam ausência desses elementos nutrientes. Os solos avermelhados ou amarelados revelam a presença de óxido de ferro e necessitam de maior quantidade de insumos agrícolas para aumentar a fertilidade.

A textura do solo é a proporção relativa de partículas de diferentes tamanhos. O solo pode ser composto de partículas maiores, como a areia, ou de partículas menores, como o silte. A quantidade desses elementos determina a capacidade de infiltração ou de retenção da água.

Quantos aos elementos que atuam na formação dos solos, podemos classificá-los em solos zonais, interzonais ou azonais.

O solo zonal é aquele em que o principal elemento responsável pela sua formação é o clima. Esse tipo de solo em geral é bem maduro, ou seja, apresenta horizontes bem definidos.

O solo interzonal guarda grande influência do relevo ou da rocha matriz.

Os solos azonais são os mais recentes. São rasos, sem horizontes bem definidos. A maior parte dos solos desse grupo tem baixa fertilidade.

1. Húmus: material orgânico, formado por microrganismos, restos de plantas e de animais em decomposição.



Imagem: Reprodução

Fonte:
GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antonio José Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Beltrand Brasil, 2006.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

5 de dezembro de 2020

Concentração de terras no Brasil

Estudo assinado pela Oxfam, rede global de ONGs, mostra que no Brasil há muita terra para pouco proprietário. A ong define seu perfil de atuação pela luta contra a pobreza e a desigualdade em mais de 90 países. O relatório "Terra, Poder e Desigualdade na América Latina" compara o cenário da concentração de terra em 15 países da região.

"Uma das mensagens principais do relatório é que se a América Latina é uma das regiões com maior desigualdade do mundo, essa desigualdade tem como um de seus pilares a concentração de terras", diz Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil. Segundo ela, "O modelo da concentração de terras reforça a desigualdade, que se retroalimenta no acesso a recursos financeiros e tecnológicos."

Como vimos anteriormente, a estrutura fundiária brasileira é herança dos tempos coloniais

Resultados do Censo Agropecuário de 2017 indicam que a estrutura agrária no Brasil se concentrou ainda mais nos últimos 11 anos, período desde o último levantamento.

De acordo com a pesquisa do IBGE, propriedades rurais com até 50 hectares (equivalentes a 500 mil m², ou 70 campos de futebol cada) representam 81,3% do total de estabelecimentos agropecuários, ou seja, mais de 4,1 milhões de propriedades rurais. Juntas, elas somam 44,8 milhões hectares, ou 448 mil km², o que equivale a 12,8% do total da área rural produtiva do país.

Em contrapartida, 2,4 mil fazendas com mais de 10 mil hectares (100 km², ou 14 mil campos de futebol cada), que correspondem a apenas 0,04% das propriedades rurais do país, ocupam 51,8 milhões de hectares (518 mil km²), ou 14,8% da área produtiva do campo brasileiro.
 
As propriedades que têm até 10 hectares de terra representam metade dos estabelecimentos no país, mas utilizam uma área de apenas 2,2% do território produtivo. Em 2006, elas ocupavam 2,7% do total.

 Latifúndios  no Brasil - estados com o maior número de propriedades
Imagem: Reprodução

O Mato Grosso é o estado com mais propriedades acima de 10 mil hectares, com 868 fazendas. Em segundo lugar fica o Mato Grosso do Sul com 341 latifúndios.

O Pará fica em terceiro lugar em número de latifúndios, com 188 estabelecimentos rurais de 10 mil hectares ou mais. Entretanto, com uma média de tamanho de 300 km² por latifúndio (equivalente a 42 mil campos de futebol) , o estado registra os maiores latifúndios do país.

Bahia, Minas Gerais e São Paulo possuem mais de 100 propriedades com mais de 10 mil hectares.

Maior percentual de área dedicada à agricultura nas mãos de menor número de proprietários de terras. Essa concentração de terras no Brasil, comprovada pelo Censo Agropecuário 2017, tem como consequência a redução das áreas ocupadas pela agricultura familiar e menor número de postos de trabalho nas pequenas propriedades.

Podemos concluir que no Brasil menos de 1% dos proprietários agrícolas possui mais de 50% da área rural do país. Essa concentração de terras no país foi comprovada pelo Censo Agropecuário 2017. Essa realidade do campo tem como consequência a redução das áreas ocupadas pela agricultura familiar e a diminuição dos postos de trabalho nas pequenas propriedades. Entretanto, são os pequenos proprietários  os responsáveis por mais de 70% da produção de alimentos do país.


Imagem: Reprodução

Fonte:
IBGE. Censo agro 2017: retratando a realidade do Brasil agrário. Disponível em: https://contrafbrasil.org.br/system/uploads/ck/files/Apresentao-Censo-Agropecurio-2017-IBGE(2).pdf
https://www.oxfam.org.br/
https://alfonsin.com.br/estudo-destaca-concentrao-de-terras-no-brasil/
https://www.brasildefato.com.br/2018/07/26/no-brasil-2-mil-latifundios-ocupam-area-maior-que-4-milhoes-de-propriedades-rurais
https://reporterbrasil.org.br/2019/11/maior-concentracao-de-terras-revelada-pelo-censo-agropecuario-incentiva-desmatamento-e-conflitos/

Condições de trabalho no campo

 Na estrutura fundiária brasileira, coexistem diferentes formas de organização do trabalho na área rural:

  • No topo da estrutura, estão os donos das grandes propriedades que comandam o processo de acumulação de capital no campo; são empresários nacionais e internacionais do agronegócio e do aprofundamento das relações capitalistas no meio rural.
  • Nem todos os trabalhadores do campo são assalariados; há pequenos produtores que vivem de suas produções e que buscam trabalho assalariado em atividades de colheita nas grandes propriedades, próximas ou distantes de suas regiões; outros, não proprietários, vivem de trabalhos temporários em diversas lavouras. Há várias denominações de trabalho temporário: boias-frias (utilizada no Centro-Sul), corumbás (no Nordeste e no Centro-Oeste) e peões (na região Norte). Eles constituem a mão de obra barata das grandes fazendas, principalmente das agroindústrias, recebendo por dia de trabalho. Como só trabalham nas plantações e colheitas, têm emprego sazonal e não contam com quaisquer direitos trabalhistas. Os boias-frias podem ser fixos (os que têm pequenas propriedades e voltam para casa, para trabalhar em suas roças) ou volantes (sem residência fixa, ficam nas mãos dos "gatos" - atravessadores que os contratam para serviços braçais).
  • Parcerias e arrendamentos são formas de "alugar" a terra que os trabalhadores acertam com os proprietários. Quando o pagamento é feito em dinheiro, caracteriza-se o arrendamento; quando é feito com uma parcela da produção, dá-se a parceria. No caso da parceria, o pagamento pode ser a metade da produção, sendo o trabalhador chamado de meeiro, ou um terço da produção, sendo terceiro.
  • Na "nova escravidão", ou escravidão por dívida, muitos trabalhadores tornam-se "escravos" das fazendas e são forçados a trabalhar para pagar dívidas com os proprietários da terra. Atraídos por falsas promessas de condições de trabalho, são obrigados a arcar com as despesas de seu deslocamento. Além disso, em razão de os produtos que consomem serem da própria fazenda e de o salário que recebem ser muito baixo, acumulam dívidas que não têm como saldar, sendo obrigados a trabalhar de graça. Apesar da rígida fiscalização dos órgãos governamentais, essa ainda é uma triste realidade brasileira.
Imagem: Reprodução

Fonte: SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.

4 de dezembro de 2020

Principais problemas do sistema fundiário brasileiro

  1. Presença de capital externo: A presença de estrangeiros entre os grandes proprietários de terra faz com que boas partes dos lucros conseguidos com o trabalho no campo não seja reinvestida no país. Além disso, submete-se a estrutura legal do agronegócio aos interesses do capital externo, que normalmente são conflitantes com os interesses nacionais.
  2. Relações desiguais de trabalho: A grave concentração de terras leva à polarização nas relações de trabalho. De um lado os donos de enormes propriedades; de outro, trabalhadores assalariados em péssimas condições de trabalho e de vida, por vezes semelhantes a escravidão. Entre esses dois pontos extremos, existem pequenos proprietários que alugam ou arrendam suas terras como forma de sobrevivência.
  3. Transgênicos: A discussão sobre os transgênicos é intensa e ainda está longe de uma solução. A criação de sementes geneticamente modificadas foi autorizada pelo governo, mas órgãos ambientais e sociais pedem sua proibição em virtude do desconhecimento científico sobre as consequências de seu consumo a longo prazo.
  4. Solo impróprio: Apesar de seu gigantesco território de área agricultável, o solo brasileiro possui extensas porções de terrenos impróprios para o plantio. Entretanto, tal problema é de fácil resolução com as atuais técnicas agrícolas, desde que haja investimento e estruturas adequadas para isso.
  5. Concentração fundiária: Principal problema do setor agrário do país, a concentração fundiária resulta de uma estrutura arcaica que remonta ao período colonial, caracterizado pelo latifúndio, pelo difícil acesso à terra e pelas precárias condições de trabalho na maioria dos casos.
  6. Pesticidas: O uso intensivo de pesticidas afeta a produtividade do solo e também pode contaminar alimentos e causar doenças aos humanos. Além disso, altera sensivelmente o equilíbrio dos biomas onde é utilizado.
  7. Fertilizantes: Os fertilizantes utilizados pela indústria alteram sensivelmente o teor do solo e provocam impactos ambientais de grandes proporções principalmente ao entrar em contato com lençóis freáticos e nascentes de rios.
Imagem: Reprodução
Fonte: SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.

Conversando com a...Literatura

 

Morte e vida severina é um dos clássicos da literatura brasileira. O poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) narrou a questão da terra no Nordeste e a realidade social permeada por uma forte injustiça socioespacial. Leia um trecho de sua obra.

"Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério

- Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor 
que tiraste em vida.
- É de bom tamanho, 
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
- Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
- É uma cova grande
para teu pouco defunto.
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
- É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
- É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.
- Viverás, e para sempre,
na terra que aqui aforas:
e terás enfim tua roça.
- Aí ficarás para sempre,
livre do sol e da chuva,
criando tuas saúvas.
- Agora trabalharás
só para ti, não a meias,
como antes em terra alheia.
- Trabalharás uma terra
da qual, além de senhor,
serás homem de eito e trator.
- Trabalhando nessa terra,
tu sozinho tudo espreitas:
serás semente, adubo, colheita.
[...]"
(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)

Morte e Vida Severina em Desenho Animado - Completo

Questões de reflexão sobre o poema

1. Quais elementos do poema se relacionam com a realidade agrária brasileira ao longo do século XX e do século XXI?

2. Avalie criticamente os conflitos sociais produzidos pela realidade histórico-geográfica do campo brasileiro e que transparecem nessa obra.

3. João Cabral era apaixonado por literatura de cordel. Você sabe o que é literatura de cordel? Faça uma breve pesquisa, identificando as origens desse gênero textual, alguns autores de destaque e a região brasileira onde predomina.

4. Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam:
a) uma demonstração de consciência revolucionária diante da exploração do trabalhador rural.
b) uma convicção exagerada na vida pós-morte.
c) uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
d) uma proposta de desafio às forças inclementes do capital.
e) uma proposta de parceria com os grandes latifúndios para a harmonia no campo.

Fonte: SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
https://enem.estuda.com/questoes/?resolver=359867&inicio=4

RESPOSTAS

1. O latifúndio é citado direta e figurativamente no poema. Há referência à concentração de terras por meio de metáforas que expressam a desigualdade no tamanho das propriedades e a árdua busca por terras para nelas se estabelecer, além de alusões às condições de trabalho no campo.
2. Na história do Brasil há momentos de forte tensão no campo, especialmente a partir dos anos 1940. Espera-se que os alunos considerem que a forte concentração de terras produz conflitos entre os grandes e os pequenos proprietários e que na década de 1980 a questão atingiu maior magnitude. Foram criadas organizações nacionais favoráveis e contrárias à reforma agrária no país, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Democrática Ruralista (UDR), respectivamente.
3. Cordel é o nome dado à poesia popular originalmente feita em relatos orais e que posteriormente surgiu em formatos impressos. Apresenta linguagem informal, criativa, bem-humorada, crítica, regionalizada e, frequentemente, utiliza-se de rimas. No Brasil, está concentrada na região Nordeste. Alguns autores de destaque desse gênero de literatura: Patativa do Assaré, Mestre Azulão, Cego Aderaldo, João Martins de Athayde e Leandro Gomes de Barros.
4. c) uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa