24 de novembro de 2020

Poder

 De acordo com o sociólogo Max Weber, o poder refere-se à imposição da própria vontade numa relação social, mesmo quando há resistência alheia. Nesse sentido, todas as relações sociais que estabelecemos com indivíduos, instituições e coletividades são também relações de poder, que podem se apresentar de maneira explicita ou não.

As relações familiares são relações carregadas de poder. Os membros de um núcleo familiar exercem poder uns sobre os outros em diferentes níveis. Os filhos, em várias situações, agem com base nas orientações e vontades dos pais. Por exemplo, quando é permitido que o adolescente vá a uma festa, mas é determinado um horário para o retorno. O filho obedece a vontade dos pais, mesmo que tenha vontade de ficar mais tempo na festa.

O inverso também acontece. Em muitos casos , a conduta dos pais é influenciada direta ou indiretamente pela vontade dos filhos. Quando uma criança pede um presente aos pais e eles atendem o pedido, há um exercício de poder explícito sobre eles. Porém, quando os pais decidem comprar um presente para agradar a criança porque ela vai ficar feliz com isso, esse poder é exercido de forma indireta.

No caso da análise das relações familiares, temos um exercício de poder que é reconhecido legalmente. Há situações em que esse reconhecimento é apenas social, mas isso não diminui sua efetividade. Por exemplo, muitas vezes assistimos a um filme ou a uma peça de teatro não por gostarmos, mas por influência de um amigo ou uma amiga. Ainda que não sejamos obrigados a fazer isso, essa atitude constitui uma forma de agir para obter reconhecimento social e desenvolver sentimento de pertencimento a um grupo.

Perceptível nas relações privadas, o poder apresenta contornos ainda mais claros na esfera pública. As relações de classe, o controle social, o exercício da autoridade, as leis e normas sociais, o poder dos governantes sobre os governados e a indústria cultural são exemplos do exercício de poder na sociedade. Essas formas de poder se caracterizam pela capacidade de influenciar, simultaneamente, a conduta coletiva  de uma grande quantidade de pessoas.

Quando um empresário estabelece normas de conduta para os trabalhadores de sua empresa, ele exerce poder sobre eles na medida em que define o poder de agir desses indivíduos no espaço da empresa e no exercício de suas atividades profissionais. A legitimidade para o exercício desse poder são as relações de produção da sociedade capitalista, que permitem ao patrão determinar a conduta dos empregados desde que não infrinja as normas previstas na legislação.

São numerosas as formas de exercício de poder. Os três predominantes são: o poder econômico, o ideológico e o político. O primeiro se baseia na posse de bens materiais, como os meios de produção ( o poder do patrão sobre os empregados). O segundo se serve de ideias ou de informações para influenciar comportamentos (o poder dos meios de comunicação sobre as pessoas). O último se vale de instrumentos e de técnicas para influenciar a conduta alheia (o poder de convencimento de partidos e candidatos sobre os eleitores durante um pleito político), por exemplo.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

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"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa