O processo de construção da identidade social espelha a maneira como se efetiva a relação entre o indivíduo e a coletividade em determinada estrutura social. Para o sociólogo francês Robert Castel, a extensão do assalariamento no século XX possibilitou a construção de uma identidade social de trabalhador assalariado. Nesse contexto, a mediação entre o indivíduo e a sociedade se dá na esfera do trabalho. É pela inserção profissional que ele se constrói como sujeito e estabelece sua relação com a coletividade.
A partir das últimas décadas do século XX, a estrutura social das sociedades capitalistas vem sendo moldada para absorver um novo modelo de indivíduo, que se realiza como cidadão por meio do consumo. Nesse sentido, há um duplo movimento: redução da representatividade e dos direitos sociais e políticos dos indivíduos, que fica evidente principalmente na esfera do trabalho, e a extensão dos direitos ligados ao consumo, com a ampliação da proteção do indivíduo como consumidor.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman critica as novas configurações sociais que determinam os modos de construção da identidade social. O modo fragmentado e volátil como as identidades vêm se desenvolvendo não pode ser visto de forma positiva, pois as condições sólidas de reprodução da vida individual estão sendo substituídas por relações sociais e econômicas que não permitem identidades coletivas perenes, levando os indivíduos à busca de uma referência que nunca poderá ser dada pelo consumo.
Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
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