A redução dos custos de transporte de mercadorias e a apropriação das inovações tecnológicas da Terceira Revolução Industrial tornaram possível às empresas colocar no mercado, em grande quantidade e a preços relativamente acessíveis, novos bens de consumo, como automóveis, máquinas de lavar, aspiradores, refrigeradores e televisores - itens que mudariam os hábitos da população e criariam novas necessidades, sobretudo na classe média, o principal alvo das empresas multinacionais.
Teve início intensa disputa entre as grandes corporações, interessadas em dominar o mercado consumidor dos países em que desenvolvem suas atividades.
O papel do marketing
Para estimular o consumo, os segmentos produtivos (indústria, setores atacadista, varejista e de serviços) utilizam como principal recurso o marketing, conjunto de ações e estratégias de publicidade veiculada na mídia (rádio, televisão, jornais, revistas, outdoors, internet etc.), com o objetivo de divulgar os produtos que criam e comercializam, despertando nas pessoas o desejo de consumi-los.
Ao mesmo tempo, a produção industrial diversifica-se constantemente: são desenvolvidos vários modelos de um mesmo produto, buscando atender às preferências dos consumidores. Além disso, em razão das constantes inovações tecnológicas e das atualizações da moda, as mercadorias tornam-se rapidamente obsoletas, sendo substituídas por modelos mais novos. O marketing, portanto, ao criar no consumidor a necessidade de desfazer-se de itens "ultrapassados" para consumir aquilo que há de mais moderno, configura-se como um instrumento imprescindível para o mercado. Outra estratégia industrial é fabricar produtos com vida útil curta, ou seja, que duram pouco tempo e precisam ser substituídos por outros iguais ou de mesmo nível tecnológico.
As linhas de crédito
Uma estratégia fundamental do capitalismo para estimular o consumo, em meio a tantas ofertas, é o estabelecimento, pelo capital financeiro, de facilidades para obtenção de linhas de crédito (crediário, empréstimos pessoais, cartões de crédito etc.). As linhas de crédito permitem ao consumidor dispor de vários produtos e serviços sem que tenha o valor necessário para o pagamento no ato da compra. Com a disponibilidade das linhas de crédito, cresce também o endividamento pessoal.
Através das facilidades de crédito e das campanhas de marketing veiculadas nos meios de comunicação, as pessoas são constantemente induzidas a consumir mais mercadorias, o que estimula a produção e, consequentemente, faz crescer os lucros e a acumulação de capital. Essa acumulação garante novos avanços tecnológicos e a fabricação de produtos sempre mais modernos, que são inseridos sucessivamente no mercado, reaquecendo o consumo.
Fonte: BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e identidade. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.