15 de janeiro de 2021

Atitudes mentais opostas à razão

 As atitudes mentais opostas à razão são:

  1. o conhecimento ilusório, isto é, o conhecimento da mera aparência das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas. Ele se opõe à razão porque se contenta com a coisa como dada imediatamente, sem compreender suas causas, e também porque varia entre pessoas e sociedades, contradizendo-se;
  2. as emoções, sentimentos e paixões. Opõem-se à razão porque são cegos, desordenados e contraditórios;
  3. a crença religiosa, em que a verdade nos é dada pela fé numa revelação divina. Ela opõe-se à razão porque não depende do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou pelo nosso intelecto, dispensando a determinação de suas causas.
  4. o êxtase místico, no qual o espírito acredita entrar em relação direta com o ser divino. Ele opõe-se à razão porque acredita que isso ocorre sem nenhuma intervenção do intelecto ou da inteligência, nem da vontade.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

Razão

Na cultura da sociedade ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega logos. Ambas são substantivos derivados de dois verbos que têm sentido muito parecido.
Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. E que meios usamos para falar sobre essas ações? Usamos palavras. Por isso, lógos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção.

Desde seus primórdios, a filosofia considerou que a razão opera segundo princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a realidade, mesmo quando não os conhecemos explicitamente. Nós respeitamos  esses princípios porque somos seres racionais e porque eles garantem que a realidade possa ser conhecida pela nossa razão.

Que princípios são esses?

O princípio da identidade afirma que uma coisa, seja ela qual for (um ser da natureza, uma figura geométrica, um ser humano, uma obra de arte, uma ação) só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade. Ele é condição para podermos definir uma coisa e pensá-la com base em sua definição: a partir do momento em que temos a definição de um triângulo (figura de três lados e de três ângulos internos cuja soma é igual à soma de dois ângulos retos), sabemos que outra figura é um triângulo se ela for idêntica à definição. Em outras palavras, "o que é, é", ou  A=A. Exemplo: numa investigação criminal, por um lado, temos um suspeito e, por outro, temos uma amostra de DNA que sabemos ser do criminoso, que ainda não conhecemos. Sabemos que o nosso suspeito é o criminoso se uma amostra de DNA desse suspeito for idêntica àquela que sabemos ser do criminoso.

O princípio da  contradição (ou princípio da não contradição) enuncia que uma coisa não pode ser e não ser essa mesma coisa ao mesmo tempo e na mesma relação. Ou seja, se A é A, é impossível que A seja não A, ao mesmo tempo e na mesma relação. Sem esse princípio, o princípio da identidade não funciona. Tomemos como exemplo uma relação entre mãe e filha. Eu até posso ser mãe e filha ao mesmo tempo, mas não na mesma relação: sou filha de Maria e mãe de Renata, por exemplo. Mas não posso ser, ao mesmo tempo, filha e mãe de Maria, nem mãe e filha de Renata. Dentro dessa relação, podemos dizer que a filha é a não mãe (não M), de maneira que a mãe (M) não pode ser ao mesmo tempo, M e não M.

O princípio do terceiro excluído, cujo enunciado é: "Ou A é x ou não é x, e não há terceira possibilidade". Por exemplo: "Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates"; "Ou faremos a guerra ou faremos a paz". Esse princípio define a decisão de um dilema - "ou isto, ou aquilo" -, no qual as duas alternativas são possíveis, e a solução exige que apenas uma delas seja verdadeira. Mesmo quando temos um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade apenas entre duas opções - "ou está certo, ou está errado" -, e não há terceira possibilidade.

Já o princípio de razão suficiente afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa e motivo) para existir ou para acontecer, e que nossa razão pode conhecer tal causa ou tal motivo. Ou seja, afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre fatos ou entre ações e acontecimentos. Se uma maçã, ao se desprender da macieira vai ao chão, isso significa que há uma força que a impulsiona de sua posição para baixo. Essa força, sabemos, é a gravidade.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.


O que é ser racional?

Podemos dizer que a filosofia se constitui quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

Por que racionais? Por três motivos:

* porque racional significa argumentado, debatido e compreendido;

* porque racional significa que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros;

* porque racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido. Desse modo, é possível chegar a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.

14 de janeiro de 2021

Computador

 Palavra de origem latina, provém de computator, que significa 'máquina de contar, calcular'. Antes que esta palavra fosse usada corretamente, quando só havia enormes máquinas militares e de grandes empresas, falava-se em "cérebro eletrônico". Por que? Porque se trata de um objeto técnico muito diferente daqueles até então conhecidos, que ampliavam apenas a força física dos seres humanos: o microscópio e o telescópio aumentavam a força dos olhos; o navio, o automóvel e o avião aumentavam a força dos pés; a alavanca, a polia, a chave de fenda, o martelo aumentavam a força das mãos; e assim por diante. Já o "cérebro eletrônico" ou computador amplia e até substitui as capacidades mentais ou intelectuais dos seres humanos.

Um dos primeiros computadores eletrônicos, Mark 1 foi desenvolvido pela Universidade Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos, em parceria com uma empresa de informática, em 1944, para efetuar cálculos para a Marinha norte-americana.

Em dimensões, o Mark 1 possuía cerca de 17 metros de comprimento por 2,5 metros de altura e pesava cerca de 5 toneladas. A memória e os totalizadores compreendiam 3.000 engrenagens com 10 "dentes", 1.400 comutadores rotativos e tudo era ligado por cerca de 800 Km de condutores elétricos.

Imagem: Mark 1, foto de 1944 (reprodução)

Fonte:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2013.
MARK 1. Computadores Clássicos. Disponível em:
http://computadoresclassicos.blogspot.com/2015/02/o-ascc-automatic-sequence-controlled.html
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa