1. O que você entende por empresa transnacional? Explique por que as transnacionais se expandiram pelo mundo, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, e avalie se esse processo continua ocorrendo nos dias atuais.
2. Com suas palavras, defina globalização. Discuta se os fluxos da globalização atingem igualmente todos os lugares do mundo e relacione esse fato com o meio técnico-científico informacional.
3. Explique como ocorre a expansão dos capitais produtivos e especulativos pelo mundo.
4. Em sua opinião, de que forma está se criando uma cultura massificada no mundo? Você identifica resistências a esse processo? Dê exemplos.
5. As empresas transnacionais ou multinacionais, são um dos principais agentes da globalização; são as grandes responsáveis pelo fluxo de capitais produtivos, pela mundialização da produção.
Em grupo, releiam o texto
"A empresa multinacional", troquem ideias sobre ele e citem aspectos positivos e negativos da expansão mundial dessas corporações. Listem os benefícios que elas trazem e os problemas que causam nos países onde se instalam.
Depois, individualmente, escreva um pequeno texto que responde as questões a seguir:
a) Qual é a sua opinião sobre essas empresas?
b) Como você observa a atuação delas em seu cotidiano?
c) Você identifica por parte delas um apelo ao consumo direcionado ao público adolescente?
6. Leia o texto a seguir e discuta com seus colegas de grupo, procurando:
a) explicar o que é "globesidade".
b) relacionar esse fato com os dados apresentados no item
"Mundialização da sociedade de consumo", destacando o papel das redes internacionais de fast-food e de outras indústrias alimentícias nesse processo.
c) refletir sobre algumas formas de frear o crescimento da obesidade entre a população, especialmente entre os mais jovens, destacando o papel dos governos e dos cidadãos-consumidores.
Epidemia de "globesidade"
Estima-se que um quinto da população mundial esteja com excesso de peso. Entre esses, há 300 milhões que são considerados obesos. Pior: esses números têm aumentado nas últimas décadas.
Essas informações abriram a palestra “Atualização da epidemia global de obesidade”, proferida pela professora Mary Schmidl, do Departamento de Nutrição e Ciência dos Alimentos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. (...)
“É uma doença que está em todas as faixas etárias, grupos éticos e classes sociais. Ela também atinge tanto homens como mulheres. Essa espécie de onipresença motivou a criação do termo ‘globesidade’ (globesity, em inglês)”, contou.
Segundo Mary não há um vilão único para a epidemia. (...)
A pesquisadora apontou exemplos. A indústria e os comerciantes de alimentos estariam habituando os consumidores a porções cada vez maiores. Garrafas de refrigerante, hambúrgueres, pacotes de salgadinhos, caixas de cereais, entre outros produtos industrializados, têm aumentado de tamanho nos Estados Unidos desde a década de 1970.(...)
Os governos também têm a sua parte de culpa. As políticas públicas teriam muito ainda a avançar. Uma ideia é sobretaxar alimentos menos saudáveis e estimular o consumo de vegetais. “Se o governo estipulasse um imposto de US$ 0,01 para cada onça (28,3 gramas) de refrigerante vendido, só na cidade de Nova York seriam arrecadados US$ 1,2 bilhão por ano”, disse.
A pesquisadora também coloca parte da responsabilidade nos próprios consumidores. Segundo ela, cada um teria que ter um compromisso com a sua saúde, não só procurando melhorar a qualidade e adequar a quantidade dos alimentos consumidos como também criar hábitos de fazer exercícios físicos. (...)
Mary também propõe a rotulagem de alimentos explicitando a sua caloria e composição nutricional (o que já ocorre no Brasil) e a proibição das máquinas automáticas de guloseimas, que são mais comuns nos Estados Unidos. Para ela, essas máquinas deveriam vender somente água mineral, um produto cujo consumo, segundo ela, deveria ser mais incentivado de maneira geral.
(REYNOL, Fábio. Epidemia de "globesidade". Agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), 9 dez.2009.)
Fonte: SENE, Eustáquio
de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização. 3 ed. São Paulo: Scipione. 2017.
Respostas
1. Empresa transnacional ou multinacional, segundo o texto "A empresa multinacional", é a definição de uma grande corporação capitalista, em geral organizada como conglomerado, que passou a instalar filiais em vários países além do território nacional em que se originaram. A maioria das transnacionais está sediada em países desenvolvidos, mas hoje também há muitas oriundas de países emergentes. Vale lembrar que muitas delas, especialmente as da China e as de outros países emergentes, são empresas estatais.
As transnacionais se expandiram pelo mundo, sobretudo após a Segunda Guerra, em busca de custos menores de produção e de novos mercados consumidores; daí se instalarem, sobretudo, em países de industrialização recente com grande contingente populacional, como é o caso da China, do Brasil, do México, etc. É nos países desenvolvidos, onde estão os maiores mercados consumidores, que houve intensa troca de filiais de empresas transnacionais. Hoje esse processo continua se expandindo e mesmo países mais pobres, inclusive da África, da Ásia e da América Latina, também têm recebido filiais de transnacionais, especialmente oriundas de países emergentes.
2. A globalização é o nome que se dá à atual fase da expansão capitalista, em seu período informacional, marcada pela intensificação de fluxos de capitais (produtivos e principalmente especulativos), mercadorias, serviços, informações e pessoas. A globalização só se viabilizou pelos avanços tecnológicos da Terceira Revolução Industrial ou Técnico-Científica, e a base técnica no território que dá sustentação a isso é o que Milton Santos chama de meio técnico-científico informacional. Como o mundo funciona cada vez mais de forma interdependente e sistêmica, muitos autores dizem que vivemos num sistema-mundo. Entretanto, deve ser destacado que muitos lugares estão à margem dos fluxos da globalização, que se dão em rede e atingem os lugares mais bem ocupados de infraestruturas modernas e onde as pessoas têm maior renda, especialmente as chamadas cidades globais; ou seja, os fluxos da globalização são desiguais, não atingem todos os lugares do mundo com a mesma intensidade e se concentram, sobretudo, nos lugares cujo meio geográfico tem maior conteúdo de ciência e técnica, informação e conhecimento.
3. Os capitais produtivos são responsáveis pelo desenvolvimento da economia real com a instalação de fábricas, fazendas, aeroportos, supermercado, etc. Instalam-se no território dos países por meio de infraestruturas; portanto, permanecem no novo lugar por mais tempo. Por isso, são fundamentais para gerar riqueza (lucros, salários e impostos). Os capitais especulativos, por buscarem lucros rápidos, são mais voláteis. Por serem virtuais, circulam com muita rapidez pelo sistema financeiro globalizado, não se fixando no território. Embora sejam importantes para movimentar bolsas de valores e financiar governos, quando se retiram em massa de um país podem provocar ou agravar crises financeiras.
4. A resposta é pessoal. Deve-se, no entanto, considerar que está sendo criada uma cultura de massa no mundo por meio da disseminação de empresas transnacionais, de suas marcas globais e rótulos e serviços da indústria cultural, especialmente oriundos dos Estados Unidos, o país mais modernizado do mundo, e associados ao American way of life. Há resistência a esse processo, e um dos exemplos que podem ser mencionados é o Slow Food, movimento que valoriza a cultura gastronômica de cada lugar e representa uma resistência ao fast-food industrializado e padronizado, principalmente das grandes redes norte-americanas. Outro exemplo que pode ser citado é a criação da Al-Jazeera, no Qatar, que foi uma forma de se contrapor à visão de mundo da CNN, rede sediada nos Estados Unidos.
5. As grandes corporações transnacionais, ou multinacionais, são os agentes principais da globalização, e sua expansão pelo mundo apresenta aspectos positivos e negativos. Em geral elas têm levado os benefícios da globalização a alguns países em desenvolvimento; entretanto, há também aspectos negativos em sua expansão. No sistema capitalista, as empresas visam ao maior lucro possível (essa é a prioridade delas) como o texto menciona, porém há leis, regras e preceitos éticos que devem ser respeitados, o que nem sempre acontece.
Aspectos positivos*Geram empregos, em geral pagam salário mais elevados que empresas nacionais (embora mais baixos do que nos países desenvolvidos) e recolhem impostos, ou seja, produzem riquezas e contribuem para o crescimento econômico.
* Têm possibilitado que os produtos dos países em desenvolvimento cheguem aos mercados das nações desenvolvidas, ampliando o comércio internacional.
* Levam mercadorias baratas de qualidade cada vez melhor para os países desenvolvidos , contribuindo para baixar o custo de vida e, assim, para uma era de inflação reduzida e baixas taxas de juros.
* Também têm contribuído para a transferência de tecnologia das nações mais avançadas para os países em desenvolvimento, ajudando a diminuir a diferença de conhecimento entre os dois grupos.
Aspectos negativos* Em seu processo de expansão pelo mundo, muitas empresas multinacionais têm demonstrado descaso com a legislação trabalhista, com os direitos dos consumidores, com a saúde pública e a preservação do ambiente.
* Algumas cresceram tanto que têm faturamento maiores do que o PIB de muitos países, fazendo que tenham muito poder e influência sobre o mercado e os governos.
* Muitas vezes tentam manipular o mercado, sonegar impostos e cortar custos trabalhistas.
* Embora influenciem os consumidores, criando necessidades por meio da publicidade, deve ser reconhecido que também respondem aos desejos de consumo das pessoas.
O texto que dá conta dos itens a, b e c expressará o ponto de vista pessoal de cada aluno, mas os argumentos utilizados devem ter coerência e clareza e devem ser justificados.
6. a) Globesidade (globesity, em inglês) é um neologismo criado para definir a epidemia de obesidade que tem se espalhado por todo o mundo, atingindo pessoas de todas as classes sociais (embora seja predominante entre a população com menos renda e informação), grupos étnicos e faixas etárias (tem atingido crescentemente as crianças). Antes, esse fenômeno era característico dos países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, mas hoje tem se estendido também aos países em desenvolvimento. Entretanto, em muitos países em desenvolvimento, especialmente os mais pobres, a obesidade paradoxalmente ainda convive com a subnutrição.
b) As grandes redes internacionais de fast-food e as indústrias alimentícias transnacionais têm contribuído para o aumento da epidemia de obesidade no mundo ao produzirem alimentos hipercalóricos, com alto teor de gorduras e açúcares, e difundirem hábitos alimentares inadequados, como a ingestão de comida em excesso (por exemplo, uma porção de meio quilo de batatas fritas) e com rapidez . Vale lembrar que a publicidade em diversas mídias tem um papel fundamental na difusão dessa alimentação inadequada, especialmente para a população mais jovem.
c) Os governantes podem tomar diversas medidas para frear o aumento da obesidade, como obrigar a listagem dos ingredientes nos rótulos dos alimentos e aumentar a fiscalização para coibir abusos e má-fé, sobretaxar alimentos não saudáveis e estimular o consumo dos que são saudáveis (entre outras medidas, poderia cobrar menos impostos de frutas e legumes orgânicos para estimular sua produção). Outras iniciativas e esclarecimentos sobre alimentação saudável, especialmente para o público mas jovem que está formando seus hábitos alimentares e é mais suscetível ao apelo da publicidade. Os cidadãos devem cobrar essas medidas dos governantes. Entretanto, o próprio indivíduo é o principal responsável por sua saúde; assim, todos devem evitar o consumo de alimentos hipercalóricos e fazer atividades físicas regularmente para evitar a obesidade e suas consequências. E nesse processo é muito importante o papel da família e da escola na orientação de crianças e adolescentes. Esta atividade permite um trabalho em colaboração com Educação Física, destacando a importância da atividade física para uma vida saudável, e com a Biologia, analisando o processo de transformação dos alimentos em energia pelo nosso organismo e o processo de retenção, como gordura corporal, da energia ingerida em excesso.