18 de novembro de 2019

Por que as pessoas migram?

 
Obra Segunda Classe - Tarsila do Amaral
Imagem: Reprodução
Começamos o nosso estudo sobre migrações pela análise visual da obra Segunda Classe, da artista brasileira Tarsila do Amaral. O que observamos na pintura? Fisionomias tristes e intimidadas. As mulheres parecem querer se esconder atrás dos homens, com exceção da senhora do centro que carrega no colo a criança de branco. As crianças passam a impressão de estarem tímidas e assustadas. O que lhes aguarda nessa nova vida que vão enfrentar?

A obra retrata o êxodo rural, quando as famílias deixam a vida do campo em busca de trabalho na cidade grande. Elas vêm de várias partes do interior do país em busca de uma vida melhor, de um trabalho, de uma vida digna onde possam prover o sustento da família, mas, ao mesmo tempo, trazem a tristeza da vida tranquila que deixaram para trás e a incerteza do que está por vir.Tarsila do Amaral pintou o quadro em 1933, quando passava pela Terceira Fase da sua obra, em que passou a questionar os problemas decorrentes da industrialização e do capitalismo, como o desemprego, a injustiça social, o êxodo rural, entre outros.

Por que as pessoas migram?

Os deslocamentos de população conhecidos como migrações podem ser gerados por necessidades internas dos próprios grupos populacionais ou por fatores externos a eles. Geralmente estão vinculados a um contexto socioeconômico global ou a um contexto nacional ou regional e podem estar ligados a causas econômicas, razões políticas, étnicas ou religiosas.

Na verdade, o deslocamento de pessoas entre países, regiões e cidades é um fenômeno muito antigo e  complexo, que envolve as mais variadas classes sociais e culturais. Por exemplo, a migração de pessoas dos países pobres e emergentes em direção aos desenvolvidos corresponde a uma pequena parcela do total de migrantes do planeta. A maior parte do deslocamento acontece dentro do próprio país de origem do migrante, como é o caso do êxodo rural retratado no quadro da Tarsila do Amaral.

Essas migrações podem ser espontâneas, como as que visavam ao povoamento de várias regiões do mundo conquistadas pelos europeus  (final do século XV e início do século XVI) ou podem ser migrações forçadas, como a que aconteceu com grande número de africanos capturados, escravizados e transferidos em massa para o continente americano.

Movimentos migratórios importantes aconteceram nos séculos XVIII e XIX, quando milhões de europeus migraram para todas as partes do mundo, principalmente para a América e Oceania. E nas primeiras décadas do século XX, quando uma grave crise econômica fez os japoneses emigrarem em busca de melhores condições de vida. Esse mesmo Japão, após algumas décadas, teve uma recuperação econômica expressiva e passou a atrair imigrantes, como foi o caso de muitos brasileiros que buscaram se estabelecer no país.

Muitas migrações acontecem em decorrência de opressão ou de perseguição, como a que houve durante a Segunda Guerra Mundial e nos anos do pós-guerra. Na Europa, em 1945, cerca de 40 milhões de pessoas se encontravam fora de seu país de origem.

Atualmente, a globalização está tendo impactos sobre as migrações pela redução do custo dos transportes (principalmente aéreo), pela expansão da utilização da internet e das telecomunicações e contatos com realidades distantes.

Porém,  a realidade tem se mostrado muito dura principalmente com os trabalhadores imigrantes, principalmente os de baixa renda e sem qualificação profissional, que enfrentam inúmeros obstáculos ao tentar ingressar em muitos países.

Imagem: Reprodução

Fonte (livro):
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. Vol. 3. São Paulo: Editora Scipione, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. Vol. 1. São Paulo: Editora Moderna, 2016.
Fonte (internet):
https://arteeartistas.com.br/segunda-classe-tarsila-do-amaral/
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa