21 de outubro de 2020

A Sociologia e a interpretação da sociedade atual

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
As transformações no mundo acontecem de forma contínua e intensa. A política, a economia e as diferentes formas de organização social, como a família, a escola e o trabalho rapidamente produzem novas relações ou rearranjam as antigas. Testemunhas do progressivo avanço das tecnologias de comunicação (especialmente a telefonia celular e a internet), as últimas décadas podem ser caracterizadas por um conjunto de transformações que alteraram imensamente a estrutura social no mundo. As mudanças pelas quais passam a economia, a cultura, a política e todos os campos da vida social têm sido cada vez mais objeto de pesquisas e a ciência tem sido convocada a estudar os impactos dessas novas realidades formadas por elementos como novas relações de trabalho, novos arranjos políticos e novas representações e de diferentes aspectos da sociabilidade, como a criminalidade violenta e o consumismo.

Uma das interpretações dessas transformações é a do sociólogo espanhol Manuel Castells. Tendo como base uma revolução causada pelo avanço das tecnologias da informação, produziu-se uma remodelação cada vez mais rápida das estruturas sociais. Partindo dessa constatação, Castells mostra que as economias do mundo estabeleceram um novo processo de interdependência global, que transformou radicalmente as antigas formas de relação entre a economia, o Estado e a sociedade. Segundo ele, todas as alterações de caráter econômico, cultural e político devem ser analisadas em relação às transformações tecnológicas de informação, pois o fluxo de informações, o modo pelo qual elas se propagam e estabelecem diferentes redes sociais, altera os padrões de reprodução social, resultando em constantes mudanças no tecido social (termo usado atualmente para se referir aos aspectos sociais de uma cidade). A partir dessas transformações, Castells vê surgir um novo processo social, que ele chamou de sociedade em rede ou sociedade informacional.

A outra análise da sociedade atual foi feita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que destaca o fato de vivermos uma época na qual os parâmetros que construíram a modernidade com base nos ideais emancipatórios da Revolução Francesa perderam sua eficácia. As expectativas de construção de um mundo justo e seguro falharam, e a sociedade hoje vive as consequências de uma realidade de incertezas. A falta de estabilidade no emprego e a incapacidade dos Estados de corrigir essa insegurança são responsáveis pelos principais  problemas sociais da atualidade. Como a política não é mais capaz de centralizar as demandas sociais, os indivíduos são impedidos ou se abstêm de decidir coletivamente sobre a organização da sociedade. Em lugar do poder de decidir sobre as leis que devem seguir, foi criado um espaço vazio que favorece as soluções individuais e enfraquece a vida coletiva nas sociedades atuais. A forma como esse espaço será preenchido é uma questão tanto para a sociologia quanto para o futuro de cada sociedade.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

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"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa