Apresentamos aqui o trabalho feito por três importantes geógrafos brasileiros que realizaram pesquisas para classificar o relevo do Brasil, cada um deles utilizando recursos técnicos que estavam à disposição na época. A primeira classificação foi proposta pelo geógrafo e professor Aroldo de Azevedo, em 1940. Em 1960, foi proposta a segunda classificação, reelaborada pelo também geógrafo e professor Aziz Ab'Saber. Em 1989 foi a vez de Jurandyr Ross, outro geógrafo e professor, propor uma nova classificação do relevo brasileiro.
Com o desenvolvimento e utilização de modernas técnicas de sensoriamento remoto e de imagem de satélites foi possível ter uma visão mais detalhada do território brasileiro e de sua geologia e ¹hipsometria.
Classificação de Aroldo de Azevedo
A primeira classificação foi elaborada, na década de 1940, pelo professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Aroldo de Azevedo (1910-1974).
Nessa classificação Aroldo de Azevedo emprega termos geomorfológicos para denominar as divisões gerais (planaltos e planícies), e critérios geológicos para classificar as subdivisões, que foram definidas em uma segunda etapa do trabalho. Ele usou o critério de altimetria, estabelecendo o limite de 200 metros para diferenciar planaltos de planícies.
Na classificação de Aroldo de Azevedo, o território brasileiro foi dividido em oito unidades de relevo.
Classificação de Aziz Ab'Saber
Em 1960, o também professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Aziz Ab'Saber (1924-2012), usando o critério morfoclimático, que explica as formas de relevo pela ação do clima, ampliou a classificação de Aroldo de Azevedo, acrescentando novas unidades ao relevo brasileiro. Em sua classificação, o Brasil apresenta dez unidades de relevo.
Ab'Saber baseou-se nos processos de sedimentação e erosão para diferenciar planalto de planície, sem mencionar o nível altimétrico de Aroldo de Azevedo. Segundo Aziz Ab'Saber, todas as superfícies onde predominam os agentes de erosão são considerados planaltos, e as superfícies onde a deposição de sedimentos é maior que a erosão são classificadas como planícies.
Classificação de Jurandyr Ross
Em 1989, outro professor do Departamento de Geografia da USP, Jurandyr Ross, com base nos estudos de Aziz Ab'Saber, propôs uma nova divisão do relevo brasileiro, mais detalhada graças às modernas técnicas cartográficas, como sensoriamento remoto e imagens de satélites, obtidas em 1970 e 1985 pelo Projeto Radambrasil, que garantiu um levantamento preciso das características geológicas, geomorfológicas, hidrográficas, de solo e de vegetação, além de possibilitar um mapeamento completo e minucioso do país. Por meio dele, foi possível chegar a uma classificação das formas de relevo mais próximas da realidade.
Na nova classificação são consideradas três principais formas de relevo: planaltos, planícies e depressões. Planaltos estão presentes na maior parte do Brasil e são consideradas formas residuais, isto é, constituídas por rochas que resistiram à erosão. Planícies são áreas planas onde predomina a deposição de sedimentos recentes, com origem no período Quaternário. Depressões são áreas rebaixadas, formadas principalmente na Era Cenozoica, por processos erosivos nas bordas das bacias sedimentares.
1. Hipsometria: representação das altitudes no mapa.
Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço brasileiro natureza e trabalho. São Paulo: Ática, 2017