11 de outubro de 2020

Expansão da sociedade de consumo

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A partir da segunda metade do século XX, os níveis de consumo no mundo cresceram rapidamente tanto nos países desenvolvidos como nos países subdesenvolvidos que passavam, tardiamente, pelo processo de industrialização (como Brasil, México, Argentina, África do Sul e Turquia).

A redução dos custos de transporte de mercadorias e a  apropriação das inovações tecnológicas da Terceira Revolução Industrial tornaram possível às empresas colocar no mercado, em grande quantidade e a preços relativamente acessíveis, novos bens de consumo, como automóveis, máquinas de lavar, aspiradores, refrigeradores e televisores - itens que mudariam os hábitos da população e criariam novas necessidades, sobretudo na classe média, o principal alvo das empresas multinacionais

Teve início intensa disputa entre as grandes corporações, interessadas em dominar o mercado consumidor dos países em que desenvolvem suas atividades.

O papel do marketing

Para estimular o consumo, os segmentos produtivos (indústria, setores atacadista, varejista e de serviços) utilizam como principal recurso o marketing, conjunto de ações e estratégias de publicidade veiculada na mídia (rádio, televisão, jornais, revistas, outdoors, internet etc.), com o objetivo de divulgar os produtos que criam e comercializam, despertando nas pessoas o desejo de consumi-los.

Ao mesmo tempo, a produção industrial diversifica-se constantemente: são desenvolvidos vários modelos de um mesmo produto, buscando atender às preferências dos consumidores. Além disso, em razão das constantes inovações tecnológicas e das atualizações da moda, as mercadorias tornam-se rapidamente obsoletas, sendo substituídas por modelos mais novos. O marketing, portanto, ao criar no consumidor a necessidade de desfazer-se de itens "ultrapassados" para consumir aquilo que há de mais moderno, configura-se como um instrumento imprescindível para o mercado. Outra estratégia industrial  é fabricar produtos com vida útil curta, ou seja, que duram pouco tempo e precisam ser substituídos por outros iguais ou de mesmo nível tecnológico.

As linhas de crédito

Uma estratégia fundamental do capitalismo para estimular o consumo, em meio a tantas ofertas, é o estabelecimento, pelo capital financeiro, de facilidades para obtenção de linhas de crédito (crediário, empréstimos pessoais, cartões de crédito etc.). As linhas de crédito permitem ao consumidor dispor de vários produtos e serviços sem que tenha o valor necessário para o pagamento no ato da compra. Com a disponibilidade das linhas de crédito, cresce também o endividamento pessoal.

Através das facilidades de crédito e das campanhas de marketing veiculadas nos meios de comunicação, as pessoas são constantemente induzidas a consumir mais mercadorias, o que estimula a produção e, consequentemente, faz crescer os lucros e a acumulação de capital. Essa acumulação garante novos avanços tecnológicos e a fabricação de produtos sempre mais modernos, que são inseridos sucessivamente no mercado, reaquecendo o consumo.

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Fonte: BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e identidade. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.


10 de outubro de 2020

A acumulação de capital

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O capitalismo se tornou o modo de produção dominante a partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra. Entretanto, para o capitalismo vigorar fazia-se necessário uma fase anterior de "acumulação de capital".

Para entender melhor como surgiu o capitalismo, seu principal estudioso, Karl Marx, se debruçou em pesquisas para entender o que aconteceu na Inglaterra pré-capitalista. Marx chamou esse processo de acumulação primitiva de capital. Como as relações de produção pré-capitalistas na Inglaterra eram agrícolas, a única forma de transformar essas relações em capitalistas era através da apropriação da terra pela burguesia, com a total expulsão dos camponeses que lá viviam. E foi isso o que aconteceu: os camponeses foram expropriados, separados da sua terra, e não lhes restou nada mais que não fosse a venda da sua força de trabalho. Se antes os camponeses eram proprietários, agora eram trabalhadores assalariados. E foram esses trabalhadores que serviram de mão de obra para as indústrias que surgiam. O capitalismo invade também o campo, onde os ex-proprietários foram empregados depois como assalariados. Segundo Marx, esse foi o segredo da acumulação primitiva de capital: transformar radicalmente (revolucionar), à força, as relações de produção até então existentes no campo.

Considerando como elemento principal do processo de acumulação primitiva de capital, com todas as mudanças radicais e violentas que ela proporcionou, podemos dizer que o capital prosseguiu em seu processo de acumulação com a multiplicação de centros comerciais existentes nas cidades (burgos), mas também através da expansão do "capital mercantil", com a apropriação da riqueza existente em outras terras do planeta, através das grandes navegações e "descobrimentos". Assim, o processo de acumulação de capital foi se desenvolvendo através do financiamento de corsários e piratas, do tráfico de escravos (principalmente africanos), com o empréstimo de dinheiro a juros por intermédio da organização de instituições bancárias, com o pagamento de salários miseráveis aos artesãos empregados nas manufaturas e vencendo guerras, comerciando e impondo tratados a países fracos.

Depois da indústria, o comércio passou a ser a atividade mais importante da burguesia inglesa. Os comerciantes ingleses e seus navios estavam por toda a parte do mundo. Quanto maior a atividade comercial, maior era a concorrência. Cada mercador inglês queria abater seus concorrentes e, para vencer os competidores, era preciso oferecer produtos mais baratos. Como baixar cada vez mais os custos da produção?

A resposta estava no uso de máquinas. Desse modo, foi a pressão do mercado que levou a burguesia inglesa a aprimorar suas máquinas e a instalar mais indústrias.

Mas a burguesia necessitava de operários para instalar suas indústrias e fazê-las operar. Para encontrá-los era necessário ir ao campo, onde estava a mão de obra.

O aparecimento do capitalismo estimulou os fazendeiros a investir capital na produção agrária. Para desenvolver as áreas de cultivo, ocuparam terras onde habitavam os camponeses e forçaram as famílias a ficar em pequenos territórios cercados. Eram milhares de camponeses e os terrenos eram tão pequenos que os camponeses quase não tinham como continuar a viver ali. A saída foi buscar trabalho e moradia em outro lugar. Assim, as cercas expulsaram as pessoas do campo. Restou ir para as cidades. Para não morrer de fome, eles aceitavam trabalhar por horas e horas nas fábricas, recebendo salários miseráveis.

O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, já que os sapatos e os tecidos eram confeccionados mais rapidamente e de uma maneira mais barata numa fábrica do que nas oficinas dos artesãos, sapateiros ou tecelões. Por isso, os artesãos também tiveram de buscar emprego de operários nas fábricas. Havia, então, uma multidão de homens e mulheres que não conseguiam mais viver por conta própria. Agora era trabalhar para um patrão em troca de um salário. Formou-se, assim, uma nova classe social chamada proletariado.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

9 de outubro de 2020

Terceira Revolução Industrial

 

A partir da segunda metade do século XX, iniciou-se uma nova fase de progressos tecnológicos, decorrente da integração entre ciência e produção, chamada de Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica-Informacional.

A aplicação quase que imediata das descobertas científicas ao processo produtivo favoreceu o crescimento das atividades em que se emprega alta tecnologia. Essas atividades despontam, hoje, como os setores mais dinâmicos da economia mundial. São exemplos desses setores e dos produtos e serviços por eles gerados: a informática, que produz computadores e softwares (programa ou sistema que permite a utilização e a operação do computador pelo usuário); a microeletrônica, que fabrica chips, transistores e circuitos eletrônicos; a robótica, que cria robôs para uso industrial; as telecomunicações, que viabilizam as transmissões de rádio, televisão, telefonia fixa e móvel e internet; indústria aeroespacial, que fabrica satélites artificiais e aviões; e a biotecnologia, por meio da qual se desenvolvem medicamentos e se manipulam geneticamente plantas e animais.

Nas sociedades capitalistas, especialmente nas mais industrializadas, a implantação de tecnologias altamente sofisticadas melhora o desempenho e a produtividade do trabalho, cria produtos de melhor qualidade e reduz os custos de produção das empresas. Esse processo gera lucros extraordinários e maior acumulação de capital, que é reaplicado no desenvolvimento de novas tecnologias.

A economia mundial fica cada vez mais dinâmica com o desenvolvimento tecnológico. Os setores de telecomunicações e de transportes tornam-se fundamentais para a formação de um espaço geográfico cada vez mais interligado.

A propagação dos serviços de telefonia por cabos oceânicos ou por meio de satélites, a informatização das empresas e a transmissão de dados pela internet permitem a integração simultânea entre sede de indústrias, bancos e bolsas de valores (instituição onde são realizadas transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários) no mundo todo. O transporte de grande número de pessoas e de mercadorias por navios e aviões de grande porte intensificou os negócios empresariais e o comércio internacional.

As grandes distâncias deixaram de ser obstáculo para a integração entre as nações, sendo criadas as condições necessárias para a expansão do capitalismo em nível planetário, principalmente pela implantação de filiais de grandes empresas multinacionais em países emergentes.

Esse processo, desencadeado nas últimas décadas do século XX, foi decisivo para fortalecer a atual fase do capitalismo e da divisão internacional do trabalho, a globalização.

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Fonte (livro): BOLIGIAN, Levon et al. Geografia espaço e vivência. São Paulo: Saraiva, 2015.
Fonte (web): https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceira-revolucao-industrial.htm

Fordismo

Imagem: Linha de montagem (reprodução) 
Fordismo é um modo ou sistema de produção industrial criado pelo empresário norte-americano Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, em 1914. O fordismo tinha como objetivo a produção em massa: a capacidade de produzir mais com custos menores, a partir de um ganho de escala e eficiência. Para isso, Ford implementou a linha de montagem, a padronização de processos e uma série de melhorias de planejamento, que possibilitaram a fabricação de automóveis mais acelerada e barata.

Ford estabeleceu sua doutrina, seguindo os seguintes princípios:
Intensificação: permite dinamizar o tempo de produção;
Economia: tem em vista manter a produção equilibrada com seus estoques;
Produtividade: visa extrair o máximo da mão de obra de cada trabalhador.

Ele implementou nas suas fábricas um sistema de esteiras rolantes, em que os veículos eram direcionados para os trabalhadores montadores, que ficavam parados. Os trabalhadores passaram a se especializar em uma única atividade, sem conhecer o processo de forma integrada. Um dos efeitos foi justamente o ganho de um ritmo mais acelerado ao trabalho.

O fordismo foi fundamental para a racionalização do processo produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital.

Esse método de trabalho permitiu que nas fábricas da Ford fossem produzidos mais de 2 milhões de carros por ano, na década de 1920. Posteriormente, vários outros segmentos adotaram o fordismo como método de produção, principalmente entre as décadas de 1920 e 1970.

Uma das principais críticas ao fordismo consiste no fato de que esse modelo torna o trabalho desgastante, repetitivo e maçante para os funcionários. É a crítica feita pelo ator e diretor Charles Chaplin, em um de seus filmes mais famosos, “Tempos Modernos”.

TEMPOS MODERNOS / MODERN TIMES Produção: EUA / 1936 Direção: Charles Chaplin Elenco: Charles Chaplin / Paulette Goddard Duração: 83 min.


Imagem: Henry Ford (reprodução)

Fonte (livro): BOLIGIAN, Levon et al. Geografia espaço e vivência. São Paulo: Saraiva, 2015.
Fonte(web):
https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/fordismo/
https://www.todamateria.com.br/fordismo/
http://obviousmag.org/conversando_sobre_cinema/2015/reflexoes-a-cerca-de-chaplin-e-a-contemporaneidade-em-tempos-modernos.html
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa