10 de dezembro de 2020

Segurança alimentar

"A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis". (II Conferência Nacional de SAN, 2004; LOSAN, 2006).

Segurança alimentar refere-se ao direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade que sejam produzidos de forma sustentável, econômica e socialmente. A fome, a má alimentação, a subnutrição e os preços abusivos são alguns dos fatores que indicam a falta de segurança alimentar.

O aumento do consumo de produtos industrializados, assim como de congelados, com baixo valor nutritivo e grande quantidade de açúcar, gorduras e alto teor calórico, tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento do número de pessoas obesas no mundo, sobretudo entre crianças e adolescentes. Esses novos padrões de consumo contribuem para a "insegurança alimentar", na medida em que se constata um significativo aumento de várias doenças associadas à ingestão desequilibrada de nutrientes, como doenças cardíacas, hipertensão e diabetes.

A Organização Mundial da Saúde tem proposto restrições às propagandas desses tipos de alimento dirigida às crianças, por considerar que estas são mais suscetíveis aos apelos comerciais.
Imagem: Reprodução

Fonte: 
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SOBERANIA alimentar e segurança alimentar e nutricional. Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN). Disponível em: http://www.ceresan.net.br/quem-somos/o-que-entendemos-por-ssan/

Soberania alimentar

Suprir as necessidades alimentares da população com base em suas próprias potencialidades técnicas e naturais confere aos países a possibilidade de preservar com mais facilidade os aspectos culturais relacionados à alimentação. Se um país consegue, a partir da sua capacidade produtiva e com recursos próprios, abastecer a população sem depender totalmente dos mercados internacionais, está a caminho de atingir a soberania alimentar.

Soberania alimentar é o direito de os povos produzirem e comercializarem localmente alimentos vinculados à sua cultura e ao seu modo de vida, com uma produção sem o uso de agrotóxico e tendo por objetivo a manutenção do equilíbrio ambiental.

A padronização alimentar  modifica profundamente a forma da preparação da comida, empobrecendo o perfil alimentar da população e comprometendo os diferentes modos de viver e a preservação das culturas locais.

É por isso que a decisão de que alimentos devem ser colocados no prato, assim como o controle da origem dos produtos e das condições em que são feitos, não podem ser delegados apenas a um seleto grupo de empresários. Cada país necessita manter o controle dos próprios hábitos alimentares, o que compete ao âmbito da soberania alimentar.

A soberania alimentar é alcançada quando o sistema de produção também é sustentável, com uso cada vez menor de agrotóxicos, substituição de modelos de produção de monocultura, e quando o país decide a sua própria política agrícola, ou seja, o que deve cultivar, como e quando comercializar, como atender os mercados interno e externo, etc.

No entanto, a soberania alimentar de um país é ameaçada pela presença de empresas estrangeiras em seus territórios. Grandes importadores e suas multinacionais do ramo alimentício expandiram-se em países agroexportadores e os transformaram em extensões de suas áreas produtivas.

Um exemplo disso é o impacto da produção de óleo de palma. A aquisição de terras de comunidades locais por grandes empresas para intenso aproveitamento do cultivo da palma provocou o esgotamento de solos e recursos hídricos e a destruição de florestas, colocando em risco a produção de alimentos de países como a Indonésia, Malásia e Honduras, grandes produtores de óleo de palma.

Em contraposição ao mercado global, que absorve grande parte da produção dos países, os sistemas produtivos locais - como a agricultura familiar no Brasil - são uma das principais garantias de soberania alimentar, pois abastecem os mercados internos.

"[…]. A soberania alimentar é a via para se erradicar a fome e a desnutrição e garantir a segurança alimentar duradoura e sustentável para todos os povos". (Fórum Mundial sobre Soberania Alimentar, Havana, 2001).

Imagem: Reprodução

Fonte:
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SOBERANIA alimentar e segurança alimentar e nutricional. Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN). Disponível em: http://www.ceresan.net.br/quem-somos/o-que-entendemos-por-ssan/

Fronteira agrícola

 Fronteira agrícola é a área de um país onde ocorre o avanço das atividades agropecuárias. As zonas de fronteira agrícola estenderam-se por florestas, matas e campos naturais, drenaram pântanos e alagadiços, dando lugar a plantações e pastagens, criaram milhares de represas e açudes para a irrigação de lavouras. No caso do Brasil, o avanço da fronteira agrícola ocorreu, principalmente sobre áreas dos biomas Cerrado e Amazônia,  respectivamente nas regiões Centro-OesteNorte de país.

Na história do Brasil, a fronteira agrícola se expandiu em função do crescimento da atividade econômica. Nos tempos da colonização a Mata Atlântica foi sendo destruída na costa nordestina para dar lugar ao cultivo de cana-de-açúcar, utilizada na produção de açúcar destinado à exportação. A cafeicultura, desenvolvida na região Sudeste, também contribuiu para o processo de destruição da Mata Atlântica. No século XIX e início do século XX, as plantações de café, que ocupavam inicialmente terras localizadas no Rio de Janeiro, foram espalhando-se por Minas Gerais e estendendo-se pelo interior de São Paulo. À medida que os solos foram se esgotando, a produção agrícola avançou para áreas de florestas em novas propriedades rurais.

A partir da década de 1970, juntamente com a implantação de ¹tecnologia no campo, o movimento da fronteira agrícola passou para os estados do Centro-Oeste, com o cultivo da soja.

Nas últimas décadas, a expansão da fronteira agrícola tem significado o desmatamento de grandes áreas da floresta Amazônica, comprometendo a manutenção da biodiversidade, destituindo povos indígenas, ribeirinhos e seringueiros de suas terras e comprometendo o modo de vida dessas comunidades. A expansão da fronteira agrícola permitiu que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores mundiais de soja e carne, mas tem causado graves prejuízos à natureza e à sociedade.

1. Tecnologia no campo: a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem como objetivo desenvolver inovações tecnológicas para a agropecuária brasileira.

 Região aproximada sob influência da fronteira agrícola Amazônica
Imagem: Inkscape., CC BY-SA 3.0

Fonte:
BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e identidade. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.
VIEIRA, Bianca Carvalho et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.

9 de dezembro de 2020

Transgênicos

Na metade da década de 1990, um ramo da biotecnologia - a pesquisa genômica - passou a lidar com um novo campo que gerou e continua gerando muita controvérsia: a produção de organismos geneticamente modificados (OGMs), mais conhecidos como transgênicos. No caso das plantas, estas podem se tornar resistentes à ação de pragas ou de herbicidas. Outras modificações genéticas mais antigas, como melhoramento de sementes ou o aumento na proporção de nutrientes dos alimentos foram menos criticadas.

Essa nova tecnologia apresenta vários aspectos positivos e negativos, o que tem gerado muita polêmica. Entre os positivos destacam-se a elevação nos índices de produtividade, a redução do uso de agrotóxico e a consequente redução dos custos de produção e das agressões ambientais, além da criação de plantas resistentes a vírus, fungos e insetos, bem como de variedades resistentes a secas e solos ácidos. Quanto aos aspectos negativos, aponta-se a falta de conclusões confiáveis sobre os eventuais impactos ambientais do seu cultivo em grande escala, além dos possíveis efeitos danosos à saúde humana. Outro aspecto duramente criticado é o monopólio de empresas no controle das sementes.

No Brasil, a regulamentação e fiscalização do uso de alimentos transgênicos ficou a cargo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A Lei de Biossegurança (Lei 1105, de 24 de março de 2005) obriga a explicitação no rótulo na embalagem de alimentos que contenham produtos transgênicos para que os consumidores tenham opção de escolha na compra. O símbolo adotado é um triângulo amarelo, com a letra T dentro (e em preto sobre fundo branco, quando a embalagem não for colorida). Ele deve constar no painel principal da embalagem, para assegurar a sua visibilidade pelo consumidor.

Em 2017, aprovou o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015 que reduzia exigências para a identificação de alimentos transgênicos. Segundo esse Projeto de Lei, a proposta desobrigava a indústria de informar a existência de organismos geneticamente modificados no rótulo dos produtos, caso a concentração fosse inferior a 1%. Os fabricantes só deveriam informar caso a concentração fosse maior, mas sem a letra "T".

Em novembro de 2019, a Comissão do Senado rejeitou o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015, que prevê o fim da rotulagem com o conhecido "T". Entretanto, o projeto pode ser votado no plenário a qualquer momento.

Imagem: Reprodução

Alimentos transgênicos

Conforme o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) alimentos transgênicos são assim definidos:
Os transgênicos são alimentos modificados geneticamente com a alteração do código genético. Ou seja, quando são inseridos no organismos genes proveniente de outro. Esse procedimento pode ser feito até mesmo entre organismos de espécies diferentes (inserção de um gene de um vírus em uma planta, por exemplo) e realizado com plantas, animais e micro-organismos.
De acordo com o IDEC, são vários e graves os riscos potenciais, tendo os cientistas apontado como os principais deles: aumento das alergias, aumento de resistência aos antibióticos, aumento das substancias tóxicas, maior quantidade de resíduos de agrotóxicos.


Imagem: Fabiano dos Santos
http://fabianocartunista.blogspot.com/2015/08/charge-alimentos-transgenicos.html

Fonte:
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
LEI 1105, de 24 de março de 2005. Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Disponível em: http://ctnbio.mctic.gov.br/leis
COMISSÃO aprova fim do selo "T" em produtos que contêm transgênicos. Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/agricultura/comissao-aprova-fim-do-selo-t-em-produtos-que-contem-transgenicos-f4thvxw99aq4y2uosphj9lgw8/
COMISSÃO do Senado rejeita proposta que dificulta identificação de transgênicos. Instituto Socioambiental.  Disponível em: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/comissao-do-senado-rejeita-proposta-que-dificulta-identificacao-de-transgenicos
SAIBA o que são os alimentos transgênicos e quais os seus riscos. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).  Disponível em: https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-sao-os-alimentos-transgenicos-e-quais-os-seus-riscos?
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa