2 de dezembro de 2020

Brasil: maior espaço agrário do planeta

Fonte: IBGE

Com 8514876,599 km² (ou 851489659 ha), o Brasil é o quinto país do globo em extensão. Na maioria dos países, as ¹terras agricultáveis raramente chegam a 30%, mas o Brasil, de acordo com estudos da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq), esse índice aproxima-se de 70%, ou seja, são 70% do quinto maior país do globo, algo em torno de 6 milhões de km², o que assegura ao Brasil o maior espaço agrário de todo o planeta (dedução que coincide com os dados oficiais do Censo agropecuário de 2006 do IBGE). De acordo com estudos, o segundo maior seria a Rússia, país com maior extensão territorial.

Como vimos, o Brasil apresenta grande extensão territorial, suficiente disponibilidade de recursos hídricos e localiza-se, em sua maior parte, na zona tropical. Vamos analisar, então, a natureza geográfica do Brasil para confirmar os dados acima.

Entre os fatores naturais mais importantes para a agricultura estão o relevo, o clima e o solo.

O relevo brasileiro não apresenta grandes entraves às atividades agrícolas. Em razão da ausência de cadeias montanhosas, o domínio planáltico favorece o cultivo graças às suaves ondulações de nossa geomorfologia. As principais áreas agrícolas ocorrem majoritariamente em planícies (China, Estados Unidos, Índia e Europa), mas, no caso brasileiro, as áreas de maior produtividade ocorrem em domínios planálticos.

A diversidade climática é outro fator favorável, pois a extensão latitudinal do país permite a variedade de cultivos. Apesar de estar na zona intertropical do globo, a tropicalidade brasileira apresenta variabilidade; assim, podemos encontrar subtipos climáticos como o tropical, o tropical de altitude, o semiárido, subtropical e o equatorial originando, portanto, uma gama variada de gêneros agrícolas.

A fragilidade da natureza geográfica brasileira se deve aos solos, já que há grandes extensões do território constituídas por solos ácidos e pobres em nutrientes orgânicos e que necessitam ser corrigidos ou humificados (nutridos com húmus). Além disso, a utilização inadequada agrava os problemas dos solos típicos do clima tropical, como a erosão, a ²lixiviação ou a ³laterização.

É possível concluir, a partir dessa análise, que o Brasil tem um enorme potencial agrícola, daí apelidado de "celeiro agrícola do mundo"

No entanto, o aproveitamento de tamanha disponibilidade é pequeno se comparado com o resto do mundo: a China, por exemplo, tem um aproveitamento das terras disponíveis para agricultura de quase 100%; já o Brasil aproveita menos de 20% de todo esse potencial.

1. Terras agricultáveis: terras passíveis de aproveitamento agrícola. 
2.Lixiviação: perda de nutrientes do solo quando ele está desnudado e exposto a ação da chuva.
3. Laterização: formação de uma crosta ferruginosa pela oxidação e pela compactação do solo, tornando-o impermeável, o que o inviabiliza para a agricultura.


Fonte:
SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.

1 de dezembro de 2020

O espaço agrário brasileiro

Desde o início da colonização, as principais atividades econômicas brasileiras estavam ligadas a agropecuária. A cana-de-açúcar ocupou, principalmente o litoral nordestino para a produção do açúcar que era enviado para a Europa. O cultivo do café teve papel essencial na economia e na sociedade brasileiras do século XIX e XX, influindo decisivamente na política e na economia nacionais ao reafirmar o poder do latifúndio agroexportador e das oligarquias.

As grandes lavouras monocultoras foram os pilares da intensa concentração de terras nas mãos de poucas pessoas. Essa desigualdade no acesso à propriedade ainda perdura em nosso país. Em 1850, a implantação da Lei de Terras transformou a terra em mercadoria, tornando-a cara, o que restringiu o acesso a ela. Além disso, declarou públicas as terras não ocupadas, levando às apropriações sem documentação legal. Até hoje ocorrem violentas disputas por essas propriedades.

A concentração fundiária gera problemas sociais e econômicos, como a falta de terras para os trabalhadores rurais, que, sem ter outra forma de subsistência, lutam por seus direitos organizando-se em movimentos pela reforma agrária. Ocorrem ainda, nos dias de hoje, situações de abuso trabalhista na contratação de mão de obra temporária, como a dos boias-frias, que só tem trabalho durante o período das colheitas.

O Brasil apresenta grande extensão territorial, suficiente disponibilidade de recursos hídricos e localiza-se, em sua maior parte, na região tropical. Esses atributos, aliados aos novos recursos tecnológicos, fazem de nosso país um dos maiores produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo na atualidade. As exportações do país estão apoiadas no agronegócio, setor que ganha cada vez mais importância no cenário nacional e internacional.

Fonte: SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.

Lei de Terras de 1850

Foi a Lei de Terras, promulgada em 18 de agosto de 1850, que praticamente instituiu a propriedade privada da terra no Brasil. ao determinar que as terras públicas ou ¹devolutas só poderiam ser adquiridas por meio de compra, essa lei limitou o acesso à posse da terra a quem tivesse recursos para satisfazer essa condição.

Ao ser instituída, essa lei transformou a terra em mercadoria no Brasil, e as porções não ocupadas foram declaradas bem público, podendo ser adquiridas apenas por meio de compra.

Como os preços eram elevados - pois o propósito da renda obtida era  financiar a vinda de imigrantes em substituição à mão de obra escrava -, essa medida ratificou a concentração fundiária ao impedir que os escravos libertos, os imigrantes e os pequenos agricultores tivessem acesso à terra. A ausência de títulos de propriedade em grande parte do território nacional deu lugar a posses irregulares e ao processo chamado grilagem.

As terras livres foram compradas por abastados proprietários rurais. Dessa forma, estes garantiram seus privilégios, tendo um grande contingente de trabalhadores vindos dessas populações menos favorecidas.

Ao longo do tempo, essa desigual distribuição de terras acabou gerando conflitos cada vez mais violentos e generalizados entre proprietários e não proprietários. 

1. Devoluta: diz-se de terras não utilizadas para a agricultura, ou seja, terras ociosas.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.

Agronegócio

É uma adaptação para o português do verbete em inglês, agribusiness. Refere-se a todo segmento ligado direta e indiretamente à agricultura, como a própria produção, os transportes, o armazenamento, os insumos, as ferramentas e máquinas agrícolas, a tecnologia e o processamento dos gêneros e derivados, que implica um efeito  multiplicador da agricultura e pecuária.

O agronegócio agrupa o conjunto de todas as operações e transações que envolvem ramos especializados do setor industrial que produzem os insumos agrícolas (sementes, adubos, maquinários, combustíveis e equipamentos), as unidades de produção agropecuárias, o processamento industrial dos produtos agropecuários e sua comercialização. Ou seja, reúne todos os elementos que formam a cadeia produtiva de determinado setor agropecuário.

Fonte: 
SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa