13 de novembro de 2020

A Geografia na Idade Contemporânea

 

Imagem: Reprodução (Humboldt e Ritter)

A partir do conhecimento descritivo do mundo conhecido, dois cientistas alemães - Carl Ritter (1779-1859) e Alexander von Humboldt (1769-1859) - passaram a procurar explicações para o que já se conhecia como paisagem descritiva, tentando explicar a relação entre natureza e vida humana. Com seus ensinamentos a geografia se firmou como ciência.

Ritter procurou explicar as relações existentes entre o meio físico e a vida humana, dando maior ênfase à geografia humana. Determinou, assim, o papel da geografia entre as demais ciências. Humboldt procurou integrar outra vez as distintas disciplinas que estudam o meio natural. Esses dois cientistas também procuraram explicar as causas dos fenômenos naturais e sociais, suas diferenças e semelhanças.

Humboldt e Ritter estabeleceram dois princípios que fizeram da geografia uma ciência original. Mais tarde, o geógrafo francês Emmanuel De Martonne (1873-1955) chamou esses princípios de Princípio da causalidade e Princípio da geografia geral ou da analogia.

Princípio da causalidade procura explicar as causas que produzem um fato ou fenômeno geográfico.

Princípio da geografia geral ou da analogia procura comparar fenômenos e fatos similares que ocorrem em lugares diferentes da superfície da Terra. Esse princípio se baseia na suposição de que um mesmo fenômeno pode se apresentar em outro lugar da Terra se houver condições naturais análogas.

No início da Idade Contemporânea (século XVIII), os países europeus que se enriqueceram com a Revolução Industrial procuraram mapear seus recursos naturais e os recursos de suas colônias, enquanto fortaleciam seu poder militar. Os cartógrafos prestavam serviços para o governo, tanto para a administração como para a estratégia de guerra.

A geografia passou a ser uma disciplina nas escolas e nas universidades. Passou também a ser definida como a ciência que estuda a distribuição dos fenômenos e fatos físicos e humanos na superfície terrestre, suas causas e suas inter-relações.

Determinismo geográfico e possibilismo geográfico

Essas duas correntes marcaram o estudo da geografia no século XIX.

O determinismo geográfico, expresso pelo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904), sustentava que as atividades humanas seriam extremamente influenciadas pela natureza do lugar onde se vive. Assim, a organização do espaço dependeria exclusivamente das condições naturais.

Ratzel propôs mais um princípio para a ciência geográfica - o Princípio da Extensão, segundo o qual é preciso localizar, limitar e mapear a área de ocorrência de um fenômeno ou fato geográfico. Na aplicação desse princípio a cartografia assume importância marcante.

O possibilismo geográfico de Paul Vidal de La Blache (1845-1918), que surgiu no final do século XIX, veio se contrapor ao determinismo de Ratzel. Para essa corrente, a humanidade pode intervir no meio natural. É o ser humano quem escolhe livremente as atividades que vai realizar no meio natural, servindo-se ou não das possibilidades oferecidas por este, desenvolvendo técnicas que lhe permitam vencer as dificuldades que a natureza oferece. Segundo o possibilismo geográfico, o meio físico não determina as atividades humanas, apenas apresenta ao ser humano possibilidades, e este é livre para aproveitá-las ou não.

Com essas novas ideias possibilistas, surgiu o conceito de espaço geográfico ou espaço transformado, marcado pelas relações entre a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera. Também surgiu o conceito de paisagem como o espaço geográfico caracterizado pelas relações dos elementos que o compõem. Portanto, o conceito de paisagem está ligado ao aspecto visual do espaço geográfico.

Outro conceito muito ligado ao espaço organizado é o de região: a geografia regional, defendida por Paul Vidal de La Blache, que dá ênfase à combinação de fatores físicos e humanos em uma determinada área. 

 Continua em... A geografia no século XX.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2012. 

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"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa