O conceito urbanização expressa o processo histórico de intensificação da vida nas cidades. Utiliza-se o termo "urbano" para designar as atividades e relações que as caracterizam.
A cidade é uma criação humana, uma forma de organização espacial dos grupos sociais. Na Antiguidade (cerca de 4000 a.C a 476 a.C), quando as técnicas de produção de alimentos foram aprimoradas, a ponto de abastecer toda a comunidade sem a necessidade de que todos trabalhassem na agricultura, surgiram atividades que não eram diretamente ligadas a ela, como o artesanato, o comércio e as funções administrativas. Durante a Antiguidade, desenvolveram-se duas das maiores e mais importantes cidades que influenciaram a cultura ocidental: Atenas, na Grécia, e Roma, capital do antigo Império Romano e atual capital da Itália.
Acredita-se que, nas terras hoje denominadas continente americano, as cidades tenham surgido por volta do ano 500 a.C. No reino asteca, a cidade de Teotihuacán chegou a ter 100 mil habitantes. Hoje, nessa localidade, encontra-se uma das maiores aglomerações urbanas do mundo, a Cidade do México.
O processo de crescimento e desenvolvimento das cidades ocidentais foi interrompido durante o longo período da Idade Média (dos séculos V ao XV), cuja organização espacial preponderante no Ocidente eram os feudos.
Os feudos tendiam a concentrar todas as atividades comerciais e administrativas dentro de seus limites, o que desestruturou as ligações entre as cidades. Porém, no século XIII, certo dinamismo comercial começou a interligar os feudos, cujos intercâmbios de produtos e moedas incrementaram as relações de interdependência entre eles, criando uma rede espacial de trocas. No final do século XIV, várias cidades feudais estavam interligadas por rotas comerciais que as fortaleciam política e economicamente, formando uma verdadeira rede urbana. Observe no mapa abaixo que as rotas comerciais do século XIV eram intensas na Europa e se estendiam até o leste da Ásia e o norte da África. Muitos dos principais centros comerciais e feiras são hoje grandes e importantes cidades.
A partir desse momento, as cidades ocidentais renasceram e propiciaram condições extremamente favoráveis para o desenvolvimento do modo de produção capitalista. Em sua fase inicial (capitalismo comercial), a cidade já era o lugar da acumulação e da reprodução do capital. Porém, foi com a Revolução Industrial, no século XVIII, na Inglaterra, que o processo de urbanização teve seu ritmo acelerado.
O impulso dado pela Revolução Industrial possibilitou o surgimento de intensas transformações urbanas. A cidade passou a ser o lugar da grande produção, onde se instalaram as fábricas. O crescente ritmo da produção industrial requisitou uma nova rede de infraestruturas, o que tornou a melhoria e o aperfeiçoamento das redes de transporte e de comunicação necessários. A matéria-prima e as mercadorias precisavam fluir com maior velocidade, o que permitiria uma maior circulação e, portanto, maior acumulação de capital.
No século XIX, o desenvolvimento industrial foi fundamental para o crescimento das cidades, que também se tornaram centros financeiros, como Londres (Reino Unido), Paris (França), Chicago e Nova York (Estados Unidos) e Montreal (Canadá).
O frenético crescimento populacional nas cidades industrializadas do século XIX ocorreu tanto em função do acelerado crescimento vegetativo como por conta do intenso êxodo rural que para elas se direcionava. O intenso incremento populacional em tão pouco tempo levou a um crescimento desordenado e a diversos problemas urbanos, como poluição, pobreza, doenças e condições precárias de higiene. Bairros residenciais eram construídos próximo às indústrias, agravando os problemas ambientais urbanos.
A forte ligação entre o crescimento das cidades e o desenvolvimento industrial continuou nas primeiras décadas do século XX. Houve intensificação no ritmo de crescimento de cidades em países pobres, sobretudo naquelas em que se instalavam as fábricas e as operações bancárias e financeiras, como Buenos Aires (Argentina), que crescia desde o final do século XIX, e São Paulo, principalmente a partir da metade do século XX. Mesmo com o surgimento de cidades com mais de um milhão de habitantes, a população mundial, ao longo do século XX, ainda era predominantemente rural, fato que se inverteu na primeira década do século XXI.
Fonte: SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
Imagens: Internet.
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