16 de novembro de 2020

Consenso de Washington

Em 1989, o economista John Williamson (1937) reuniu o pensamento neoliberal das grandes instituições financeiras (FMI e Banco Mundial) e também do governo estadunidense, no intuito de propor soluções para resolver a crise e o endividamento dos países em desenvolvimento, particularmente os da América Latina, e caminhos para crescimento econômico. Estas propostas ficaram conhecidas como Consenso de Washington, segundo o qual os países latino-americanos deveriam:

  • realizar uma reforma fiscal, isto é, alterar o sistema de atribuição e de arrecadação de impostos para que as empresas pudessem pagar menos e adquirir maior competitividade;
  • executar a abertura econômica, com liberalização das exportações e das importações, ampliação das facilidades para a entrada e a saída de capitais e privatização de empresas estatais;
  • promover o corte de salários e a demissão dos funcionários públicos em excesso e realizar mudanças na previdência social, nas leis trabalhistas e no sistema de aposentadoria, para diminuir a dívida do governo (a chamada dívida pública).
Para serem considerados confiáveis, diminuindo o ¹risco-país, os países deviam cumprir as sugestões do Consenso de Washington. Nada era obrigatório, mas seguir suas determinações básicas era condição para receber ajuda financeira externa e atrair capitais estrangeiros.

1. Risco-país: É um indicador criado para avaliar as condições financeiras de um país emergente. As três principais agências de classificação ou avaliação de risco são Satandard & Poor's, Moody's e Fitch. Elas classificam os países em grau de investimento (capacidade de bom pagador) e grau especulativo (com muita probabilidade de calote) e em cada "grau" há diferentes notas.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.

O apagão no Amapá


Imagem: Reprodução

Na noite de 3 de novembro de 2020, após uma subestação de energia em Macapá ser afetada por um incêndio provocando o desligamento das linhas de transmissão, treze dos dezesseis municípios do estado do Amapá ficaram às escuras. 

A empresa espanhola Isolux, um grupo multinacional responsável desde 2015 pela linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus, interligando Amazonas, Amapá e oeste do Pará à Usina Hidrelétrica de Tucuruí, não dispunha de um gerador substituto e, sequer, de peças de reposição para realizar a troca do transformador atingido pelo raio. Coube a estatal Eletrobrás auxiliar na resolução do problema

Durante o apagão mais de meio milhão de brasileiros ficaram por quase duas semanas sem energia, sem água potável, alimentação adequada e todos os serviços básicos prejudicados em meio a maior crise sanitária da história recente. 
Imagem: Reprodução
Imagem: Reprodução

A energia foi restabelecida por completo nesse domingo, dia 15 de novembro, o que permitiu que 15 dos 16 municípios do estado fossem às urnas, com exceção da capital Macapá.

Fonte: 
https://www.agb.org.br/nota-o-apagao-no-amapa-ilumina-velhos-problemas-brasileiros/
https://g1.globo.com/ap/amapa/

Região

Região é um dos conceitos-chave da Geografia. Refere-se a um determinado tipo de unidade espacial ou de parte dela. Em termos comparativos, regionalização em geografia é algo que se assemelha bastante a periodização em história. 

O conceito de região como unidade da Geografia ganhou impulso no final do século XIX com os estudos do francês Paul Vidal de La Blache. No contexto do discurso nacionalista próprio daquele período e influenciado pela Biologia, La Blache analisava a nação como um "organismo vivo", e as diferentes regiões seriam os seus órgãos vitais, cada um com uma função. Essa forma de compreensão do território defendia e legitimava politicamente a unidade nacional e mesmo eventuais pretensões por outros territórios, entendidos como complementares às necessidades do país.

A partir do século XX, a aceleração dos fluxos de transportes e comunicações e o acesso à informação on-line permitiram novas formas de atuação do capitalismo, que passou a ocorrer em escala planetária, interligando e construindo novas relações entre as localidades. Como consequência, a organização em rede contribuiu para que os espaços passassem a se conectar com maior fluidez, de forma mais rápida e eficiente.

Com essas transformações, o termo região passou a identificar a construção social de conjuntos espaciais em cuja extensão se manifestam fenômenos similares. Nessa perspectiva, consideram-se principalmente as relações entre esses conjuntos, estabelecidas em diferentes escalas espaciais. É possível, portanto, produzir regionalização no interior de um país ou ainda classificar e agrupar países que apresentem características comuns em diversas ordens. Desse modo, há tantos conjuntos regionais, quanto critérios estabelecidos para a regionalização, ou seja, as regiões não são um dado da natureza; seu estabelecimento é uma operação do conhecimento humano e diz respeito à ação dos diferentes sujeitos sociais no espaço geográfico.

Fonte: SILVA, Angela Corrêa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia: contextos e redes. São Paulo: Moderna, 2016.
https://www.preparaenem.com/geografia/o-conceito-regiao.htm
VESENTINI, José William. O conceito de região em três registros. Exemplificando com o Nordeste brasileiro. Disponível em https://journals.openedition.org/confins/7377?lang=pt

Imagem: Regionalização do mundo em continentes (reprodução)

15 de novembro de 2020

Paisagem Cultural Brasileira

Imagem: Cultura imaterial do Brasil

O Brasil possui belezas naturais incomparáveis e uma diversidade cultural única. Promover a proteção desse riquíssimo patrimônio é dever de todos os brasileiros.

Desde 1937, o responsável oficial pela proteção e pela valorização do patrimônio no Brasil é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Atualmente, esse instituto regulamenta cerca de cem cidades históricas protegidas, mais de mil bens tombados individualmente, 15 mil sítios arqueológicos cadastrados e quinze manifestações culturais consideradas patrimônio imaterial.

Segundo o Iphan, Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa da interação da humanidade com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. São exemplo de paisagens culturais as relações entre o sertanejo e a Caatinga, o candango e o Cerrado, o boiadeiro e o Pantanal, o gaúcho e os Pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais e o seringueiro e a Amazônia. Como esses, outros tantos personagens e lugares formam o "painel" das riquezas culturais brasileiras, destacando a relação entre o ser humano e a natureza.

Imagem: Centro Histórico da Cidade de Goiás, Goiás
Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade (Wikimedia)

Para que determinada paisagem cultural ou manifestação imaterial seja protegida pelo Iphan, é preciso que seja reconhecida como tal ou que tenha a ¹chancela do instituto.

Qualquer cidadão brasileiro pode requerer a chancela de uma Paisagem Cultural ou manifestação cultural.

1. Chancela: selo ou sinal gravado usado para validar um documento.

Imagem: Ruína de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul
Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade (Wikimedia)

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
http://portal.iphan.gov.br/
https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/patrimonios-culturais-da-humanidade-unesco-brasil/

"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa