- Presença de capital externo: A presença de estrangeiros entre os grandes proprietários de terra faz com que boas partes dos lucros conseguidos com o trabalho no campo não seja reinvestida no país. Além disso, submete-se a estrutura legal do agronegócio aos interesses do capital externo, que normalmente são conflitantes com os interesses nacionais.
- Relações desiguais de trabalho: A grave concentração de terras leva à polarização nas relações de trabalho. De um lado os donos de enormes propriedades; de outro, trabalhadores assalariados em péssimas condições de trabalho e de vida, por vezes semelhantes a escravidão. Entre esses dois pontos extremos, existem pequenos proprietários que alugam ou arrendam suas terras como forma de sobrevivência.
- Transgênicos: A discussão sobre os transgênicos é intensa e ainda está longe de uma solução. A criação de sementes geneticamente modificadas foi autorizada pelo governo, mas órgãos ambientais e sociais pedem sua proibição em virtude do desconhecimento científico sobre as consequências de seu consumo a longo prazo.
- Solo impróprio: Apesar de seu gigantesco território de área agricultável, o solo brasileiro possui extensas porções de terrenos impróprios para o plantio. Entretanto, tal problema é de fácil resolução com as atuais técnicas agrícolas, desde que haja investimento e estruturas adequadas para isso.
- Concentração fundiária: Principal problema do setor agrário do país, a concentração fundiária resulta de uma estrutura arcaica que remonta ao período colonial, caracterizado pelo latifúndio, pelo difícil acesso à terra e pelas precárias condições de trabalho na maioria dos casos.
- Pesticidas: O uso intensivo de pesticidas afeta a produtividade do solo e também pode contaminar alimentos e causar doenças aos humanos. Além disso, altera sensivelmente o equilíbrio dos biomas onde é utilizado.
- Fertilizantes: Os fertilizantes utilizados pela indústria alteram sensivelmente o teor do solo e provocam impactos ambientais de grandes proporções principalmente ao entrar em contato com lençóis freáticos e nascentes de rios.
4 de dezembro de 2020
Principais problemas do sistema fundiário brasileiro
Injustiça socioespacial
De acordo com Paviani (2007)
"Trabalho, desemprego e migrações estão interligados em teoria e na vida real, independentemente do meio geográfico em que acontecem. [...] Mobilidade espacial e desemprego ocasionam impactos sobre o espaço, no meio rural ou urbano".
Segundo o autor, "a abordagem geográfica pode vislumbrar de que forma ambientes fortemente hostis ao homem tornam-se propícios às migrações em todos os quadrantes do planeta".
O processo migratório que envolve populações oriundas da região Nordeste para outras partes do Brasil tem como fatores determinantes a seca e a estagnação econômica. Devido à intensa exploração monocultora dos solos no passado, o Nordeste é hoje periodicamente castigado por períodos alternados de secas e enchentes. Em consequência, milhões dos seus naturais vivem fora da região.
Fonte:
PAVIANI, Aldo. Migrações com desemprego: injustiça social na configuração urbana. Cadernos Metrópole, núm. 17, janeiro-junho, 2007, p. 13-33. Pontifícia Universidade de São Paulo. São Paulo. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/8761
http://nasombradojuazeiro.com.br/2020/07/18/o-nordeste-a-grande-fonte-da-migracao-nacional/
Conversando com a...Literatura
Morte e vida severina é um dos clássicos da literatura brasileira. O poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) narrou a questão da terra no Nordeste e a realidade social permeada por uma forte injustiça socioespacial. Leia um trecho de sua obra.
"Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério
a) uma demonstração de consciência revolucionária diante da exploração do trabalhador rural.
b) uma convicção exagerada na vida pós-morte.
c) uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
d) uma proposta de desafio às forças inclementes do capital.
e) uma proposta de parceria com os grandes latifúndios para a harmonia no campo.
3 de dezembro de 2020
Origem da estrutura fundiária brasileira
A atual distribuição desigual de terras no Brasil é resultado do processo de ocupação do território e das leis de acesso às propriedades agrárias.
A primeira forma de acesso à terra no Brasil foram as capitanias hereditárias, sistema de administração territorial criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar o Brasil e evitar invasões estrangeiras. Tinham esse nome porque podiam ser transmitidas de pai para filho. A colônia foi dividida em quinze grandes lotes, que foram entregues a doze donatários. Veja o mapa abaixo.
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa