Mostrando postagens com marcador geografia humana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador geografia humana. Mostrar todas as postagens

6 de novembro de 2020

Hegemonia

A palavra  hegemonia é derivada do grego egemonía, que significa "direção suprema". Foi com esse significado que os estudiosos da política empregaram o termo, para indicar o domínio de um Estado soberano sobre os demais Estados que integram o sistema internacional.

É a "liderança associada à capacidade de um Estado (elite ou grupo) de se apresentar como portador de um interesse geral, e ser assim percebido pelos outros. Portanto, nação ou elite hegemônica são aquelas que produzem discursos hegemônicos que têm a competência de conduzir um sistema (de nações ou culturas) a uma direção desejada; mas, ao assim fazer, ainda conseguem ser percebidas como se buscassem o interesse geral".
(DUPAS, Gilberto. O mito do progresso. São Paulo: Editora da Unesp, 2006. p. 16.)

Nas relações internacionais, considera-se uma situação hegemônica aquela em que há grande disparidade em favor de um Estado, o qual tem imensa capacidade para impor-se diante de concorrentes no sistema. Controla o acesso às matérias primas, recursos naturais, capitais e mercados, apresenta vantagens competitivas na produção de bens de alto valor agregado, gera uma ideologia aceita por outros Estados.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia          https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/hegemonia-forma-de-exercicio-do-poder-altera-relacoes-sociais.htm

Geopolítica

Imagem: Reprodução

A geopolítica estuda as relações entre espaço geográfico e poder. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo cientista político sueco Rudolf Kjellen (1864-1922) no início do século XX quando se consolidou como campo de estudo, com base na disputa de poder e da hegemonia entre Estados, através das estratégias políticas e militares utilizadas para a segurança nacional, expansão das fronteiras e domínios de outros territórios. Nesse sentido, a geopolítica sempre existiu, embora o termo tenha sido utilizado pela primeira vez há pouco mais de um século. A geopolítica global surgiu com o mundo moderno, a formação dos Estados nacionais europeus, a expansão mercantilista e as conquistas territoriais marcadas pelas Grandes Navegações.

Existem diferenças entre o conceito de geopolítica e o de geografia política. A geopolítica é um saber prático, comprometido com as estratégias de poder dos Estados em sua dimensão espacial. Já a geografia política é um ramo da ciência geográfica que estuda a distribuição dos Estados no planeta, a organização dos territórios e as fronteiras.

Foi, sobretudo, a partir do século XXI que os conhecimentos acerca dos territórios e de seus recursos naturais passaram a legitimar a ação dos Estados. Conhecer os fatores econômicos, demográficos e territoriais que podem influenciar as relações internacionais tornou-se cada vez mais importante. Assim, a geopolítica constitui-se como um campo de estudos e práticas úteis aos Estados nacionais no estabelecimento de seus interesses territoriais e estratégias diplomáticas ou de guerra.

No século XX, com duas guerras mundiais e a Guerra Fria, mostrou que o caminho para o consenso geopolítico é difícil e que as soluções encontradas em longas negociações podem não agradar a todos os países envolvidos.

Durante a Guerra Fria, havia a grande rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética pela hegemonia mundial. A queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética marcaram o fim dessa lógica bipolar, mas não geraram um sistema de Estados mais estável. O mundo contemporâneo é palco de uma multiplicidade de conflitos nacionais e civis, que desafiam os equilíbrios de poder regionais e as fronteiras políticas, além de atingir duramente a economia dos países afetados e colocar em risco a vida de milhões de pessoas.

Fonte: 
BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Nação

O conceito de nação está ligado à identidade, à cultura e aos aspectos históricos.

A população de um país é formada por diversos grupos. Quando partilham a mesma origem, língua, tradições, costumes e cultura esses grupos formam uma nação. As nações antecedem o Estado e tem um caráter mais subjetivo e humano. Significa uma união entre um mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de união entre si.

Um Estado pode ser formado por diversas nações, assim como uma nação pode estar dividida em diversos Estados. O Brasil, por exemplo, abriga diversas nações indígenas, que, por se localizarem no território brasileiro, respondem aos desígnios do Estado nacional brasileiro.

A Espanha é exemplo de Estado com diversas nações. Existem os catalães, os bascos, navarros, entre outros. A maior parte dessas nações reivindica a criação de seus Estados independentes, com a delimitação de seus respectivos territórios, algo ainda não conseguido.

Nação sem território

Os bascos

Os bascos são considerados como uma nação, composta pelo seu próprio idioma (o basco) e os seus próprios valores culturais e de pertencimento, mas sem possuírem o seu próprio Estado independente constituído.

Ocupam uma região localizada ao sul da França e ao norte da Espanha, com registros históricos de ocupação datados de mais de cinco mil anos. No local hoje residem mais de 2,5 milhões de pessoas. 

A luta separatista é mais intensa na porção espanhola de sua ocupação, enquanto na França a convivência é mais pacífica.

Imagem: Reprodução
Os curdos

Os curdos são uma etnia originária do Oriente Médio. Habitam atualmente uma região que abrange quatro países: Turquia, Irã, Iraque e Síria. A região é território de árabes, persas e turcos, que não enxergam o povo curdo como uma etnia com seus próprios princípios e tradições. Trata-se um povo que por onde quer que olhe, enxerga a negação de suas culturas e valores. 

É o maior povo sem pátria do mundo. Calcula-se que existem cerca de 30 milhões de curdos espalhados pelo mundo, povo que luta a mais de dois séculos por reconhecimento étnico e geográfico. Este povo fez parte do Império Turco-Otomano e não recebeu um território para constituir um país independente após a Primeira Guerra Mundial.
Imagem: Reprodução

Fonte: BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
https://www.politize.com.br/estado-pais-nacao-diferencas/
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/diferencas-entre-estado-pais-nacao-territorio.htm
https://www.preparaenem.com/geografia/questao-basca.htm
https://www.politize.com.br/curdos/
https://www.todamateria.com.br/curdos/

Território

Imagem: Reprodução

O conceito de território é um dos conceitos-chave da Geografia. O território faz parte da esfera da política, já que é sempre expressão de uma relação de poder que delimita determinadas porções do espaço. A origem desse conceito pode ser encontrada na obra do geógrafo alemão Friedrich Ratzel, considerado o fundador da Geografia Política. Para Ratzel, o território delimitado por fronteiras políticas, ou seja, o Estado, deveria ser o principal objeto de estudo da Geografia, já que a construção de um território estatal era vista por ele como a mais importante conquista cultural da humanidade.

Uma determinada área, em qualquer ponto do espaço geográfico, pode ser definida por seu tipo de governo, sua cultura, seu sistema econômico e outros agentes que influenciam a sua organização e a individualizam nesse espaço. Essa área, delimitada no espaço geográfico, pode ser considerada um território. No entanto, por ser fruto do trabalho de uma sociedade no decorrer de sua história, um território apresenta grande complexidade econômica e cultural. A noção de poder, domínio ou influência de vários atores (políticos, econômicos e sociais) e a forma como eles moldaram a organização desse território no espaço geográfico expressam uma determinada territorialidade. Por esse motivo, não só os Estados exercem a territorialidade. Outros atores, como as metrópoles mundiais, os organismos econômicos mundiais (FMI, Bird), grandes empresas transnacionais e até mesmo organizações criminosas exercem a territorialidade, ou domínio, em várias frações ou porções do espaço geográfico.

O território é uma dimensão analítica da Geografia Política indissociavelmente ligada à ideia de poder. Na Geografia, não se concebe o território meramente como uma extensão de terras, algo puramente físico, mas também o uso humano e político que dele se faz.

O território nacional é a área apropriada, controlada e administrada por um Estado, na qual este exerce sua soberania e à qual se limita o exercício da lei. A soberania consiste na liberdade de um Estado exercer poder político sobre seu território, sem intervenção de outros países ou grupos. As leis são aplicadas aos indivíduos que se encontram nos limites territoriais de cada Estado.

Portanto, quando falamos em “território brasileiro” estamos falando de seu espaço delimitado correspondente, delimitação essa exercida por meio de um domínio que é reconhecido internacionalmente. Podemos entender que o Brasil é soberano sobre o seu território, exercendo sobre ele a sua vontade.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o mundo natural e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.
BALDRAIA, André; SAMPAIO, Fernando dos Santos; SUCENA, Ivone Silveira. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2016.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

5 de novembro de 2020

Espaço geográfico

Rio Grande (RS) - Imagem Reprodução
A Geografia é uma ciência social. Estudar Geografia é analisar a paisagem e pensar a respeito do espaço produzido pela sociedade. Para fazer isso, é preciso empregar algumas ferramentas que nos auxiliam a organizar pensamento. Na linguagem da ciência, essas ferramentas se chamam conceitos.

O conceito de espaço geográfico é central para a produção de um saber geográfico que seja capaz de explicar a sociedade. Ele é o fio condutor que integra os diversos temas estudados pela Geografia.

Entre as definições possíveis desse conceito complexo e abrangente, podemos considerar espaço geográfico a combinação entre elementos naturais (fixos) e as pessoas, mercadorias, finanças e informações (fluxos).

O espaço geográfico é, portanto, o conjunto de elementos materiais (naturais e construídos) em movimento permanente. A ação da sociedade sobre ele o modifica e organiza de acordo com as necessidades e características econômicas, políticas e culturais existentes e em seu processo de evolução histórica.

A análise dos elementos materiais  permite entender  como os grupos sociais operam na paisagem, desenvolvem relações de trabalho e interagem entre si, com outros grupos e com o ambiente. A Geografia dedica-se ao estudo dessas relações e de seu papel na construção e transformação do espaço.

Segundo o geógrafo Jacques Levy (1935-2004), a distância é o elemento central do espaço geográfico. A distância aqui mencionada não é a física (aquela medida por algum instrumento), mas sim uma dimensão ampliada, em que ocorrem as relações estabelecidas entre os grupos sociais. Dependendo da maior ou menor capacidade desses grupos sociais em percorrer ou diminuir as distâncias entre seus indivíduos e outras coletividades, mais ou menos complexas vão ser as interações entre esses grupos. Daí a grande importância dos meios de comunicação modernos e atualizados.

Para Milton Santos (1926-2001), o espaço geográfico é um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os itens e elementos artificiais e as ações humanas que manejam tais instrumentos no sentido de construir e transformar o meio, seja ele natural ou social.

O conhecimento da organização do espaço geográfico é fundamental para a compreensão do mundo de hoje, pois suas várias etapas e transformações explicam os atuais sistemas econômicos, sociais e culturais.

O conceito de espaço geográfico envolve não somente a combinação de objetos sociais e de objetos naturais, mas as ações humanas decorrentes da organização do trabalho, das relações familiares e cotidianas, da produção e do consumo. Isso significa que a sociedade produz o espaço no qual vive, estuda, trabalha e se diverte, mas é também, em certa medida, fortemente influenciada pelas características desse espaço.

Um edifício, por exemplo, é apenas um objeto material, mas adquire um conteúdo social completamente diferente quando usado por uma escola ou por uma fábrica. Da mesma maneira, quando uma construção onde funcionava um cinema passa a ser utilizada como um templo religioso, a paisagem pouco se modifica, mas o sentido e o conteúdo social desse componente do espaço se transformam completamente.

Fonte: 
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/espaco-geografico.htm

Densidade demográfica


Imagem: CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=670091

Densidade demográfica ou densidade populacional corresponde à distribuição da população em uma determinado território. Também chamado de população relativa, esse índice demográfico representa uma média entre a área de um determinado lugar e o total de habitantes que nela se encontram.

O resultado obtido por meio do cálculo da densidade demográfica permite analisar a população de um determinado lugar, a sua distribuição e quais são os fatores que influenciam os níveis de concentração de indivíduos nas regiões avaliadas. Esse índice é expresso em habitantes por quilômetro quadrado (hab/km²).

Para fazer o cálculo da densidade demográfica de uma determinada região precisamos ter dois dados: a população absoluta (o número total de habitantes do local) e a área ocupada por esse mesmo contingente populacional.

Segundo estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui uma população de 211 755 692 habitantes (2020) em uma área de 8 515 767,049 km², resultando em uma densidade demográfica de 24,9 habitantes por quilômetro quadrado.
Fonte: IBGE
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Densidade_populacional
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/densidade-demografica.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/densidade-demografica.htm


4 de novembro de 2020

Megacidades

 

Imagem de xegxef por Pixabay - Tóquio (Japão)

Algumas cidades atingiram dimensões gigantescas, abrigando uma população superior à de alguns países e criando um novo fenômeno urbano: as megacidades. Segundo a ONU, trata-se de aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes, a maior parte situada em países emergentes e em desenvolvimento.

A proliferação de megacidades é um dos resultados mais espetaculares do processo acelerado de urbanização em curso. Em 1990, havia no mundo 10 megacidades, que juntas abrigavam 153 milhões de pessoas. Em 2014, o número de megacidades passou para 28, com 453 milhões de habitantes, o que representava 12% da população urbana global. De acordo com as projeções realizadas pela ONU, em 2030, serão 41 megacidades, abrigando cerca de 9% da população mundial.

As megacidades reúnem migrantes de diversas procedências e muitos deles formam grupos formados por diversas etnias. Dessa forma, além de serem centros de economia dinâmica e crescimento, as megacidades são territórios de grande diversidade cultural. Por outro lado, elas também são pontos de concentração de desigualdades sociais e de degradação ambiental.

Como se trata de um fenômeno relativamente novo, o crescimento das megacidades, principalmente nos países em desenvolvimento, exige formas de gestão igualmente inovadoras, que possam garantir infraestrutura, habitação e inclusão social para um número cada vez maior de pessoas. A experiência dos países desenvolvidos e suas megacidades mostra que não há um limite de tamanho a partir do qual é impossível administrar os problemas gerados por essas aglomerações. Pelo contrário, no mundo inteiro, as grandes cidades são os principais redutos de geração de riqueza.

A maior aglomeração urbana do mundo é Tóquio (Japão), com 38,5 milhões de habitantes, seguido de Jacarta (Indonésia), com 34,3 milhões, Deli (Índia), com 28,1 milhões, Manila (Filipinas) com 25 milhões e Seul (Coreia do Sul), com 24,3 milhões de habitantes.

Fonte:
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
https://www.maioresemelhores.com/maiores-cidades-do-mundo/
https://querobolsa.com.br/enem/geografia/megacidades

Integração funcional

Ocorre entre dois ou mais núcleos urbanos limítrofes cuja população compartilha a infraestrutura urbana e a rede de distribuição de bens e serviços. Por causa da integração funcional, há ainda fluxos pendulares diários de trabalhadores entre diferentes núcleos urbanos. Desse modo, há intenso movimento de pessoas e mercadorias nas áreas urbanas integradas funcionalmente.

Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Regiões metropolitanas

 As áreas metropolitanas formam grandes concentrações urbanas que ultrapassaram os limites de seus municípios, causando a junção deles. Esse fenômeno é causado pela conurbação de aglomerados urbanos.

As Regiões Metropolitanas são estruturas territoriais especiais, formada pelas principais cidades do país e pelas aglomerações a elas conurbadas. Tais estruturas configuram unidades de planejamento integrado do desenvolvimento urbano. Originalmente, a noção foi aplicada às nove maiores aglomerações urbanas do país.

A conurbação impulsionou a metropolização. A expansão econômica das metrópoles produziu crescimento demográfico do núcleo urbano central e dos núcleos do entorno. Em alguns casos, a integração das manchas urbanizadas realizou-se fisicamente, de modo que as estradas que ligavam núcleos próximos foram incorporadas como avenidas à circulação viária metropolitana. Em outros, as manchas urbanizadas permanecem separadas por áreas rurais, embora tenha ocorrido completa integração funcional.

A Geografia na...música!

Cidadão

Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado,
"Tu tá aí admirado ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido, volto pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer
[...]
BARBOSA, Lúcio. Cidadão. Intérprete: Zé Geraldo.

A letra da canção é uma crítica severa aos conflitos sociais nas cidades. Quais características urbanas são mencionadas? Algumas delas podem ser observadas na cidade em que você vive ou conhece?

3 de novembro de 2020

David Harvey

Imagem: Boitempo Editorial

David Harvey é um geógrafo britânico nascido em 1935, formado na Universidade de Cambridge. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York ( City University of New York) e trabalha com diversas questões ligadas à geografia urbana. De orientação marxista, Harvey é um dos nomes mais influentes da Geografia Humana contemporânea, tendo sido agraciado em 1995 com o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia. Em 2007 foi classificado como o décimo oitavo teórico vivo mais citado nas ciências humanas.

Ele desenvolveu um interesse precoce pela Nova Geografia convicto de que a ciência tem de ser construída sobre uma base teórica e que ela pode explicar processos, mas não essências. 

Entre as obras de David Harvey destacam-se: A Justiça Social e a Cidade, Condição Pós-Moderna, Espaços de Esperança e A Produção Capitalista do Espaço.

Fonte:
https://www.boitempoeditorial.com.br/autor/david-harvey-220
https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Harvey
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/david-harvey.htm
https://journals.openedition.org/espacoeconomia/570

Metropolização

 Metropolização é o nome dado ao processo de concentração populacional e de poder econômico e administrativo nas metrópoles. Esse processo não está limitado aos países ricos e industrializados; também ocorre em várias nações subdesenvolvidas do mundo, nas quais a maioria das metrópoles mais populosas está concentrada.


Imagem: Reprodução

Fonte: BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e identidade. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

Megalópole

São regiões de grande aglomeração populacional formadas pelo agrupamento de grandes regiões metropolitanas, que se interligam não fisicamente, mas por um eficiente sistema de transporte e comunicação. É uma gigantesca área que costuma concentrar os investimentos, as atividades industriais e boa parte da população de um país.

Em alguns países do mundo, o crescimento de duas ou mais metrópoles e das aglomerações urbanas no seu entorno, têm dado origem às chamadas megalópoles. Essa expansão geralmente ocorre devido à expansão das áreas industriais ao longo de eixos viários, como rodovias, ferrovias e hidrovias.

Esse tipo de região urbana só existe quando quando há um eixo econômico, social, cultural e populacional que envolve duas ou mais metrópoles, geralmente de nível internacional, formando uma urbanização contínua ligada por cidades de médio e pequeno porte.

São encontradas em regiões de intenso desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais estão praticamente (senão totalmente) ausentes.

Conurbação

Conurbação é a junção entre o espaço urbano de duas cidades distintas. Entende-se por conurbação quando duas ou mais cidades se “encontram” e formam um mesmo espaço geográfico.

A conurbação é produto do crescimento horizontal, principalmente pela ampliação das periferias das grandes cidades. Geralmente ocorre entre uma metrópole e outras cidades menores, formando um único espaço urbano com duas ou mais cidades.

O crescimento populacional nas cidades gera o adensamento das áreas urbanas, o que acarreta na expansão da área geográfica de uma cidade. Conforme a contínua expansão, essas cidades acabam unificando suas manchas urbanas, formando uma grande e mais extensa mancha urbana.

A partir da formação de um aglomerado de cidades conurbadas, que passam a integrar um único espaço urbano que não pode ser dividido a partir da observação direta, surgem as áreas metropolitanas.

Fonte:
https://querobolsa.com.br/enem/geografia/conurbacao
http://meioambientetecnico.blogspot.com/2013/10/conurbacao.html

2 de novembro de 2020

Êxodo rural

 
Imagem: Tarsila do Amaral , na obra Segunda Classe,
retrata o êxodo rural (Reprodução)

A saída da população das zonas rurais para as zonas urbanas, chamada de êxodo rural, é o principal movimento populacional interno brasileiro.

As difíceis condições dos moradores das áreas rurais, como a concentração de terras, superexploração da mão de obra, poucas oportunidades de trabalho para os jovens, secas prolongadas, baixos salários, mecanização de algumas lavouras e, principalmente, a industrialização que se acentuou após a Segunda Guerra Mundial, são as principais causas do intenso êxodo rural brasileiro. A ilusão de melhores condições de vida na cidade, como bons empregos nas indústrias e nos serviços, salários mais altos, maior acesso à assistência médica e educação, também foi um atrativo que provocou a mudança de populações do campo para a cidade.

O êxodo rural, a partir das décadas de 1950 e 1960, deu início ao intenso processo de urbanização, que se caracterizou pelo grande crescimento da população urbana e a diminuição proporcional da população rural. Outra consequência desse movimento migratório foi o surgimento, nos grandes centros urbanos, de uma vasta massa de excluídos que passou a habitar as periferias das grandes cidades, em bairros desprovidos de infraestrutura, de transportes e de saneamento básico, muitas vezes formando favelas. Houve também os casos dos migrantes que ficaram em pior situação e, sem alternativa, tiveram que viver nas ruas.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017. 

Favela

Imagem: NakNakNak por Pixabay - Rio de Janeiro
Segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN - Habitat), quase um bilhão de pessoas no mundo vive em favelas.

Não há um conceito único único para favela; a publicação Sluns of the Wold da UN-Habitat apresenta descrições e definições para trinta cidades espalhadas pelo mundo. A agência da ONU reconhece que o termo inglês "slum" é utilizado para definir uma grande diversidade de assentamentos urbanos espalhados por vários países. De acordo com a UN-Habitat, uma ou mais das seguintes características define favela: condições inseguras de habitação, acesso inadequado a saneamento básico (não há água tratada nem coleta de esgoto e lixo), baixa qualidade estrutural das construções e moradias apertadas e superlotadas. Outra característica da favela é que, em geral, se trata de uma ocupação irregular, isto é, as pessoas ocupam terrenos dos quais não possuem título de propriedade. 

Função urbana

A cidade é um fenômeno antigo e passou por um longo período de transformações. As primeiras cidades surgiram na região da Mesopotâmia e também no Egito, há cerca de três mil anos a.C. Porém, durante a era do Capitalismo Industrial, esse processo de ocupação e organização do espaço se tornou acelerado, o que propiciou a difusão da urbanização por todo o planeta.

Algumas cidades se especializam, desempenhando um papel econômico chamado de função urbana. Podemos destacar alguns tipos de funções exercidas pelas cidades:

Cidades político-administrativas - são cidades onde se localizam importantes sedes administrativas de governos e parlamentos. Costumam ter oferta de empregos no setor público e estratégica função política. Exemplos: Brasília (Brasil), Washington (EUA), Camberra (Austrália), Ottawa (Canadá) etc.

Brasília - DF - Brasil

Cidades religiosas - são cidades que estão centradas em algum tipo de atividade religiosa, que atrai um grande número de fiéis. Como exemplo temos: Aparecida do Norte (Brasil), Meca (Arábia Saudita), Jerusalém (Israel), Fátima (Portugal), entre outras.

Cidades turísticas - são cidades que possuem grande atrativo turístico e de lazer. Podemos citar: Ouro Preto (Brasil), Veneza (Itália), Las Vegas (EUA), Toledo (Espanha) e muitas outras.

Cidades portuárias - exercem importante função econômica no país a que pertencem, onde acontecem as importações e exportações através de seus portos. Como exemplos temos: Santos (Brasil), Roterdã ( Holanda), Liverpool (Reino Unido), Le Havre (França) etc.

Cidades industriais - são cidades que se caracterizam por centrarem a maioria de suas atividades no setor industrial. Temos como exemplos: Cubatão (Brasil), Pittsburgh (EUA), Manchester (Reino Unido) e Colônia (Alemanha), entre outras.

Cidades múltiplas - são cidades que se caracterizam significativo dinamismo e elevado peso econômico, além de uma grande população. São exemplos: São Paulo (Brasil), Nova York (EUA), Londres (Reino Unido), Tóquio (Japão) etc.

Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/funcao-das-cidades.htm
https://blog.enem.com.br/urbanizacao-entenda-os-conceitos-de-funcao-urbana-hierarquia-urbana-e-rede-urbana/

1 de novembro de 2020

Rede e hierarquia urbana brasileira

Imagem: joelfotos por Pixabay - São Paulo

O espaço geográfico abrange as redes formadas pelos complexos sistemas de fluxo de pessoas, bens, serviços, capitais e informações que caracterizam a sociedade contemporânea. A rede urbana é um conjunto de núcleos urbanos articulados entre si. Nessa rede, as cidades desempenham a função de nós, ou vértices, e as linhas representam os fluxos. A centralidade de cada uma delas se define pelo acúmulo de funções centrais para a economia e pela presença da infraestrutura necessária para abrigar atividades inovadoras.

Segundo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estabelecida no estudo "Regiões de influência das cidades", fazem parte da rede urbana brasileira: 12 principais centros urbanos, que são as metrópoles, e 70 capitais regionais; além de 169 centros sub-regionais e centros de zona e os centros locais.

O estudo está fundamentado na estruturação das zonas de influência dos principais centros urbanos no território brasileiro, mostrando as redes que eles formam e os diversos aspectos considerados na estruturação dessas redes.

Urbanização brasileira

 De modo geral, o processo de urbanização no Brasil apresenta características próprias do padrão de urbanização dos países em desenvolvimento. Veja algumas delas:

  • foi marcado pela formação de algumas cidades, que concentram parcela significativa das riquezas e também da população, responsável por um processo de metropolização;
  • ocorreu com expressivo crescimento de atividades terciárias, incluindo as do setor formal e do setor informal da economia;
  • se deu em ritmo acelerado, principalmente entre as décadas de 1950 e 1990, e sem planejamento adequado;
  • apresenta padrão periférico de crescimento, com a formação de amplas manchas urbanas e a população de baixa renda sendo empurrada para áreas distantes do centro.
Imagem aérea da Represa Billings, rodeada por construções, no bairro do Grajaú.
A ocupação das margens da represa coloca em evidência um problema social (moradia) e um ambiental (ocupação das áreas de mananciais)

A urbanização brasileira intensificou-se a partir dos anos 1940/1950. Decorreu do êxodo rural e do desenvolvimento industrial, que impulsionou grandes deslocamentos populacionais para as cidades e dinamizou as atividades comerciais e de serviços nesses espaços. No entanto, a urbanização foi mais intensa que a industrialização: não gerou os empregos necessários para receber o grande número de migrantes que deixaram o espaço rural rumo às cidades.

Entre o final dos anos 1960 e o final da década de 2000, mais de 40 milhões de brasileiros deixaram o campo e se dirigiram para as cidades.

O setor terciário da economia foi responsável por grande parte dos empregos gerados nas cidades e pelo expressivo aumento do trabalho informal, responsável pela absorção de parcela significativa da população.

A urbanização brasileira teve um caráter concentrador e excludente, com boa parte da sociedade ficando à parte de seus benefícios, o que se observa principalmente na paisagem das grandes cidades. A velocidade com que se processou a urbanização no país criou dificuldades para o poder público suprir o espaço das cidades, especialmente das maiores, com infraestrutura e serviços sociais necessários ao bem-estar da população. Isso foi agravado em razão das políticas de planejamento urbano estarem voltadas, prioritariamente, para as classes média e alta, resultando em uma estrutura social fragmentada e segregada espacialmente, com a expansão das periferias urbanas, sobretudo, nos grandes centros urbanos.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.


Cidades

 

Imagem: Mercado Público - Porto Alegre - RS (reprodução)

A cidade é um fenômeno antigo e passou por longo período de transformações, porém seu crescimento acelerado e o processo de urbanização são relativamente recentes na história da humanidade.

As cidades resultam de um processo de ocupação e organização de espaço com algumas características comuns. A população urbana, embora represente mais da metade da população total, ocupa uma área equivalente a apenas 3% da superfície do planeta.

Desde os primeiros núcleos urbanos, a concentração de pessoas representou certo grau de permanência, que levaria a uma vida sedentária e romperia com a intensa mobilidade dos povos nômades. Nessas primeiras cidades também surgiram ou se especializaram atividades distintas das realizadas no campo, como o comércio, a administração e aquelas ligadas à defesa dos territórios. A partir da metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços se expandiram muito nas cidades, intensificando ainda mais a concentração da população nesses espaços, além de fortalecer seu papel centralizador. Do ponto de vista geográfico, a densidade é o principal elemento definidor da cidade. Nas cidades, os seres humanos se aglomeram e coexistem, diminuindo as distâncias entre eles. Por isso, as cidades também são o espaço da convivência e da diversidade e atuam como estimuladoras das mais intensas relações sociais não apenas em seu interior, mas também com espaços distantes. Assim, as cidades são também espaços relacionais, já que estão conectadas com outras cidades e com o mundo todo.

Fonte: 
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa