31 de outubro de 2020

Rede urbana

A rede urbana é formada pelo conjunto de cidades (de um mesmo país ou de países vizinhos), que se interligam umas às outras por meio de sistema de transporte e de telecomunicação, através dos quais se dão os fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais.

As redes urbanas dos países desenvolvidos são mais densas e articuladas por causa dos altos índices de industrialização e de urbanização, da economia diversificada e dinâmica, dos mercados internos com alta capacidade de consumo e dos grandes investimentos em transportes e telecomunicações. Já as redes urbanas de muitos países em desenvolvimento, particularmente daqueles de baixo nível de industrialização e urbanização, são bastante desarticuladas, e as cidades estão dispersas no território.

As redes de cidades mais densas e articuladas se encontram nas regiões do planeta onde se desenvolveram as megalópoles: nordeste e costa oeste dos Estados Unidos, porção ocidental da Europa e sudeste da ilha de Honshu, no Japão, embora haja importantes redes em outras regiões, como aquelas polarizadas por Cidade do México, São Paulo e Buenos Aires.

Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: o espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

Hierarquia urbana

A hierarquia urbana refere-se aos papéis ocupados pelas cidades na organização socioeconômica e espacial, considerando a capacidade de concentração dos fluxos de mercadorias, pessoas, capital e informações e a extensão da área de influência de cada cidade, numa rede urbana. Assim, temos as metrópoles, que podem ser nacionais ou regionais, os centros regionais, os centros sub-regionais, as cidades locais e as vilas.

Por meio da hierarquia urbana, pode-se conhecer a importância de uma cidade e a sua relação de subordinação ou influência sobre as outras que estão à sua volta. Essa influência não é estabelecida apenas pelo tamanho da cidade ou pelo contingente populacional, mas especialmente pela quantidade e variedade de bens e serviços oferecidos. 

Relações entre as cidades em uma rede urbana

A concepção tradicional de hierarquia urbana, tomada do jargão militar, já não oferece uma boa descrição das relações estabelecidas entre as cidades no interior de uma rede urbana. Com os avanços da revolução técnico-científica, a acelerada modernização dos sistemas de transporte e de telecomunicação, o barateamento e a maior facilidade de obtenção de energia, a disseminação de aviões, trens e automóveis mais velozes, enfim, com a redução do tempo de deslocamento, as relações entre as cidades já não respeitam o "esquema militar", no qual era necessário "galgar postos" dentro da hierarquia urbana.
Imagem: Reprodução
Esquema clássico
Em uma analogia com a hierarquia militar, a vila seria um soldado e a metrópole nacional, um general, a posição mais alta. A metrópole nacional seria o nível máximo de poder e influência econômica na rede urbana de um país, e a vila, o nível mais baixo, que sofreria influência de todas as outras. Essa foi a concepção de hierarquia urbana utilizada desde o fim do século XIX até por volta da metade da década de 1970.
Esquema atual
No atual estágio informacional do capitalismo, estruturou-se uma nova hierarquia urbana, na qual a relação da vila ou da cidade local pode se dar com o centro regional, com a metrópole regional ou até mesmo diretamente com a metrópole nacional. Esse esquema mostra a inter-relação das cidades no interior da rede urbana de uma forma mais próxima da realidade atual.

Fonte: 
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: o espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_urbana
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-hierarquia-urbana.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/hierarquia-urbana.htm

Cidades globais

Imagem de Free-Photos por Pixabay - Nova York

As cidades globais estão no topo da hierarquia urbana e são cidades com elevado grau de desenvolvimento estrutural, econômico e político. São consideradas os principais pontos ou “nós” que formam a rede mundial. São lugares que dispõem dos maiores mercados consumidores e das melhores infraestruturas - hotéis, bancos, Bolsas de Valores, sistemas de telecomunicação, estações rodoferroviárias, terminais portuários, aeroportos, etc. Estão, sobretudo, nas cidades globais e na rede urbana por elas polarizadas. Elas centralizam em torno de si as principais decisões burocráticas, além de sedes das principais empresas e instituições internacionais públicas e privadas.

As cidades mais influentes do mundo foram classificadas em três diferentes classes:

Grupo Alfa - Representado pelas cidades com maior influência no mundo. Nesse grupo estão as cidades de Londres, Nova York, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão.

Grupo Beta -  Representado pelas cidades com influência intermediária. Estão nesse grupo: São Francisco, Sidney, São Paulo, Cidade do México, Madri.

Grupo Gama - Corresponde ao grupo mais numeroso, com cidades globais de menor expressão. Fazem parte desse grupo: Pequim, Boston, Washington, Munique, Caracas, Roma, Berlim, Amsterdã, Miami, Buenos Aires.

Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: o espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/cidades-globais.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/cidades-globais.htm

Mercado

O mercado é formado por vendedores e compradores, em que se estabelece uma relação entre oferta e procura por um produto ou serviço. De forma ampla, pode-se afirmar que toda situação de compra e venda caracteriza um mercado.

Mercado deve ser entendido como o “local” em que operam as forças da oferta e demanda, através de vendedores e compradores, de tal forma que ocorra a transferência de propriedade da mercadoria através de operações de compra e venda.

Tipos de Mercado
* Concorrência perfeita: existem muitos compradores e muitos vendedores. Ninguém influi sobre o preço das mercadorias. 
* Concorrência imperfeita: procura não influi no preço. Consumidores estão presos a marca do produto a sua publicidade. Mercado fica compartimentado
* Oligopólio: pequeno número de produtores que controlam a oferta e no mercado existem poucos vendedores e muitos compradores. Vendedores exercem controle sobre preço do produto final.
* Oligopsônio: muitos vendedores para poucos compradores. Os compradores dominam o mercado.
* Monopólio: Apenas um vendedor, que define o preço e a quantidade. Não havendo concorrência ou um produto substituto.
* Monopsônio: um comprador para vários vendedores de produtos e/ou serviço. 
* Monopólio bilateral: modelo abstrato, onde existe um vendedor e um comprador apenas. Sendo o oposto a concorrência perfeita

Fonte: https://www.ignicaodigital.com.br/entenda-o-significado-de-mercado-consumidor/
https://www.ufrb.edu.br/proext/images/conceitosmercado.pdf

Globalização

A fase atual de expansão do capitalismo ficou conhecida como globalização. Ela é consequência do avanço tecnológico em diversos setores da economia e da modernização dos sistemas de transportes e telecomunicações, que ocorre de forma diferenciada no meio geográfico e é responsável pela aceleração dos fluxos de informações, capitais, mercadorias e pessoas.

A globalização é a continuidade do longo processo histórico de mundialização capitalista, que vem ocorrendo desde o início da expansão marítima europeia. Assim, a globalização é o nome que se dá a atual fase de mundialização do capitalismo: ela está para o atual período informacional como o colonialismo esteve para sua etapa comercial e o imperialismo para a industrial e financeira.

Os fluxos de globalização não atingem o espaço geográfico por igual, mas principalmente os lugares que recebem maiores investimentos em infraestrutura. 

Ao atingir o atual período informacional, o capitalismo integrou países e regiões do planeta num único sistema, formando o chamado sistema-mundo. A globalização é um fenômeno que tem várias dimensões: além da econômica, a mais evidente e perceptível, também possui a social, a cultural e a política, entre outras de menor impacto. Entretanto, todas essas dimensões se materializam no espaço geográfico em suas diversas escalas: mundial, nacional, regional e local. Os lugares estão conectados a uma rede de fluxos, controlados a partir de poucos centros de poder econômico e político. Entretanto, não são todos os lugares que estão integrados ao sistema-mundo. Os fluxos da globalização se dão em rede, mas seus nós mais importantes são os lugares que dispõem dos maiores mercados consumidores e das melhores infraestruturas - hotéis, bancos, Bolsas de Valores, sistemas de telecomunicação, estações rodoferroviárias, terminais portuários, aeroportos, etc. Estão, sobretudo, nas cidades globais e na rede urbana por elas polarizadas, localizadas predominantemente nos países desenvolvidos e em alguns países emergentes: Nova York, Londres, Tóquio, Paris, Frankfurt, Hong Kong, Cingapura, Xangai, Sydney, Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires, etc. São, ao lado dos parques tecnológicos, os principais exemplos de meio técnico-científico-informacional de que falava o geógrafo Milton Santos.

Vídeo: Globalização 
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: o espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

Colonialismo

Conjunto de práticas políticas, econômicas e militares que visa à aquisição de territórios por meio de conquista e estabelecimento de colônias.

O colonialismo é uma prática de dominação sobre algum território. É um meio utilizado por grandes potências para exercer domínio político, econômico ou cultural sobre alguma nação. É uma forma de imposição de autoridade de povo sobre outro. Na maioria das vezes, essa prática acontece sem o consentimento de seus habitantes, que com a exploração, perdem parte de seus bens (solos, recursos naturais, moradia) ou possíveis direitos políticos que pudessem ter. As grandes potências se utilizam desse mecanismo para explorar as riquezas ou com o intuito de ampliar seu território.

O conceito de colonialismo geralmente é utilizado para descrever as relações entre os Estados Modernos europeus e os territórios que estavam sob seu controle, principalmente na América, entre os séculos XV e XIX.

A dominação portuguesa no Brasil é um bom exemplo de colonialismo, assim como a colonização da África, destruição da cultura dos povos andinos e a influência da cultura americana em países subdesenvolvidos.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017. 
https://www.infoescola.com/historia/colonialismo/
https://conhecimentocientifico.r7.com/colonialismo/
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/colonialismo

Capitalismo

É um sistema econômico que, desde sua origem, se expandiu econômica e territorialmente: primeiro foi o colonialismo, depois o imperialismo e, nos dias atuais, a globalização. Esse sistema econômico apresentou dinamismo ao longo da História e se transformou à medida que os desafios à sua expansão surgiram. Com o tempo, sobrepôs-se a outros sistemas econômicos, até se tornar hegemônico, predominando em quase todos os países. 

O capitalismo teve origem na Europa, entre os séculos XIII e XIV, com o renascimento urbano e comercial e o surgimento de uma nova classe social, a burguesia, que se dedicava ao comércio e a atividades financeiras.

A partir do século XV, com as Grandes Navegações, expandiu-se para outros lugares do mundo (Ásia, África, América, Oceania), que foram integrados à economia mundial como colônias.

Os principais mecanismos do capitalismo se alteraram ao longo do tempo para se adaptarem às novas formas de relações políticas e econômicas estabelecidas entre as nações.

Considerando seu processo de desenvolvimento, costuma-se dividir o capitalismo em quatro etapas: comercial, industrial, financeira e informacional.

Fonte:
ALMEIDA, Lúcia Marina; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: o espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

Monopólio

Situação em que uma única empresa domina a oferta de determinado produto ou serviço. Os preços são fixados por uma empresa monopolista, e não pelas leis de mercado, garantindo-lhe superlucros. A maioria dos países criou leis para impedir a formação de monopólios.

Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

30 de outubro de 2020

As empresas que ultrapassam fronteiras

Imagem: Reprodução
Desde o final do século XIX, formaram-se grandes empresas a partir dos trustes e oligopólios com sede nas metrópoles e filiais em diversos países, chamadas multinacionais. Esse modelo, em geral, reproduzia tecnologias procedentes da sede, garantia a localização próxima às fontes de matérias-primas e assegurava a venda de produtos industrializados. Nos principais centros industriais do mundo (como os Estados Unidos, os países da Europa Ocidental e o Japão), desde o final do século XIX, formaram-se esses grandes grupos empresariais. Esse processo foi favorecido por dois fatores: a concentração e a centralização. O processo de concentração envolveu a eliminação das empresas concorrentes do mesmo ramo de atividade. A centralização ocorreu com a formação de grandes conglomerados, que passaram a operar em diferentes e complementares ramos de atividade de uma mesma cadeia produtiva, formando redes geográficas de alcance global.

Mais recentemente as multinacionais ficaram conhecidas como transnacionais, termo mais apropriado, pois adotaram novos procedimentos, como a especialização das filiais em fases específicas do processo de produção, mudança ou divisão da sede, distribuindo-a por diversos países, deslocamento de unidades produtivas em busca de rentabilidade e a criação de centros de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias inovadoras nas filiais. Suas atividades produtivas, mercantis e administrativas ultrapassam fronteiras, estendendo-se a diversos países. Os vínculos especiais com o país de origem diminuem à medida que aumenta seu poder independente em um mercado globalizado e sem fronteiras. Essas corporações se espalharam pelo mundo e assumiram a hegemonia na economia mundial. O processo que permitiu essa expansão foi o da extrema competição por meio de inovações em seus produtos e da eliminação dos concorrentes. Com enorme faturamento, acelerado a partir de 1990, essas megaempresas controlam todos os setores da economia: agricultura, indústria, comércio e serviços.

Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2016.

Conglomerados

Os conglomerados, também chamados grupos ou corporações, visam dominar a oferta de determinados produtos e serviços no mercado e são o exemplo mais bem-acabado de empresas do capitalismo monopolista. Controlados por uma holding, atuam em diferentes setores da economia. Seu objetivo é garantir uma lucratividade média, já que pode haver rentabilidades diferentes em cada setor e, consequentemente, em cada empresa do grupo.

Muitos trustes formados no fim do século XIX transformaram-se em conglomerados, que resultaram de um ampliado processo de concentração de capitais e de uma crescente diversificação dos negócios.

Por exemplo, o grupo General Eletric, sediado nos Estados Unidos, atua em diversos ramos industriais e fabrica uma grande variedade de produtos (lâmpadas elétricas, fogões, geladeiras, equipamentos médicos, motores de avião, locomotivas, turbinas para hidrelétricas, etc.).

Outros conglomerados pelo mundo: Daimler AG (Alemanha), Sony (Japão), Fiat Chrysler (Itália/EUA), Nestlé (Suiça) e Unilever (Reino Unido/Países Baixos).

Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

Holding

Conjunto de empresas dominadas por uma empresa principal que detém a maioria ou parte significativa das ações de suas subsidiárias e geralmente atua em vários setores da economia, formando um conglomerado.

O objetivo principal de uma holding é a administração e o controle das demais empresas que fazem parte de um grupo ou conglomerado. É ela que toma as decisões que determinam a gestão da demais companhias por ser sócia majoritária dos negócios.

Fonte: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2014.
https://www.sunoresearch.com.br/artigos/o-que-e-uma-holding/

Metrópoles

 

Imagem: joelfotos por Pixabay - São Paulo

As metrópoles são cidades populosas, adaptadas a economia globalizada. Em geral, preservam suas tradições, sua arquitetura e seu patrimônio histórico, caso principalmente das cidades europeias. Costumam ter as melhores instalações urbanas, concentram as principais universidades e bancos do país, além de sediar as maiores empresas nacionais e transnacionais. Constituem o mais importante centro de consumo, poder político, inovação e difusão cultural. Nelas também se concentra uma vasta gama de serviços especializados e de estabelecimentos comerciais diversificados.

As metrópoles são polos cuja influência se estende sobre cidades de uma vasta região geográfica. Constituem grandes centros de atração de investimentos e estão articuladas com as cidades globais, podendo, em alguns casos, ser classificada como tais. No entanto, sua importância e capacidade de polarização geralmente estão restritas ao território nacional.

Segundo Milton Santos, também deveriam estar associadas ao conceito de metrópole características como direitos humanos e cidadania (direito a moradia, educação, saúde, emprego, segurança, etc.), o que limitaria esse conceito a algumas cidades dos países desenvolvidos.

Milton Santos

Imagem: Reprodução
Milton Almeida dos Santos (1926-2001), foi um geógrafo, escritor, cientista, jornalista, advogado e professor universitário brasileiro. Graduado em Direito, destacou-se por escrever e abordar sobre inúmeros temas, como a epistemologia da Geografia, a globalização, urbanização, entre outros.

A obra de Milton Santos caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista, e seus pressupostos teóricos dominantes na geografia de seu tempo. Em seu livro “Por uma Geografia Nova”, o autor criticou a corrente de pensamento Nova Geografia, marcada pela predominância do pensamento neopositivista e da utilização de técnicas estatísticas.

Sua obra e seu legado se tornam conhecidos em todo o mundo. Em 1994, Milton ganhou o maior prêmio da geografia mundial, o prêmio Vautrin Lud, consagrando-se como o único geógrafo brasileiro e latino-americano a consegui-lo até hoje. Foi agraciado postumamente em 2006 com o Prêmio Anísio Teixeira.

Milton Santos possui uma obra com mais de 40 livros publicados e, ao longo de sua carreira, recebeu o título de Doutor Honoris Causa em 20 universidades nacionais e internacionais.
“Seu legado não é restrito a um conceito ou a uma questão social, ele é extremamente amplo. Acho que a principal herança de Milton Santos é justamente ressaltar a importância do questionar, do pensar diferente, de defender o seu ponto de vista mesmo que contra uma maioria que questiona a sua posição.”
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Santos
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/milton-santos.htm
https://www.brasildefato.com.br/2019/05/03/o-legado-de-milton-santos-um-novo-mundo-possivel-surgira-das-periferias

Truste

Desde o fim do século XIX, em cada setor da economia (principalmente na indústria), passaram a predominar algumas grandes empresas, que ficaram conhecidas como trustes (do inglês trust, 'confiança'). Os trustes resultam de fusões e incorporações ocorridas em determinado setor de atividade, como aconteceu com empresas petrolíferas, siderúrgicas e automobilísticas, que se tornaram gigantescas. Muitos deles, como as empresas petrolíferas, controlam todas as etapas da produção, desde a extração da matéria-prima da natureza, passando por sua transformação industrial até a distribuição do produto final.

O truste é uma forma de oligopólio que se desenvolve quando há um acordo entre empresas que abrem mão de sua independência legal e se unem para constituir uma única organização. Essas empresas se unem objetivando o controle total dos mercados e o fim da livre concorrência. Os trustes podem ser:

* Horizontais: constituídos por diversas empresas que trabalham com o mesmo ramo de produtos.

* Verticais: formados por empresas que cuidam de todo o processo de produção: desde a matéria-prima até o produto acabado. Por exemplo, uma empresa que controla a plantação de cana-de-açúcar e também a produção industrial de açúcar e álcool.

Fonte: 
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2017.

Oligopólio

Conjunto de empresas que domina determinado setor da economia ou produto colocado no mercado. Em geral, impõe preços abusivos e elimina a possibilidade de concorrência através da aquisição de pequenas empresas. É comum as empresas que formam o oligopólio estabelecerem cotas de produção ( o que eleva os preços) e divisão territorial do mercado consumidor entre si, a fim de aumentar suas taxas de lucro. A tendência à oligopolização verifica-se principalmente nos setores da economia que exigem grandes investimentos, como o da indústria automobilística, química e farmacêutica, de aparelhos eletroeletrônicos, etc.

Fonte: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2014.

Lucro

Imagem de Nattanan Kanchanaprat por Pixabay 

O lucro é considerado todo o rendimento positivo obtido através de uma negociação econômica ou de qualquer outro gênero. Na economia, o lucro é tudo o que foi ganho ou recebido a partir de um ato de comercialização financeira. Basicamente, o lucro é a diferença entre o faturamento obtido com as vendas de um produto ou serviço e os custos de execução do trabalho. Então, o lucro é o valor total que uma empresa possui, depois que os gastos são subtraídos do faturamento.

Fonte:
https://www.significados.com.br/lucro/
https://blog.contaazul.com/saiba-como-calcular-a-margem-de-lucro-de-um-produto-e-da-empresa
https://blog.juno.com.br/qual-e-diferenca-entre-faturamento-e-lucro/

29 de outubro de 2020

Operários no início da Revolução Industrial

Imagem: Reprodução
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, já que os sapatos e os tecidos eram confeccionados mais rapidamente e de uma maneira mais barata numa fábrica do que nas oficinas dos artesãos, sapateiros ou tecelões. Por isso, os artesãos tiveram que buscar emprego de operários nas fábricas que surgiam na Inglaterra. Havia uma multidão de homens e mulheres que não conseguiam mais viver por conta própria. Era trabalhar nas fábricas ou morrer de fome. 

No século XIX, a Revolução Industrial alcançou outros países da Europa, como França, Alemanha, Itália e Rússia. Nos Estados Unidos, as primeiras indústrias foram instaladas no final do século XVIII, mas o seu desenvolvimento se deu na segunda metade do século XIX.

Assim, o capitalismo inicia-se de forma triunfante, trazendo grandes transformações para a humanidade. As grandes potências mundiais da época eram todas capitalistas. Fábricas, terras, matérias-primas, comércio, bancos, máquinas, tudo pertencia aos capitalistas que manipulavam o capital com um objetivo: obter lucro, ganhar dinheiro.

A Revolução Industrial trouxe seu símbolo máximo: a máquina a vapor. Era o sinal dos novos tempos: barcos a vapor, trens a vapor, ferros de passar roupa a vapor, etc. Começou, então, a produção em massa, e o desejo do lucro tornou-se um ideal a ser seguido.

28 de outubro de 2020

Tecnopolo

Imagem: Reprodução

É um centro industrial e tecnológico que reúne, em um mesmo local, atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), como universidades e empresas de alta tecnologia. Na era dos tecnopolos, um novo "capital" é muito valorizado: o capital intelectual. Por isso a universidade é fundamental nesses locais. Não existe aí uma cadeia industrial baseada na complementação de produtos, mas uma produção em que o principal capital é o conhecimento. Uma infraestrutura de infovias (fibra óptica, internet banda larga) com um bom sistema de comunicação é essencial para a instalação de um tecnopolo.

Esses novos centros industriais e de serviços têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as bacias carboníferas tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século XX. Muitas empresas inovadoras que existem hoje no mundo se desenvolveram numa incubadora, no interior de um parque tecnológico.

Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam em outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes: no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), na Coreia do Sul, em Taiwan, no México, entre outros.

O Vale do Silício é o maior parque tecnológico do mundo. Fica na região da baía de São Francisco, nos Estados Unidos e abriga algumas das principais empresas de tecnologia do mundo, como Google, Facebook, Apple, Tesla, entre outras.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 2017.
SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione. 2017.
http://www.laiob.com/blog/por-que-o-vale-do-silicio-e-o-maior-polo-de-tecnologia-do-mundo-2/

Incubadora de empresas

Estrutura destinada à criação e ao desenvolvimento sobretudo de micro e pequenas empresas, principalmente de tecnologia avançada, na área industrial ou de serviços, com o objetivo de reduzir sua mortalidade e estimular a inovação. Em geral, a incubadora dispõe de instalações para abrigar temporariamente a empresa selecionada. A incubação também pode ser feita a distância; nesse caso, a empresa recebe todo o suporte (capacitação técnico-gerencial dos empresários e funcionários, acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades e instituições de pesquisa, etc.), mas não compartilha o espaço físico da incubadora. No Brasil, cerca de 90% das incubadoras estão vinculadas a uma universidade ou centro de pesquisa, muitas das quais funcionando no próprio campus universitário.

Fonte: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione. 2017.

Logística

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

O termo tem origem militar e envolve aspectos táticos e estratégicos das operações das Forças Armadas no campo de batalha. Recentemente passou a ser usado na economia para definir o planejamento, a execução e o controle do fluxo de mercadorias e serviços, assim como das informações relativas a eles e a infraestrutura de transportes e armazenagem, buscando otimizar a circulação e reduzir custos.

Fonte: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione. 2017.

Fatores locacionais da indústria

Imagem: Frauke Feind por Pixabay - Indústria petroquímica

Os fatores locacionais são as diversas vantagens que determinado lugar pode fazer para atrair a instalação de indústrias. No momento de escolher uma localidade para instalar uma indústria, os empresários levam em consideração quais fatores são mais importantes para aumentar a taxa de lucro de seu investimento. Os principais fatores locacionais que atraem indústrias são:

1. Matérias - primas: minerais e agropecuáriasLugares que apresentam um fácil acesso a matérias-primas são considerados vantajosos para a instalação de empresas.

2. Energia: petróleo, gás, eletricidade, etc. Se um país ou região possui uma grande produção de energia, o número de investimentos tende a aumentar.

3. Mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração). Geralmente as empresas procuram lugares em que a mão de obra seja barata e que atenda os seus interesses.

4. Tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D). São locais atraentes para empresas que necessitam desses serviços, uma vez que eles formam profissionais especializados e garantem rápido aprimoramento da produção industrial.

5. Mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda. Quando um local apresenta um grande mercado consumidor, há um aumento do número de empresas e fábricas que buscam instalar-se nessa região para atender esse mercado e gerar lucros.

Ideologia

O termo "ideologia" possui vários sentidos, o que torna difícil a conceituação da palavra. O senso comum entende ideologia como um simples conjunto de ideias ou uma realização sobre algo. Na visão clássica, ideologia é uma espécie de ciência capaz de organizar metodicamente e estudar rigorosamente o conjunto de ideias que formam a intelectualidade humana. Na visão crítica, o termo é uma ilusão criada por uma classe para manter a aparente legitimidade de um sistema de dominação.

A filósofa Marilena Chaui assim define a ideologia:

"É um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo, de representações e práticas (normas, regras e preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador (...)".

Para Marx, a ideologia é a percepção da realidade com base em uma perspectiva sobre ela que vem da classe que tem o monopólio dos meios de produção material e intelectual.

O termo "ideologia" foi usado pela primeira vez no início do século XIX pelo filósofo francês Antoine Destutt de Tracy, em seu livro Fundamentos da Ideologia (1801-1815).


Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/ideologia.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/ideologia.htm

27 de outubro de 2020

Mercado de capitais

É um sistema que reúne atividades ligadas ao capital financeiro. É representado por bancos comerciais e de investimentos, Bolsas de Valores e sociedades corretoras. Esses agentes negociam ações, títulos públicos e privados, moedas (câmbio) e commodities (produtos agrícolas e minerais).

O mercado de capitais é aquele em que atuam as empresas de “capital aberto” , ou seja, aquelas que admitem qualquer pessoa como sócia, uma vez que pode ser adquirida uma parte do empreendimento através da venda de ações. 

As ações e os títulos do mercado de capital são negociados nas bolsas de valores, que é o espaço físico do mercado financeiro. O preço das ações e dos títulos é  variável, mudando de acordo com a lei da oferta e demanda (bens com muita procura e pouca oferta tem preços elevados e vice-versa).

No mercado financeiro, ativo é tudo o que tem valor e que pode ser negociado. Os principais ativos negociados no mercado de capitais são:
Ações: são uma fração da empresa. O investidor quando adquire ações se torna sócio da organização e por elas recebe lucros e dividendos.
Debêntures: são empréstimos realizados pelos investidores para uma empresa. A empresa que precisa de capital emite títulos de dívida e o investidor se torna o credor dessa empresa.
Commercial Papers: conhecidos por nota promissórias, são títulos de dívida, assim como as debêntures. As empresas oferecem commercial papers quando precisam de recursos financeiros de forma rápida e querem fugir dos juros bancários.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço geográfico globalizado. São Paulo: Ática, 20217.
https://www.significados.com.br/mercado-de-capitais/
https://www.coachfinanceiro.com/portal/saiba-qual-e-o-conceito-de-mercado-financeiro/

26 de outubro de 2020

Países emergentes

Imagem: Reprodução
Um país emergente apresenta atributos (como PIB expressivo, economia diversificada com parque industrial dinâmico e capacidade para influenciar decisões geopolíticas e econômicas em nível regional) que lhe conferem protagonismo em ascensão nas relações internacionais.

Os países emergentes são classificados como subdesenvolvidos que apresentam um relativo desenvolvimento econômico e social em comparação com as nações mais pobres do planeta.

Em linhas gerais, os países emergentes apresentam economias de industrialização recente, que se desenvolveram na segunda metade do século XX e no início do século XXI.

O que diferencia os países emergentes dos demais é o avançado processo de industrialização pelo qual esses países passaram, processo esse assentado principalmente pela instalação maciça de empresas multinacionais.

São países considerados emergentes os que fazem parte do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), do MIST (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia), dos Tigres Asiáticos (Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan), dos Novos Tigres Asiáticos ( Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas). Na América do Sul, merecem destaque também a Argentina e o Uruguai.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm
https://www.preparaenem.com/geografia/paises-emergentes.htm

O Estado segundo Weber

Utilizamos o conceito de Estado para definir uma forma como as sociedades se organizam no aspecto jurídico, econômico e político.

O sociólogo Max Weber afirmou que o Estado podia ser caracterizado por dois elementos principais: "o aparato administrativo destinado à prestação de serviços e o exercício do monopólio legítimo da força." O que ele queria dizer com isso?

O que significa falar em "aparato administrativo destinado à prestação de serviços"? Weber está se referindo a todo o corpo de funcionários que trabalham nas instituições pertencentes ao Estado, assim como ao conjunto de prédios e repartições públicas, às leis que regem o funcionamento dessas instituições e ainda aquelas que são vigentes em uma determinada nação. Tudo isto forma um "aparato administrativo", com suas normas e rotinas de funcionamento. Como faz parte do Estado, esse aparato precisa estar disponível a todas as pessoas, sem distinção.

Por que "o exercício do monopólio legítimo da força"?

Não basta a existência de uma lei ou norma, para que ela seja de fato obedecida pela maioria da população. É só pensarmos em certas regras presentes no nosso cotidiano, por exemplo, as que são comuns a quem frequenta espaços públicos, "não pise na grama" ou "não jogue lixo na praia". Sem algum tipo de coerção mais efetiva, essas regras não são cumpridas. Há algumas décadas as pessoas fumavam em ambientes fechados, como ônibus, lojas e bares, sem preocupação com quem estava ao seu lado e não queria aspirar a fumaça. Regras mais rígidas foram implantadas, com multas tanto para os estabelecimentos que permitiam este hábito para não perder seus clientes fumantes...como para o fumante. O mesmo vale para a prática de ingerir bebida alcoólica e depois dirigir. Isto foi muito comum, até o momento em que, em função da associação direta entre álcool e acidentes graves de trânsito, elaborou-se uma legislação que passou a punir com rigor os motoristas que bebiam.

Tendo em vista essa conceituação apresentada por Max Weber, é que a aplicação das leis em geral, para que sejam obedecidas por todos, pressupõe algum tipo de coerção por parte do Estado sobre todas as pessoas. Essa coerção é exercida pelo Estado através, num primeiro momento, da legislação; num segundo momento, da força policial. Somente o Estado é "autorizado" a fazer isso; é o Estado que detém o monopólioque não pode ser executado por qualquer outro grupo ou instituição.

O Estado, portanto, é a única instituição social reconhecida por todos como "legítima" no sentido de aplicar a lei ou, se esta não for obedecida, a força.

Segundo Weber, era necessário que o Estado tivesse legitimidade para governar e, assim, exercer o seu poder. A legitimidade do Estado seria dada através das leis elaboradas por suas instituições políticas.

O poder do Estado é definido por Weber como legítimo, exercendo uma forma de dominação legal, pois sua autoridade e seu poder são reconhecidos por aqueles que se submetem a ele, com seu aparato de leis e normas, sustentadas pela burocracia.

Para o sociólogo Julien Freund, estudioso da teoria de Weber, a dominação é a expressão prática e empírica do poder, ou seja, é através da dominação que o poder é exercido de fato. No caso da dominação legal, a desobediência às leis significaria, como reação imediata, a autorização para uso legítimo da força por parte do Estado.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

Governo

É uma ação política e administrativa vinculada principalmente ao Poder Executivo. A ação do governo é orientada por um conjunto de programas e projetos, apresentados por um ou mais partidos políticos - no caso das democracias representativas, escolhidos através do voto, durante as eleições. Esses programas e projetos são transformados pelo governo em diferentes políticas públicas (saúde, educação, meio ambiente etc.). As políticas públicas são de caráter periódico, modificando-se de acordo com o grupo de interesses que detém o poder político, naquele momento específico da História.

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

25 de outubro de 2020

Ciência e senso comum

 Desde que a ciência se estabeleceu como o principal meio de conhecimento dos fenômenos naturais e sociais, sua relação com o senso comum tornou-se objeto de debates. De um lado, estão aqueles que a consideram um conhecimento hierarquicamente superior ao senso comum; de outro, os que consideram complementares os dois tipos de conhecimento.

O sociólogo Pedro Demo defende que a pesquisa é o modo pelo qual se conhece a realidade. A investigação é uma característica fundamental da ciência. Ao comparar o senso comum com a ciência, ele afirma que o primeiro aceita a realidade sem questionamentos nem pesquisas. Ao contrário, a ciência é construída com base em pesquisas metodologicamente fundamentadas.

Paulo Freire

Imagem: Reprodução
Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro, considerado um dos mais célebres pensadores na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica

Nasceu em pernambucano (1921-1997) e revolucionou a educação ao criar uma pedagogia emancipatória, na qual o educando se liberta das visões naturalizadas pelas classes dominantes e constrói seu aprendizado utilizando a realidade de seu próprio contexto. 

São quase 40 livros publicados, sendo que os mais importantes para compreender a trajetória do filósofo é educador, são as seguintes obras:
* Pedagogia do oprimido
* Educação como prática da liberdade
*Cartas à Guiné-Bissau
* Pedagogia da autonomia

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://novaescola.org.br/conteudo/460/mentor-educacao-consciencia
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/paulo-freire.htm

Boaventura de Sousa Santos

Imagem: Reprodução
Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, a 15 de Novembro de 1940. É Doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973) e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison. É também diretor Emérito do Centro de Estudos Sociais e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, ambos da Universidade de Coimbra.

É defensor da aproximação entre ciência e senso comum e incentivador da ação dos movimentos sociais como meio de enfrentar crises. De 2011 a 2016 dirigiu o projeto de investigação Alice - espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo.

Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão, chinês e romeno.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/homepage.php

Positivismo

Imagem: Reprodução
Corrente de pensamento criada pelo filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), o Positivismo está relacionado ao surgimento da Sociologia como ciência. Seu método exige que o investigador assuma uma atitude laica e pragmática na busca dos princípios que governam a vida social, como um físico que procura identificar as leis do mundo natural. O Positivismo defende o princípio de que a ciência é o caminho para o progresso da humanidade e que só se pode afirmar que uma teoria é correta se ela for comprovada por meio de métodos científicos válidos. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX, período em que chegou ao Brasil, tendo exercido significativa influência no país, que expressa em sua bandeira republicana o lema positivista "Ordem e progresso".

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

Senso comum

O senso comum compreende o conjunto de saberes e práticas produzidos com base nas experiências concretas das sociedades humanas. É construído pela observação e pelo aprendizado diante dos fenômenos cotidianos. É transmitido socialmente aos longo das gerações, em uma ou mais coletividades.

Para o sociólogo, escritor e professor português Boaventura de Sousa Santos, podemos chamar de senso comum aquele conhecimento vulgar e prático que nos orienta cotidianamente.

Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos para a realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas.

Exemplo de senso comum: 
* Chinelo virado pode matar a mãe.
* Se alguém varrer os teus pés você não vai casar.
* Palma da mão coçando é sinal de dinheiro chegando.
* Se a minha orelha esquentar alguém está falando de mim.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/senso-comum.htm
https://www.todamateria.com.br/senso-comum/
https://www.stoodi.com.br/guias/dicas/o-que-e-senso-comum/
https://www.megacurioso.com.br/cotidiano/69440-minha-vo-ja-me-dizia-30-supersticoes-e-crendices-populares.htm

Iluminismo


Movimento intelectual surgido na Europa no século XVIII. O Iluminismo teve grande influência nas transformações políticas e econômicas ocorridas nesse período. Suas propostas mais relevantes foram a defesa da liberdade econômica e política e a valorização da ciência como principal meio de compreensão do mundo. Seus ideais serviram aos interesses da burguesia nascente contra a estrutura social do Estado absolutista. John Locke, Voltaire, Charles de Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau e Adam Smith são alguns dos principais teóricos do Iluminismo e tiveram papel central na construção do pensamento social contemporâneo.

Doutrina que valorizava a razão, baseada na ciência como forma de conhecimento do mundo. Os iluministas acreditavam na possibilidade da convivência harmoniosa em sociedade, pregavam a liberdade individual, política, econômica e religiosa, e negavam o absolutismo monárquico. Um dos pensadores precursores  que influenciaram o movimento iluminista foi o inglês John Locke (1632-1704), que no século XVII fundamentou ideias liberais que contestavam o sistema da época: os governos devem ser limitados nos seus poderes: devem garantir o respeito aos direitos naturais do povo - a proteção da vida, da liberdade e da propriedade; governos só existem pelo consentimento dos governados, pois todos os homens nascem livres e iguais. O iluminismo teve desdobramentos na Europa, na América e em outras regiões do mundo, inspirando movimentos revolucionários e de independência.

Fonte: 
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.

Ciência

Estudo sistemático e metódico dos diferentes fenômenos naturais ou sociais. É realizado com base na seleção de um objeto de pesquisa, que é então analisado por meio de um conjunto de técnicas de investigação e procedimentos de verificação aprovados coletivamente por um grupo de profissionais da área do conhecimento em questão.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

22 de outubro de 2020

Zygmunt Bauman

 

Imagem: Reprodução

Zygmunt Bauman foi um filósofo, sociólogo, professor e escritor polonês, considerado um dos maiores intelectuais do século XXI. Ao estudar as interações humanas na Pós-Modernidade, percebeu que “as relações escorrem pelo espaço entre os dedos”. Suas análises concentraram-se especialmente na fluidez das relações humanas e no sentimento generalizado de medo.

Bauman deixou ideias fundamentais para o entendimento do nosso comportamento pós-moderno e cunhou novos conceitos: modernidade líquida, amor líquido, medo líquido.

Cinco livros essenciais para entender o pensamento de Zygmunt Bauman:
Modernidade líquida
A Cultura no Mundo Líquido Moderno
Sobre Educação e Juventude
Babel — Entre a Incerteza e a Esperança
A Riqueza de Poucos Beneficia Todos Nós?

Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/zygmunt-bauman.htm
https://medium.com/blog-do-book4you/5-livros-para-entender-o-pensamento-de-zygmunt-bauman-morto-aos-91-anos-3f3c26bb212e

21 de outubro de 2020

Manuel Castells

 

Imagem: Reprodução

Manuel Castells é um sociólogo espanhol, considerado um dos mais renomados do mundo. Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade em geral. Principal analista da era da informação e das sociedades conectadas em rede, sua obra virou referência obrigatória na discussão das transformações sociais do final do século XX.

É autor de dezenas de livros traduzidos para diversos idiomas, com destaque para a trilogia A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, composta por A sociedade em rede, O poder da identidade e Fim de milênio. Castells se transformou em uma referência internacional da nova sociedade da informação. Seu livro Redes de indignação e esperança relaciona as novas formas de comunicação da sociedade em rede, apontando caminhos para que a autonomia comunicacional das telas se expanda à realidade social como um todo.

Fonte: https://www.fronteiras.com/conferencistas/manuel-castells
https://brasil.elpais.com/brasil/2020/01/05/internacional/1578248195_961148.html

A Sociologia e a interpretação da sociedade atual

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
As transformações no mundo acontecem de forma contínua e intensa. A política, a economia e as diferentes formas de organização social, como a família, a escola e o trabalho rapidamente produzem novas relações ou rearranjam as antigas. Testemunhas do progressivo avanço das tecnologias de comunicação (especialmente a telefonia celular e a internet), as últimas décadas podem ser caracterizadas por um conjunto de transformações que alteraram imensamente a estrutura social no mundo. As mudanças pelas quais passam a economia, a cultura, a política e todos os campos da vida social têm sido cada vez mais objeto de pesquisas e a ciência tem sido convocada a estudar os impactos dessas novas realidades formadas por elementos como novas relações de trabalho, novos arranjos políticos e novas representações e de diferentes aspectos da sociabilidade, como a criminalidade violenta e o consumismo.

Uma das interpretações dessas transformações é a do sociólogo espanhol Manuel Castells. Tendo como base uma revolução causada pelo avanço das tecnologias da informação, produziu-se uma remodelação cada vez mais rápida das estruturas sociais. Partindo dessa constatação, Castells mostra que as economias do mundo estabeleceram um novo processo de interdependência global, que transformou radicalmente as antigas formas de relação entre a economia, o Estado e a sociedade. Segundo ele, todas as alterações de caráter econômico, cultural e político devem ser analisadas em relação às transformações tecnológicas de informação, pois o fluxo de informações, o modo pelo qual elas se propagam e estabelecem diferentes redes sociais, altera os padrões de reprodução social, resultando em constantes mudanças no tecido social (termo usado atualmente para se referir aos aspectos sociais de uma cidade). A partir dessas transformações, Castells vê surgir um novo processo social, que ele chamou de sociedade em rede ou sociedade informacional.

A outra análise da sociedade atual foi feita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que destaca o fato de vivermos uma época na qual os parâmetros que construíram a modernidade com base nos ideais emancipatórios da Revolução Francesa perderam sua eficácia. As expectativas de construção de um mundo justo e seguro falharam, e a sociedade hoje vive as consequências de uma realidade de incertezas. A falta de estabilidade no emprego e a incapacidade dos Estados de corrigir essa insegurança são responsáveis pelos principais  problemas sociais da atualidade. Como a política não é mais capaz de centralizar as demandas sociais, os indivíduos são impedidos ou se abstêm de decidir coletivamente sobre a organização da sociedade. Em lugar do poder de decidir sobre as leis que devem seguir, foi criado um espaço vazio que favorece as soluções individuais e enfraquece a vida coletiva nas sociedades atuais. A forma como esse espaço será preenchido é uma questão tanto para a sociologia quanto para o futuro de cada sociedade.

Fonte: SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016.

20 de outubro de 2020

População Economicamente Ativa (PEA)

 A População Economicamente Ativa (PEA) é composta de pessoas que têm ocupação remunerada. Os que não exercem atividade remunerada (crianças, aposentados, idosos, mulheres que cuidam apenas do lar) formam a População Economicamente Inativa (PEI). São consideradas Pessoas em Idade Ativa (PIA), ocupadas ou não, aquelas que se encontram na faixa etária de 14 a 65 anos.

A população que trabalha mantém a população inativa. A relação entre as faixas inativa e a PEA é chamada taxa de dependência e expressa o ônus de jovens e idosos para a população economicamente ativa.

A distribuição da PEA pelos setores  de atividade econômica apresenta diferenças entre os  países desenvolvidos e os não desenvolvidos.

Nos países desenvolvidos existe uma concentração maior de trabalhadores no setor terciário, que abrange as áreas de informática, a mídia, os serviços e o comércio em geral. A concentração nesses setores já é verificada também  nos países emergentes. O setor primário, que reúne as atividades extrativistas e agropecuárias, perde cada vez mais funcionários para a mecanização do campo; e o setor secundário, que compreende as atividades industriais de modo geral, está ocupando menor número de trabalhadores, em razão do uso intensivo de máquinas e robôs.

Fonte: ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço natural natureza e o espaço humanizado. São Paulo: Ática, 2017.

19 de outubro de 2020

A situação do emprego no Brasil


Imagem: Reprodução

Nos anos 1990, as taxas de desemprego aumentaram significativamente em razão da abertura econômica e da concorrência dos produtos importados, que provocaram a falência ou a queda de produção de muitas empresas brasileiras. Outros fatores que provocaram desemprego foram a política de juros altos e os baixos investimentos do Estado em infraestrutura e em outros setores da economia. Contribuíram, também, a automação e a robotização na produção de mercadorias e serviços.

Na primeira década dos 2000, ocorreu uma melhoria na renda de uma parcela significativa da população brasileira, que migraram das classes pobre e extremamente pobres, classificadas como D e E, para integrarem a classe C (com capacidade de consumo além dos produtos básicos de sobrevivência).

O Brasil retomou o crescimento econômico favorecido pelo dinamismo da economia mundial e especialmente da China. Priorizou investimentos em programas sociais (como o Bolsa Família) e melhorou a distribuição de renda, o que foi fundamental para diminuir as taxas de desemprego.

A melhora das condições de vida promoveu a ampliação da capacidade de consumo e a expansão do mercado interno e das atividades produtivas.

A crise financeira global de 2007/2008 enfraqueceu o ritmo de crescimento econômico, embora as taxas de desemprego tenham permanecido em queda até metade de 2014. A crise mundial foi enfrentada através da desoneração de impostos a determinados setores produtivos e mantido investimentos e gastos públicos e programas sociais. As despesas superaram as receitas federais e as finanças públicas deterioraram-se rapidamente. Contribuíram para a crise financeira a desaceleração da economia chinesa (nossa principal parceira comercial) e a queda do valor das commodities, os produtos que mais vendemos no mercado mundial. A partir de 2015 a crise estava instalada e o desemprego aumentou em ritmo acelerado.

A recessão dos anos 2015 e 2016 eliminou quase 3,5 milhões de empregos, sendo que parte deles nunca mais voltou a ser ofertada. O Brasil, que chegou a ter uma taxa de desemprego de 4,8% em 2014, voltou ao patamar de 12%.

A pandemia do novo coronavírus só agravou a situação. Apenas em abril, 1,4 milhão de postos fecharam, segundo um acompanhamento do Ministério da Economia. A expectativa é que outros 8 milhões de pessoas percam o emprego até o fim do ano como reflexo da crise econômica prolongada, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://exame.com/revista-exame/um-brasil-desempregado/


A informalidade no mercado de trabalho

Imagem: Reprodução

A população economicamente ativa (PEA) é formada pelos trabalhadores empregados mais os desempregados que estão em busca de nova ocupação. A PEA inclui apenas os trabalhadores da economia formal, ou seja, os trabalhadores registrados.

Uma atividade é considerada informal quando não é oficialmente registrada por empresas ou órgãos governamentais. Sem registro na carteira, eles não têm direito a FGTS, licença maternidade ou qualquer auxílio do governo em caso de desemprego.

É difícil calcular um número aproximado de atividades informais, sendo possível fazer estimativas indiretas. Essas atividades têm influência sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Em uma economia que não gera todos os empregos necessários à população, a informalidade é uma estratégia de sobrevivência dos trabalhadores, como também alimenta a economia formal: viabiliza a circulação de mercadorias, diminui os custos de produção e permite que os trabalhadores informais se mantenham no circuito do comércio oficial.

Apesar de ainda apresentar elevado grau de informalidade em sua economia, o Brasil, na última década, mostrou uma melhora na formalização do mercado de trabalho, incluída a formalização do emprego doméstico. Contudo, essa melhora no período foi revertida a partir de 2015, em função da crise econômica e política iniciada naquele ano. Em situação de crise e aumento do desemprego, parte da população busca estratégias de sobrevivência na informalidade.

Em 2015, apenas 59,6% dos trabalhadores do Brasil tinham carteira de trabalho assinada. O problema do emprego informal no Brasil é, em grande parte, consequência dos altos encargos trabalhistas.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2019, os trabalhadores informais brasileiros representam 41% dos postos de ocupação, o que equivale a quase 39 milhões de pessoas.

Com a pandemia, em 2020, várias ocupações estão em situação de risco no momento, independentemente do vínculo formal ou informal, porém as consequências da doença sobre a vida, a família e a sociedade serão diferentes para cada grupo de trabalhadores.
“Trabalhadores formais, quando infectados ou acometidos pela Covid-19, estarão cobertos pelos benefícios de compensação previdenciários (auxílio doença) ou acidentários (relacionado ao trabalho) e pelas garantias trabalhistas vigentes. Mas os informais estarão sem proteção para o desemprego ou para a perda expressiva de ganhos no trabalho”. Cleber Cremonese -  Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA)
Diante da situação de dezenas de milhões de trabalhadores informais, o Congresso Nacional aprovou no final de março o programa de pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600 mensais, voltado principalmente a esse grupo.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017. 
BALDRAIA, André et al. Ser protagonista: geografia. São Paulo: Edições SM, 2016.
https://coronavirus.ufba.br/covid-19-evidencia-maior-vulnerabilidade-para-trabalhadores-informais-alerta-pesquisador-do-isc
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/28/Os-n%C3%BAmeros-que-mostram-o-impacto-da-pandemia-no-emprego

18 de outubro de 2020

Commodities

Imagem: de Loretta Rossiter por Pixabay

As commodities, expressão do inglês que se difundiu no linguajar econômico, correspondem a um determinado bem ou produto de origem primária comercializado nas bolsas de mercadorias e valores de todo o mundo. Por se tratarem de matérias-primas, as commodities são produtos de baixo valor agregado. Geralmente, trata-se de recursos minerais, vegetais ou agrícolas, tais como o petróleo, o carvão mineral, a soja, a cana-de-açúcar e outros.

Uma commodity tem, entre suas principais características:
* Produção em larga escala;
* Capacidade de ser estocada;
* Pouca industrialização e alto nível de comercialização;
* Padrões de qualidade mundiais. 

Os países que vivem de exportar commodities e importar produtos industrializados (com maior valor agregado), saem em desvantagem na sua balança comercial em relação aos países que vivem de exportar industrializados e importam commodities. 

Fonte: 
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/commodities.htm
https://blog.nubank.com.br/commodities-o-que-sao/
https://www.infoescola.com/economia/commodities/

Distribuição de renda no Brasil

É na análise da distribuição de renda que é possível avaliar as diferenças sociais e quantificar a pobreza e o grau de justiça social de uma sociedade. É preciso avaliar os padrões de cada sociedade e as diferenças entre os indivíduos que dela participam. Quanto mais acentuada é a distância entre as classes sociais, maior a pobreza geral da sociedade.

A distribuição de renda em boa parte dos países e no Brasil é afetada  pelas distorções tributárias, ou seja, o recolhimento de impostos. Os impostos indiretos (embutidos no preço das mercadorias e serviços consumidos) são, muitas vezes, excessivos, tanto em valores quanto em número de tributos. No conjunto, são maiores do que os impostos diretos (que incidem sobre as propriedades, os rendimentos salariais e as aplicações financeiras).

Isso eleva o preço dos produtos e obriga todos os consumidores a pagar os tributos de forma igual, independente de sua classe social. Quando uma pessoa que ganha um salário mínimo compra um quilo de arroz, o valor dos impostos indiretos que ela paga sobre o produto é proporcionalmente maior do que o valor pago por outra pessoa que ganha vinte salários mínimos.

A redistribuição de renda é muito mais do que uma política de justiça social. A concentração de renda leva o setor produtivo da sociedade a voltar-se para um pequeno segmento de consumidores com maior poder aquisitivo. A desconcentração de renda gera novos consumidores, dinamiza a economia e cria empregos.

Uma das maneiras mais utilizadas para medir a desigualdade na distribuição de renda de um país, estado ou município é o coeficiente de Gini, ou índice de Gini.  Ele é indicado por um número de 0 a 1, onde 0 corresponde a igualdade perfeita, em que todos têm a mesma renda; e 1, à desigualdade plena, em que uma única pessoa fica com toda a renda e o restante nada recebe. Portanto, quanto mais próximo de zero for o índice de Gini de uma sociedade, menos desigual ela é.

Os números do IBGE, obtidos pela realização da Pnad Contínua ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram as disparidades de rendimento dos brasileiros no ano de 2019.  Estas diferenças devem se aprofundar por conta da crise gerada pelo novo coronavírus.
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3


Análise do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) – dezembro de 2019

O Brasil é o segundo país do mundo com maior concentração de renda. Os 1% mais ricos concentram 28,3% da renda total do País. Os dados deixam o Brasil somente atrás do Catar, onde a proporção é de 29%. Nesses dois países, quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos. Já os 10% mais ricos no Brasil concentram 41,9% da renda total.

Em terceiro lugar da lista aparece o Chile, que concentra 23,7% de sua renda total entre os 1% mais ricos. Entre os vizinhos do Brasil também aparece a Colômbia, em 9º lugar do ranking com taxa de concentração de renda entre os 1% mais ricos de 20,5%.

Fonte: LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/11/A-desigualdade-de-renda-no-Brasil-%C3%A9-alta.-E-vai-piorar
https://www.infoescola.com/economia/distribuicao-de-renda/
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/desigualdade-brasil-tem-a-2a-maior-concentracao-de-renda-do-mundo/
Gráficos: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27594-pnad-continua-2019-rendimento-do-1-que-ganha-mais-equivale-a-33-7-vezes-o-da-metade-da-populacao-que-ganha-menos

Estado

O Estado pode ser conceituado como "a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território". O território é o limite dentro do qual o Estado exerce o seu domínio soberano sobre pessoas e bens e compreende a extensão delimitada pelas fronteiras, as águas territoriais, o ar e o subsolo correspondentes.

O Estado, portanto, é uma entidade jurídica que exerce soberania sobre o território e é reconhecido por outros Estados. Existem Estados constituídos por um único país, como o Brasil, e Estados formados por mais de um país, como o Reino Unido, formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

Todos nós fazemos parte do Estado; somos todos cidadãos, com determinados direitos e deveres. Todas as instituições sociais (a família, a escola, a religião, as empresas, os clubes etc.) estão inseridas e são reconhecidas, legalizadas ou registradas no Estado. O que diferencia o Estado das outras instituições é o seu caráter universal dentro de uma determinada sociedade, isto é, todos os indivíduos, independentemente de pertencerem ou não a outra instituição, são membros do Estado. Entretanto, pelo seu caráter universal e público, as ações que os indivíduos realizam, em nome do Estado, devem ser também de caráter público, sem discriminar ninguém ou nenhuma outra instituição.

O Estado brasileiro é uma organização política administrativa que tem ação soberana, ocupa um território, é dirigido por um governo próprio e se institui pessoa jurídica de direito público internacionalmente reconhecida.

Dentre as ações e instituições que são tarefas do Estado destacam-se: garantir a produção e distribuição de produtos essenciais à sobrevivência da população (energia elétrica, água potável, serviços de saúde pública); promover o desenvolvimento econômico, social, político e cultural (através, por exemplo, da rede de escolas públicas e os seus conteúdos curriculares); garantir os direitos e exigir os deveres de seus cidadãos, além de julgar possíveis conflitos de interesses entre pessoas, grupos ou instituições.

Para a realização desses objetivos públicos, os Estados modernos se organizam através da distribuição de poderes em três esferas, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, para o exercício das funções de elaborar as leis, administrar o interesse público obedecendo às leis e estabelecer a justiça no convívio social.

Fonte: 
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização: o espaço brasileiro natureza e trabalho. São Paulo: Ática, 2017.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/o-estado-brasileiro.htm

17 de outubro de 2020

Globalização e exclusão

 

Imagem: de Frantisek Krejci por Pixabay

Após a Segunda Guerra Mundial, grande parte dos países desenvolvidos difundiram os princípios do Estado de bem-estar social. Esses países capitalistas implantaram políticas de previdência social e pleno emprego e buscaram promover a inclusão social. Essas medidas não contemplavam a efetiva distribuição de riquezas, mas visavam garantir as condições mínimas de sobrevivência aos indivíduos. Com isso também almejavam o crescimento econômico, uma vez que uma parcela maior da população seria consumidora.

Nas últimas décadas do século XX, os princípios neoliberais foram incorporados em vários países ao redor do mundo. O Estado passou a intervir cada vez menos na economia e a reduzir seus gastos com políticas sociais. Isso resultou em condições estruturais que ampliaram a exclusão social e fizeram com que esse conceito ganhasse destaque, refletindo uma preocupação não apenas dos países em desenvolvimento, mas também dos países desenvolvidos. O conceito de inclusão social ultrapassou o âmbito da pobreza, incorporando com maior vigor o discurso das diversas minorias. 

A globalização beneficiou poucos países e aprofundou os contrastes entre as nações em desenvolvimento e as nações desenvolvidas. Os países menos desenvolvidos estão definitivamente excluídos da globalização: neles há fome, miséria, analfabetismo e vulnerabilidade econômica. 

A globalização e a revolução tecnológica não foram suficientes para proporcionar condições e mecanismos para eliminar a pobreza, erradicando as condições de miséria. Os avanços da medicina não chegaram igualmente a todas as pessoas, em todos os países do globo, que ainda hoje enfrentam problemas decorrentes de doenças que poderiam ter sido erradicadas. Igualmente, o atual nível de desenvolvimento dos meios de comunicação não está acessível a todos, ficando excluídas as populações que mais necessitam ampliar seu nível educacional e cultural e melhorar seu nível de qualificação profissional.

Não existe uma categoria única de excluídos. Entre eles estão os desempregados, os subempregados, os inválidos, as pessoas com deficiência, as vítimas de preconceito racial, as mulheres e as crianças na maior parte dos países, os migrantes e os refugiados, as minorias étnicas e religiosas e todos os pobres, que não tem acesso à moradia, à alimentação saudável, ao trabalho, à educação e à informação de qualidade.

Fonte: 
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Lazaro Anselmo; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
SILVA, Angela Correa da; OLIC, Nelson Bacic; LOZANO, Ruy. Geografia contextos e redes. São Peulo: Moderna, 2016.
https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/exclusao-social
https://www.preparaenem.com/sociologia/exclusao-social.htm
https://www.todamateria.com.br/exclusao-social/
"A atitude do educador diante do mundo deve ser sempre investigativa, questionadora e reflexiva, pois os conhecimentos com os quais ele lida em seu exercício profissional estão em permanente mutação."
Lana de Souza Cavalcanti - Geógrafa